Volume negociado em exchanges descentralizadas cresce 110% em novembro
Usuários que buscaram as finanças descentralizadas podem se tornar um público fidelizado, avaliam especialistas
O volume negociado por exchanges descentralizadas (DEX) crescem em novembro. Dados da Delphi Digital apontam que o volume semanal de criptomoedas negociadas cresceu 146%, saindo de US$ 20 bilhões para US$ 49,2 bilhões na primeira semana de novembro. Um aumento mensal também foi registrado, este sendo de 110%.
A Delphi avalia que o aumento se deu em razão da perda de confiança dos investidores em plataformas centralizadas, causada pelo colapso da FTX.
Crescimento em descentralização
A perda da confiança em entidades centralizadas também foi ilustrada pela Delphi Digital por outros dois diferentes dados. O primeiro foi a performance de tokens de DEX, já que uma cesta com tokens de plataformas descentralizadas superou o desempenho de tokens de plataformas centralizadas, usando o preço do Bitcoin como referencial.
Além disso, houve um movimento de autocustódia forte por parte dos investidores do mercado cripto. Fabricantes de carteiras, como Ledger e Trezor, relataram aumentos significativos em vendas após o anúncio da quebra da FTX.
Embora esses eventos sejam notícias positivas para o mundo das finanças descentralizadas (DeFi, na sigla em inglês), é normal que grandes colapsos aumentem a atividade nas blockchains. Como exemplo, a Delphi menciona o colapso do ecossistema Terra, quando o volume das exchanges descentralizadas na primeira semana de maio saltou de US$ 29,1 bilhões para US$ 62,7 bilhões.
Usuários ficarão no mercado
A THORSwap é uma exchange descentralizada desenvolvida na Thorchain, cuja finalidade é a negociação de criptoativos nativos sem o uso de bridges. Ou seja: é possível fazer uma troca de Bitcoin (BTC) por Ethereum (ETH), por exemplo, recebendo ETH nativo em troca.
O gestor de produtos da THORSwap, que se identifica como ‘The Bull’, conta que o volume da exchange saltou no dia 9 de novembro, quando os temores de iliquidez da FTX se concretizaram. Mas, para ele, esse é só o começo. “Espero que essa tendência [de migração para DEX] fique ainda mais forte nos próximos meses, que é quando as pessoas começarão a entender melhor a importância da descentralização e autocustódia.”
Christopher Andrade, Community Manager da dYdX no Brasil, acredita que o usuário usará um “modelo” misto, ao menos por enquanto. Em outras palavras, usuários continuarão utilizando plataformas descentralizadas, mas ainda mantendo contato com exchanges centralizadas. “No longo prazo, porém, acredito que esses usuários que entraram em DeFi agora farão a migração definitiva para a descentralização.”
DEX atendem os investidores?
As exchanges centralizadas, mesmo durante a atual crise de confiança, oferecem diversos produtos aos seus usuários. A facilidade encontrada nessas plataformas pode fazer com que muitos investidores optem por não mergulhar em DeFi, mesmo com o risco sistêmico que ronda o mercado cripto.
As finanças descentralizadas, contudo, já oferecem conforto suficiente aos investidores, removendo a dependência de plataformas centralizadas, avalia Oleg Petrov. Petrov é desenvolvedor backend da THORSwap. Para ilustrar a evolução de DeFi nos últimos dois anos, ele comenta um caso real, quando ele quis enviar ETH para a blockchain Avalanche.
Petrov enviou os ativos por meio da bridge oficial da Ava Labs, acessada por meio da aplicação Zapper. Ele recebeu Wrapped Avax (wAVAX) pela troca, mas não possuía o token nativo da rede (AVAX) para pagar pelas taxas transacionais. “Eu estava basicamente preso, e só depois eu li que é necessário transferir um valor mínimo para que a bridge te dê um pequeno saldo em AVAX para pagar pela sua primeira transação.”
O desenvolvedor da THORSwap classificou a experiência como ruim, e citou a exchange que ajuda a desenvolver como uma evolução desse processo. Dentro da DEX, existem pools de liquidez com fazedores de mercado automatizados (AMM, na sigla em inglês) em cada blockchain. Na prática, isso faz com que ativos nativos possam ser negociados diretamente. “Eu posso, por exemplo, mandar Bitcoin e recebeu USDC dentro do Ethereum”, afirma Petrov.
“Essa troca usaria a tecnologia por trás da Thorchain, onde os operadores de nós instruiriam o envio de ETH para o contrato agregador da THORSwap, que então trocaria ETH por USDC”, completa o desenvolvedor. Em outras palavras, o setor de finanças descentralizadas já oferece negociações de ativos nativos, da mesma forma como as exchanges centralizadas fazem.
Além de negociações de ativos nativos, as exchanges descentralizadas também oferecem produtos semelhantes às plataformas centralizadas, como programas de rendimentos. A diferença, porém, é que os valores podem ser rastreados por meio da blockchain.
O desenvolvedor da THORSwap menciona como exemplo o THORSwap Earn, que permite aos usuários receberem rendimentos variáveis em ativos como BTC e ETH. “Os rendimentos são gerados por meio das taxas de negociação de traders que movimentam ativos.”
Duas funcionalidades, porém, que Petrov afirma que ainda estão de fora das exchanges centralizadas são: depósitos e saques com moedas fiduciárias e alavancagem. “Para o primeiro, precisamos fazer considerações regulatórias. Já no caso da alavancagem, trata-se de uma ferramenta que necessita de gestão de risco.”
Ainda sobre a possibilidade de oferecer alavancagem, Petrov afirma que a opção será implementada na THORSwap assim que for implementada e testada na Thorchain. Quanto ao depósito e saque de moedas fiduciárias, o desenvolvedor explica que há um estudo em andamento sobre como é possível firmar parcerias capazes de permitir a conversão “fiat para cripto”.
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