Simulação da CVM revela que 48% dos brasileiros podem cair em golpes financeiros: R$ 40 bilhões em pirâmides de criptomoedas
Empresa fictícia oferecia fundos com garantia de alto lucro; comportamento dos usuários coincide com os quase 4 milhões de investidores que acreditaram em promessas cripto.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) divulgaram na última quarta-feira (22) os resultados de uma iniciativa educacional revelando que 48,8% dos usuários cairiam em um golpe de investimento. Essa propensão ajuda a compreender o porquê quase 4 milhões de pessoas se tornaram vítimas de pirâmides financeiras de criptomoedas no Brasil nos últimos cinco anos. Nesse caso, o prejuízo beira os R$ 40 bilhões, segundo um levantamento publicado pelo Infomoney.
A CVM e a Anbima desenvolveram um site de uma empresa fictícia que simulava a oferta de fundos de ações e garantia lucros altos. Ao todo, a página contabilizou 884.949 visitas durante os quatro meses em que ficou no ar, entre novembro de 2022 e fevereiro de 2023. Período em que 48,8% dos visitantes clicaram em botões da página inicial que indicavam a intenção de investir em produtos.
Após clicarem nos botões, as pessoas foram direcionadas a uma página educativa que alertava para os riscos e orientava sobre ciladas e formas de proteção.
Ao comentar os resultados, a Chefe da Divisão de Educação Financeira e Superintendente Interina de Proteção e Orientação aos Investidores da CVM, Andréa Coelho, salientou que os riscos são diversos, como aspectos políticos e econômicos.
“É fundamental sempre estar atento aos sinais: desconfie de promessas de rendimentos altos, cuidado com supostos especialistas em fóruns de internet e redes sociais, cuidado com ofertas na internet de fontes desconhecidas e verifique sempre o ofertante/intermediário”, acrescentou.
Para o Superintendente de Educação da Anbima, Marcelo Billi, os números mostram que as pessoas ainda estão vulneráveis a oferta enganosa e golpes já conhecidos.
“A primeira linha de defesa é sempre buscar informações isentas sobre produtos financeiros e cultivar um ceticismo saudável quando nos deparamos com ofertas que parecem ser muito boas para serem verdade. Geralmente não são mesmo”, emendou.
Entre as dicas elencadas pela CVM, a autarquia alertou os investidores a ficarem de olho em investimentos que prometem lucros altos, com informações dstorcidas ou inconsistente e ofertas com alto senso de urgência.
No Relatório de Atividade Sancionadora de dezembro, a CVM informou que o órgão emitiu 112 comunicados apontando indícios de crimes financeiros a ministérios públicos estaduais e federais, entre os meses de janeiro e setembro de 2022 com as pirâmides, de criptomoedas ou outros ativos, liderando a lista.
Apesar de serem maioria, as pirâmides financeiras não representam exclusividade. Esta semana, a Polícia Federal desarticulou um esquema de evasão de divisas que usava criptomoedas e plataformas de investimento no exterior, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.
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