Criptomoedas ignoram baixa e seguem os trilhos do futuro com a adesão de grandes instituições financeiras
Enquanto os investidores sentem os efeitos da volatilidade, que potencializa os efeitos macroeconômicos, bancos e fintechs miram o que se desenha como uma nova ordem econômica.
Com uma voz serena e um discurso de otimismo, o Diretor Executivo da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), Rodrigo Monteiro, conversou com o Cointelegraph Brasil na última semana e sugeriu, em outras palavras, que a economia anda sobre trilhos, cuja próxima estação é uma nova ordem econômica calcada na tecnologia blockchain. O que também pode ser percebido nos últimos meses pela chegada de fintechs e grandes bancos ao ecossistema cripto, que acumula forte recuo desde o início de dezembro do ano passado.
“Não é que a economia vai virar cripto, tudo vai virar cripto e a gente simplesmente vai deixar de falar criptoeconomia, porque os produtos e serviços da nossa economia vão rodar em blockchain e daqui a alguns anos tudo vai ser cripto, tudo vai estar com seus registros em blockchain, a gente simplesmente não vai dizer que está em cripto, com a gente não fala que tá na Web, que está na internet, tudo está na internet”, argumentou o executivo ao citar as soluções disruptivas oferecidas pelas fintechs, que atraíram o público da geração “Z”, em especial.
Para se ter uma ideia do grau de envolvimento de algumas instituições financeiras com a criptoeconomia, o Nubank deverá lançar sua própria criptomoeda em 2023, informação que foi vazada por fontes da empresa ao jornal o Estado de São Paulo, apesar de a fintech não ter confirmado o lançamento do criptoativo. Por outro lado, a empresa, que atingiu um milhão de clientes negociando criptomoedas em sua plataforma no final de julho, não esconde que entrou de armas e bagagens no mercado cripto.
Tanto que o líder do Nubank Cripto, Thomaz Fortes, disse ao jornal Folha de São Paulo a volatilidade das criptomoedas não tem relação direta com as perspectivas das empresas para o potencial disruptivo deste mercado no longo prazo. O que, segundo ele, transcende a volatilidade dos preços e é indiferente aos retornos passados das criptomoedas, cujo desempenho futuro é incerto.
O Nubank não é um caso isolado de uma empresa do mercado tradicional a enxergar o potencial da criptoeconomia. Outro exemplo é o BTG Pactual, que anunciou no último dia 15 o lançamento de sua exchange de criptomoedas, a Mynt, e se tornou o primeiro banco brasileiro neste mercado de criptoativos.
O head de ativos digitais do banco de investimentos BTG Pactual André Portilho salientou a relevância do Bitcoin (BTC) e a seriedade dos projetos das outras altcoins listadas na plataforma, o Ethereum (ETH), o Solana (SOL), o Polkadot (DOT) e o Cardano (ADA).
Ele acrescentou que a tecnologia cripto tem potencial para mudar os trilhos da indústria financeira tradicional e, eventualmente, outras indústrias também, além de ressaltar o potencial da blockchain em relação à desintermediação financeira, o que independer da volatilidade de preços em função dos fatores macroeconômicos.
O Nubank, o BTG e a XP, que lançou recentemente o Xtage, outra plataforma de negociação de criptomoedas, também já enfrentam a concorrência da Genial Investimentos, que detém R$ 150 bilhões sob custódia, e anunciou este mês o lançamento da própria exchange de criptomoedas da empresa, a Vexter. O que a Genial justificou como resultado da demanda por esta classe de ativo por parte dos clientes.
Apesar de atrair outras grandes instituições bancárias, como o Itaú, que anunciou em julho a criação de uma unidade votada à tokenização, o mercado de criptomoedas ainda não é unanimidade em relação ao seu grau de importância entre os bancos. O Bradesco, por exemplo, que anunciou uma parceria no final do ano passado para venda de tokens de crédito de carbono, garantiu que não tem planos de lançar uma plataforma de negociação de criptomoedas alegando que este mercado é “muito pequeno”, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.
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