‘Cartório digital’ usa tecnologia blockchain e aposta que sistema tradicional vai desaparecer
Segundo CEO da empresa, blockchain pode transformar radicalmente a relação entre os consumidores e os cartórios no Brasil e no mundo
“A questão não é se os cartórios vão desaparecer, mas quando”. Foi assim que Lucas Brandão, CEO da Lunes Truth, deu sua visão sobre o futuro dos cartórios. E ele aposta no uso da tecnologia blockchain para isso.
O Lunes Truth é uma espécie de “cartório digital”, que usa a tecnologia da blockchain para validação e assinatura digital de documentos.
Essa ideia pode ajudar a desburocratizar o país e a imprimir mais agilidade e melhores preços nos serviços cartorários no Brasil.
Em entrevista exclusiva para o Cointelegraph, Lucas ainda afirmou que “quase tudo pode passar pela blockchain e se tornar mais eficiente, transparente e próspero”.
Confira a entrevista na íntegra:
Cointelegraph: Quais problemas um “cartório digital” pode solucionar?
Lucas Brandão: O Lunes Truth é um ecossistema robusto de dados individuais utilizando a blockchain.
Propomos uma solução mais justa para realizar serviços digitais que substituam os serviços dos cartórios físicos, seja pelo preço mais baixo ou simplesmente ajudando as pessoas a economizar tempo, não precisando ir pessoalmente a um estabelecimento para realizar uma tarefa burocrática.
CT: Como a ideia de assinaturas digitais registradas em blockchain pode revolucionar o serviço de cartórios num país como o Brasil?
LB: Até hoje, as pessoas estavam habituadas a ir ao cartório para assinar documentos e ficar na dependência da burocracia em torno desse tipo de serviço.
Agora, as pessoas podem conseguir o que precisam de forma mais autônoma economizando, assim, tempo e dinheiro.
Outro ponto de destaque é que um serviço como o Lunes Truth, por ser integralmente digital, elimina a necessidade do armazenamento físico do documento, o que também diminui drasticamente custos para governos, empresas e pessoas.
CT: Quais as perspectivas legais do uso de documentos assinados via blockchain no Brasil? Eles já são aceitos como provas e registros legais ou ainda não?
LB: As perspectivas são muito boas. O país vem procurando desburocratizar a forma com que as pessoas lidam com os seus documentos.
Acredito que plataformas como a nossa podem ajudar neste processo e quanto mais pessoas as usarem, maior será a influência delas no estabelecimento de novas leis.
A morte dos serviços cartoriais como os conhecemos hoje não é mais uma questão de se vai ocorrer, mas sim, de quando isso vai acontecer.
Os documentos assinados digitalmente já são aceitos legalmente de acordo com a Lei n° 11.419, de 19 de Dezembro de 2006, que instituiu a informatização do processo judicial e no Artigo 10 da MP 2.200-2, de 24 de Agosto de 2001 dão este respaldo.
A Medida Provisória considera documentos públicos ou particulares, para todos os fins legais, os documentos eletrônicos assinados digitalmente.
CT: Quais as principais implicações da tecnologia da blockchain além das finanças na sua visão?
LB: Ver o blockchain como meramente algo relacionado às finanças é um paradigma que precisa ser quebrado.
Essa tecnologia vai muito além disso: Inteligência artificial, IOT, agronomia, área da saúde, logística, arte, votação, etc.
Quase tudo pode passar pelo blockchain e se tornar mais eficiente, transparente e próspero.
O blockchain é fantástico em relação a imutabilidade e transparência, levando a possibilidade de muitas aplicações e oferecendo às pessoas o acesso a uma tecnologia transformadora para seu benefício em muitas áreas.