Frete China-Brasil aumenta 5 vezes e acaba de vez com o sonho de minerar Bitcoin no país
Frete entre Brasil e China fica cinco vezes mais caro tornando a mineração de Bitcoin no Brasil um sonho praticamente impossível
Com o Bitcoin registrando novas máximas em seu valor praticamente toda semana, muitos empreendedores voltaram seus olhos para a indústria de mineração de criptomoedas na expectativa de ‘gerar’ riqueza com máquinas conectadas na internet.
Porém a mineração de Bitcoin no Brasil, que já era praticamente impossível de ser realizada com lucros devido, principalmente, aos custos de energia, acaba de se tornar ainda mais difícil com o aumento vertiginoso do preço do frente entre o país asiático e a nação brasileira.
Devido a pandemia do coronavírus muitos produtos chineses começaram a faltar no mercado e, com uma pequena retomada no fluxo de importação entre as nações a demanda para repor estoque aumentou.
Desta forma, com muita demanda o preço do frente entre as nações subiu de US$ 2 mil por TEU (medida padrão equivalente a um contêiner de 20 pés) para R$ 10 mil por TEU, ou seja, um aumento de cinco vezes.
Assim, o que já era caro e impactava o custo de montar uma operação de mineração de Bitcoin no Brasil passou a ser um dos principais impedimentos para o negócio.
Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio Brasil-China, afirma que o cenário é reflexo do retorno do comércio exterior do país asiático.
“Os mercados voltaram a comprar e vender para a China, mas agora faltam contêineres. É recente, mas já há quem não consiga exportar, e isso pesa no bolso.”
Mineração de Bitcoin no Brasil
A mineração de Bitcoin deixou de ser feita em computadores pessoais há um bom tempo.
Desta forma, quem quiser se aventurar no negócio em busca de lucratividade deve investir em equipamentos específicos chamados ASIC, que, basicamente, são hardwares desenvolvidos apenas para esta função: minerar Bitcoin.
Os equipamentos mais eficientes para mineração são produzidos na China por empresas como Bitmain, Canaan e Ebang, portanto, precisam ser importados caso você não esteja na China.
Porém estes equipamentos, na maioria dos casos, não estão disponíveis a pronta entrega e precisam ser encomendados e é aí que os problemas começam pois, na maioria dos casos os prazos não são cumpridos pois as empresas não conseguem atender a demanda do mercado e, geralmente, as encomendas tem 2 meses de atraso.
Além disso, as empresas dão preferência aos clientes na China e também aos clientes ‘antigos’, ou seja, aqueles que já têm um histórico de compra.
Outro detalhe é o ‘tamanho da compra’, assim, quanto mais ASIC forem encomendados por um cliente ele pode ter prioridade no atendimento da fabricação.
Energia
Superado todos estes desafios o investidor que pensa em minerar Bitcoin no Brasil tem que levar em conta o custo de energia já que cada máquina, consome tanta energia quanto um chuveiro e, como as máquinas precisam ficar ligadas 24h por dia, é, basicamente como ter um chuveiro ligado o dia todo.
Então isso requer uma instalação elétrica compatível e, principalmente, fornecimento de energia constante e compatível com uma operação industrial.
Outro problema é o calor e o ruído das máquinas.
Como cada equipamento precisa ‘trabalhar’ em todo seu potencial eles geram um calor enorme e precisam ser resfriados para impedir que venham a queimar. Para se ter uma ideia do calor gerado por um equipamento de mineração de Bitcoin, um ASIC é capaz de esquentar um quarto de 10m2 com facilidade.
Um ponto a se considerar no caso da ‘refrigeração’ dos equipamentos de mineração de Bitcoin é que não é recomendado o uso de ar condicionado, então o local tem que ter um sistema de refrigeração próprio.
Além disso, eles geram um barulho ensurdecedor que requer um espaço amplo e que possa suportar esses ruídos sem que eles ‘incomodem’ os vizinhos.
Instalações da uma das maiores fazendas de mineração de Bitcoin no Paraguai
Calma que os problemas não acabaram
Depois de vencido todas estas etapas o minerador de Bitcoin tem que se preocupar ainda com uma métrica muito importante o hashrate.
Neste caso, quanto mais equipamentos estão conectados à rede Bitcoin buscando resolver os blocos e ‘brigar’ pela recompensa, maior é a dificuldade de fazer isso.
Quanto maior a dificuldade menor é a rentabilidade de cada equipamento já que a maioria dos mineradores conectam seus equipamentos a um pool de mineração.
Hoje, segundo dados do Blockchain.com o hashrate do Bitcoin está estimado em quase 149 milhões de TH/s a maior taxa já registrada na história de mineração de BTC.
Além de tudo isso é preciso levar em consideração a manutenção dos equipamentos (que não tem suporte na América Latina).
Segundo dados do Crypto Compare hoje a mineração de Bitcoin com um Antminer S19 Pro de 110th/s e custo de energia estimado em US$ 0,12 Kw gera um total bruto de 0.02244 bitcoins mês.
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