Cloroquina: investidor de Bitcoin foi responsável por tornar substância ‘famosa’ no combate ao coronavírus
Embora não exista comprovação médica para a eficácia do tratamento, cloroquina ficou famosa após discussão com investidor de Bitcoin no Twitter chegar a Donald Trump, aponta relatório
O investidor de Bitcoin James Todaro e mais duas pessoas estão por trás de toda a “fama” e origem de informações na internet sobre o uso da cloroquina contra o coronavírus.
Embora não exista comprovação médica para a eficácia do remédio, a história teria começado no Twitter entre os três usuários e viralizado de forma descontrolada – até chegar ao presidente dos EUA, Donald Trump. É o que aponta levantamento da organização europeia Politico.
Em apenas três semanas a hidroxicloroquina estava sendo amplamente divulgada como “cura para o coronavírus” no mundo todo, e ganhou apoio de líderes ecomo o próprio Trump e do presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
A viralização do assunto transformou o medicamento em uma falsa esperança para os infectados com coronavírus. Além de Todaro, que é médico, os responsáveis pela propagação do remédio são um bacharel em Direito, chamado Greg Rigano, e um suposto filósofo, Adrian Bye.
Investidor de criptomoedas propaga cloroquina
A investigação sobre a atribuição do cloroquina ao combate do coronavírus demonstra que as informações sobre o medicamento tiveram origem no Twitter.
Os três envolvidos na propagação do assunto começaram a conversar sobre os efeitos da droga em pacientes com o COVID-19 no dia 11 de março de 2020. No mesmo dia que a doença era declarada uma pandemia pela (OMS) o grupo iniciava a discussão que se tornou viral.
Dois dias após o início da discussão, no dia 13 de março, um documento foi publicado por parte do grupo de “investigadores”, incluindo o investidor de criptomoedas James Todaro, alertando sobre os efeitos do remédio contra o vírus.
“Eu acho que um número massivo de vidas pode ter sido salvo, não apenas nos EUA, mas em todo mundo, já que a maioria dos países segue a liderança dos EUA.”
Nesse documento, o uso da medicação era citado como sendo uma pesquisa credenciada por duas universidades norte-americanas. A pesquisa fraudulenta publicada foi suficiente para atestar a falsa veracidade da descoberta do grupo no Twitter.
Donald Trump defende uso da cloroquina
A conversa entre os três usuários do Twitter sobre o uso da cloroquina teve enorme repercussão não somente na internet. Após a divulgação da falsa pesquisa, um dos três autores do estudo foi convidado para participar de um programa no canal de televisão FOX News.
Logo em seguida ao programa, Donald Trump inicia publicamente uma campanha de defesa do uso da cloroquina. A cronologia dos acontecimentos atesta como as informações imprecisas sobre o uso do medicamento foram dimensionadas a partir do grupo que iniciou a divulgação do assunto nas redes sociais.
A tamanha propagação do tema atingiu pessoas como Donald Trump, que continua defendendo a utilização do remédio. Além do presidente norte-americano, Jair Bolsonaro também endossa a aplicação do medicamento contra o coronavírus, mesmo sem ter comprovação científica.
Além dos presidentes mencionados, grande parte da população defende também o uso da cloroquina, sobretudo no Brasil. A conversa que teve início no Twitter entre três pessoas tomou proporções inimagináveis.
Enquanto isso, nos Estados Unidos o remédio segue sem ser aprovado pelo Food and Drug Administration (FDA). Ainda assim, estudos sobre o uso do medicamento no combate ao coronavírus foram inconclusivos na China e na França, países que condenam o uso da cloroquina.