Criptomoedas na Copa do Mundo ‘é movimento muito impactante’, avalia sócio da Fuse Capital

Perda de credibilidade causada pelo colapso da FTX não prejudicou o esforço de marketing da Crypto.com, diz José Bernardes, sócio da Fuse Capital

O Brasil foi eliminado nas quartas de final da Copa do Mundo, mas outros países seguem disputando o troféu. A exposição da exchange Crypto.com, uma das patrocinadoras da Copa, também continuará na competição até a final, com realização prevista para 18 de dezembro.

José Bernardes, sócio da gestora Fuse Capital, falou com o Cointelegraph Brasil sobre o que representa uma exchange de criptomoedas patrocinar, pela primeira vez, uma Copa do Mundo.

Impactante e traz novas responsabilidades

Bernardes aponta que o movimento é “muito impactante”, especialmente quando considerados os últimos quatro anos do mercado de criptomoedas. “Em 2018, nem sequer se ouvia falar de cripto, e hoje em dia é um tema do qual as pessoas falam, tanto institucionais quanto investidores do varejo. Ter uma empresa do porte da Crypto.com representando o mercado em todos os jogos é super importante.”

A relevância da exposição do mercado cripto em um grande evento, porém, traz grandes responsabilidades para a exchange, avalia o sócio da Fuse Capital. Com o novo fluxo de usuários trazidos pelos anúncios, o trabalho de adequação desses investidores ao mercado cripto deve ser melhor que antes.

“É função da Crypto.com apresentar esse mercado novo de uma maneira responsável para o cliente. Anteriormente, era necessário comprar o token da exchange, o CRO, e deixar em staking durante muito tempo para receber algum tipo de bônus. Acredito que isso mudará para algo mais amigável ao usuário que não está habituado ao mercado cripto.”

FTX e credibilidade

O recente colapso da FTX fez com que, em novembro, o fluxo de Bitcoin (BTC) para fora das exchanges atingisse a marca histórica de 109 mil BTC movidos para autocustódia. Os dados são da Glassnode.

A Crypto.com se viu envolvida diretamente no episódio, quando a movimentação de US$ 1 bilhão em stablecoins para a FTX foi questionada por entusiastas do mercado cripto. O CEO da exchange, Kris Marszalek, afirmou que apenas US$ 10 milhões do montante total foram perdidos com o colapso da FTX.

José Bernardes, da Fuse Capital, acredita que o episódio não afetou a captação de novos usuários através dos esforços de marketing realizados na Copa do Mundo pela Crypto.com. “O episódio afetou mais o mercado como um todo, mas não a entrada desse usuário sem experiência.”

Quanto à credibilidade das plataformas centralizadas, na visão de Bernardes, a recuperação ocorrerá no longo prazo. Em outras palavras, o patrocínio à Copa não muda a visão atual que o investidor já inserido no mercado de criptomoedas tem sobre as exchanges centralizadas. “A ação da Crypto.com, que já chegou a valer US$ 30 bilhões, com certeza já cutucou os grandes neobancos”, conclui Bernardes.

Exchanges descentralizadas surfam

Enquanto as exchanges centralizadas precisam combater a crise de confiança causada pelo quebra da FTX e o risco sistêmico de falência de outras empresas, as exchanges descentralizadas (DEX) aproveitam. O volume negociado por DEX em novembro saltou 110%. 

O gestor de produtos da THORSwap, que se identifica como ‘The Bull’, conta que o volume da exchange saltou no dia 9 de novembro, quando os temores de iliquidez da FTX se concretizaram. Ele avalia, no entanto, que este é apenas o começo de uma tendência mais duradoura de retenção de usuários. 

“Espero que essa tendência [de migração para DEX] fique ainda mais forte nos próximos meses, que é quando as pessoas começarão a entender melhor a importância da descentralização e autocustódia.”

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