DeFi, DAOs e NFTs: Criptomoedas estão redefinindo modelos de financiamento de instituições de caridade

As doações em criptomoedas vão muito além do que apenas transações peer-to-peer de Bitcoin e Ether.

Tokens não fungíveis (NFTs), organizações autônomas descentralizadas (DAOs) e finanças descentralizadas (DeFi) estão redefinindo os modelos de financiamento utilizado por instituições de caridade para arrecadar doações e distribuir fundos para pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Por meio da tecnologias das criptomoedas e das redes blockchain em constante evolução, os filantropos cripto disseram ao Cointelegraph que têm testemunhado “novos mecanismos de distribuição de riqueza” nunca antes vistos.

“A filantropia tem sido tradicionalmente vista como uma atividade individualista de alto custo de entrada, mas com a Web3, órgãos de tomada de decisão coletiva como DAOs podem usar ferramentas que agilizam a coordenação financeira e incentivam mais participação da comunidade”, explicou Omar Antila, líder de produto da Crypto for Charity.

“As criptomoedas permitem a implementação de estratégias inovadoras de arrecadação de fundos, como campanhas de caridade via drops de NFTs, ou permite que as pessoas agrupem seus criptoativos em protocolos DeFi para obter rendimentos em nome de uma causa específica”, acrescentou.

Em outubro de 2022, várias organizações focadas no câncer de mama lançaram campanhas utilizando NFTs para destacar o Mês da Conscientização do Câncer de Mama.

Antila observou que viu muitas outras comunidades filantrópicas construídas em torno de NFTs levantarem fundos para muitas outras causas, como câncer testicular, tráfico humano e a guerra na Ucrânia.

No ano passado, a UkraineDAO levantou US$ 6,1 milhões atravé de um NFT 1/1 da bandeira ucraniana. Os rendimentos foram doados a organizações sem fins lucrativos da Ucrânia, ajudando os afetados pela invasão russa.

A tecnologia Blockchain está preparada para expandir a capacidade financeira de instituições sem fins lucrativos. Fonte: Moralis.io

Enquanto isso, Anne Connelly, coautora de “Bitcoin and the Future of Fundraising”, acredita que o setor de caridade logo se expandirá além do Bitcoin (BTC) e e do Ether (ETH), que deixarão de ser as principais criptomoedas para doações:

“Com o tempo, no entanto, veremos organizações aceitando uma distribuição muito maior de tokens – semelhante a como aceitariam presentes de valores mobiliários. Também veremos presentes sob a forma de NFTs e outros ativos tokenizados, como imóveis ou itens colecionáveis.”

“Acredito que[…] uma vez que as organizações perceberam o potencial filantrópico desse segmento de doadores, toda organização terá uma plataforma de doação via criptomoedas, da mesma forma que toda organização aceita cartões de crédito”, acrescentou.

Antila disse que a natureza de grande alcance das criptomoedas significa que o mercado total endereçável para instituições de caridade que as aceitem seja enorme.

Antila acredita que os “cerca de 2 bilhões de adultos que não têm acesso a institiuições financeiras que existem no mundo hoje” em breve terão as ferramentas “para participar da economia global, fazer transações e criar riqueza sem que terceiros atrapalhem ou recebam uma parte.”

Muitas pessoas e pequenas empresas em países subdesenvolvidos estão implementando Bitcoin e criptomoedas como meio de pagamentos. Fonte: Cointelegraph.

Isso pode ser especialmente útil para países que sofrem com a falta de confiança no sistema monetário estatal, e onde as taxas de adoção de criptomoedas também são as mais altas.

Connelly disse que as taxas de adoção são mais altas em nações subdesenvolvidas – principalmente Nigéria, Argentina, Vietnã e África do Sul – porque elas simplesmente não podem confiar no sistema monetário estatal:

“Mais da metade da população mundial vive sob taxas de inflação duplas, triplas ou quádruplas. Para a maioria destas pessoas, não é possível confiar no governo para administrar o sistema monetário com eficácia.”

“Ter a opção de usar criptomoedas é uma opção importante para os cidadãos, mas também mostra aos governos que, caso queiram que as pessoas usem suas moedas fiduciárias, eles precisarão limpar a casa”, acrescentou ela.

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