Em alta, capitalização de mercado de stablecoins indica que reversão de tendência está prestes a acontecer, diz pesquisa
Alta dos suprimentos em circulação das principais stablecoins do mercado apontam que os investidores estão prontos para aproveitar os preços baixos e montar posições, desencadeando uma reversão da atual tendência de baixa, afirma pesquisa do Digital Asset Investment Management.
Uma pesquisa realizada pela Digital Asset Investment Management (DAIM) publicada na semana passada mostra que as quatro maiores stablecoins registraram um crescimento significativo de capitalização de mercado nos últimos dois anos, sinalizando que há “dinheiro novo” pronto para investir em Bitcoin (BTC) e altcoins assim que houver sinais de que os preços podem voltar a subir.
Somadas, a capitalização de mercado do Tether (USDT), do USD Coin (USDC), do Binance USD (BUSD) e o DAI cresceu mais de 20 vezes desde abril de 2020 até o momento, de US$ 7 bilhões para US$ 147 bilhões, de acordo com os dados da pesquisa, conforme destaca o texto que acompanha os resultados:
“A quantidade de dinheiro digital à margem do mercado nunca foi tão grande e aponta para uma abundância de investidores pacientes prontos para investir em ativos digitais com desconto. Isso significa que o ecossistema cripto tem mais US$ 140 bilhões prontos para serem investidos em Bitcoin e altcoins.”
Suprimento circulante de stablecoins 2020-2022. Fonte: Digital Asset Investment Management
A pesquisa do DAIM também destacou o papel desempenhado pelas quatro stablecoins durante a onda de liquidações que se abateu sobre o mercado justamente após o colapso do USTC, a stablecoin algorítmica do Terra Classic (LUNC).
Apesar da turbulência, os quatro ativos cumpriram a função para a qual foram criados e suas cotações mantiveram-se estáveis, a despeito das ondas de FUD (medo e incerteza e dúvida) que costumam se espalhar entre os investidores em períodos de alta tensão.
Stablecoins são criptoativos atrelados a moedas fiduciárias – majoritariamente o dólar – na proporção de 1:1. Além de serem os principais responsáveis pela liquidez do mercado de criptomoedas, esta classe de criptoativos tem se tornado bastante popular como ativo de proteção contra inflação em países de economias periféricas.
No último fim de semana, a Argentina registrou um aumento da demanda por stablecoins depois que o Ministro da Economia do país, Martin Guzman, pediu demissão. Os ativos atrelados ao dólar chegaram a registrar um prêmio de 15% nas principais exchanges do país no fim de semana, diante da nova onda de pessimismo que tomou conta a população do país que enfrenta problemas crônicos de desvalorização de sua moeda oficial, o peso argentino, desde a década de 1980.
O crescimento do suprimento de stablecoins em circulação segue na contramão da capitalização total do mercado de criptomoedas, que amarga uma queda de quase 70% , de pouco mais de US$ 3 trilhões para US$ 960 milhões, desde o pico registrado em novembro do ano passado. No mesmo período, a capitalização de mercado das stablecoins subiu 12,6%.
O crescimento líquido do suprimento de stablecoins em circulação sugere que os investidores estão mantendo seu patrimônio on-chain, e portanto disponível para negociação, em vez de resgatá-las por dólares.
Disputa pela liderança
O criptoativo líder do segmento de stablecoins é o USDT, da Tether, tanto em capitalização de mercado quanto em volume negociado. O USDT surgiu em 2014, originalmente intitulado “Realcoin”, tornando-se pioneiro de um modelo baseado em ativos digitais atrelados ao dólar, garantidos por reservas em dinheiro, títulos e papéis comerciais.
Embora volta e meia surjam questionamentos sobre a legitimidade das reservas mantidas pela Tether, até agora o USDT tem conseguido manter a paridade com o dólar de forma eficiente, resistindo às pressões de mercado mesmo em períodos de extrema volatilidade, como o recente.
Isso não tem impedido, no entanto, que o USDC, emitido e garantido pela Circle, cada vez mais ameace a posição da stablecoin líder. O melhor exemplo disso foi que o USDC registrou um crescimento de 15% em sua capitalização de mercado após o colapso do USTC, enquanto os temores a respeito das garantias que sustentam o USDT fizeram com que ele perdesse 20% em capitalização.
O impressionante crescimento do USDC de 62% nos últimos oito meses é atribuído à transparência da Circle a respeito das reservas do ativo, especialmente após o fracasso da stablecoin algorítmica do Terra Classic, que chegou a ocupar a terceira posição no segmento de stablecoins em termos de capitalização de mercado.
Período de hibernação
Ainda segundo a pesquisa do DAIM, no atual inverno cripto as stablecoins tornaram-se uma alternativa à maior criptomoeda do mercado, como ativo de proteção. Em ciclos anteriores de baixa, os investidores que opataram por não abandonar totalmente o mercado transferitam suas posições de altcoins para o Bitcoin como forma de minimizar as perdas em seus portfólios.
A primeira queda do Bitcoin abaixo da máxima histórica do ciclo de alta anterior, de 2017, algo até então inédito na história do mercado de criptomoedas, sugere que, agora, as stablecoins estão cumprindo esta função.
A pesquisa lembra ainda que nos mercados de baixa pós-2013 e pós-2017 o Bitcoin levou, respectivamente, 403 e 363 dias até encontrar o fundo. Somente depois disso, o preço do BTC reverteu a tendência, abrindo caminho para novos ciclos de alta.
Com base neste histórico, o DAIM sugere que o fundo do ciclo atual seja cravado somente entre novembro e dezembro deste ano. Até lá, espera-se mais movimentos laterais seguidos por quedas não mais tão severas quanto as experimentadas em maio e junho.
Embora ressalte que desempenhos passados não sejam garantia de resultados similares no futuro, acumular Bitcoin nos níveis em que ele se encontra atualmente, aproximadamente 70% abaixo de seu recorde de preço, tem se mostrado “historicamente lucrativo”:
“Com bilhões em vendas forçadas, acumulação generalizada e uma queda de 70% em relação às máximas, o perfil assimétrico de risco-retorno de investimentos nesses níveis não é visto há quase dois anos. Aqueles posicionados à margem em stablecoins, aguardando o ressurgimento de um novo ciclo de alta, estão prontos para aproveitar o momento em que as “notícias negativas” eventualmente terminam e o sentimento geral do mercado se transforma. No entanto, o momento exato em que isto vai acontecer permanece indefinido.”
Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, muitos analistas acreditam que o fundo ainda não chegou e preveem um período de acumulação sem grandes oscilações de preço pelo menos até o fim de 2022.
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