Fan tokens de seleções acumulam perdas de até 51% desde o início da Copa do Mundo
Após rompimento do contrato da CBF com a empresa turca Bitci, fan token da seleção brasileira lidera as perdas do setor.
Na contramão de um mercado abalado por desvalorizações prolongadas e pelo colapso de uma das principais exchanges globais, os fan tokens tornaram-se alvo de um movimento especulativo antes do início da Copa do Mundo do Catar. No entanto, uma vez que a bola começou a rolar nos gramados do Oriente Médio, os preços dos criptoativos atrelados a seleções nacionais começaram a despencar.
Poderia-se considerar mais um caso clássico de “compre a notícia, venda o fato”, mas escândalos envolvendo calotes e rompimento de contratos podem estar tendo um peso decisivo sobre os movimentos do mercado.
Indiferentes também aos resultados das partidas, os fan tokens de seleções acumulam perdas que vão de 26% a 51% desde o início da maior competição do esporte mundial em 20 de novembro.
O fan token da seleção brasileira lidera as perdas, com uma queda de 51,7% desde 20 de novembro, apesar da boa vitória na estreia . Em seguida vem os fan tokens das seleções espanhola (-47%), peruana (-44%), argentina (40%), italiana (29%) e a portuguesa (-25%). Os dados são do CoinMarketCap.
O token nativo da plataforma de emissão e negociação de fan tokens da Socios.com, o Chiliz (CHZ), desvalorizou 19% desde o início da competição. O token da empresa líder do setor, emissora dos tokens de Argentina, Portugal, e de diversos clubes tradicionais do futebol mundial, vinha performando muito acima da média do mercado nos últimos meses, mas os investidores parecem ter aproveitado o início da Copa do Mundo para realizar lucros.
Gráfico de 1 hora com desempenho dos fan tokens de seleções nacionais desde o início da Copa do Mundo. Fonte: TradingView
Fan token do Brasil lidera perdas
A desvalorização do Brazil National Football (BFT) teve início após a notícia divulgada em 22 de novembro de que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) rompeu o contrato com a Bitci, empresa turca de blockchain e criptomoedas responsável pela emissão e comercialização do BFT.
O contrato da Bitci com a CBF envolvia a emissão e a comercialização do fan token e uma cota de patrocínio. A CBF alegou que a empresa turca não teria repassado os valores previstos em contrato e por isso optou por rescindi-lo. A CBF também exigiu a interrupção da comercialização do BFT.
No entanto, uma eventual decisão a favor da CBF em relação à exigência não teve um efeito direto sobre a negociação dos tokens no mercado, visto que diversas exchanges mantêm os serviços de compra e venda do BFT, de acordo com informações do CoinMarketCap.
Pelo contrário, após a divulgação da notícia o volume negociado do BFT teve um aumento considerável devido à forte pressão vendedora. O token que havia valorizado mais de 30% nos cinco dias anteriores ao início da Copa do Mundo, caiu de US$ 1,035 em 20 de novembro para US$ 0,479 na tarde desta sexta-feira, 25.
Assim como o Brasil, a Espanha fez uma estreia de gala no Catar, vencendo a Costa Rica por 7 a 0. No entanto, a atuação não teve impacto positivo no preço do Spain National Fan Token (SNFT). Também em comum com o Brasil, o fan token da seleção espanhola é emitido e comercializado pela Bitci.
Embora outras agremiações tenham rompido os contratos fechados com a Bitci até mesmo antes da CBF, como o Sporting (Portugal) e a equipe de Fórmula 1 McLaren, até o momento não há notícias de que a Federação Espanhola de Futebol tenha feito o mesmo.
É possível que o efeito Brasil tenha impactado o preço do SNFT. Desde o início da Copa do Mundo, o fan token da Espanha acumula perdas de 47,1%, tendo caído de 0,477 para US$ 0,233 na tarde desta sexta-feira, 25, de acordo com dados do CoinMarketCap.
Tokens emitidos pela Socios.com também sofrem
Seguindo entre as seleções que participam da Copa do Mundo, o fan token da Argentina, o ARG, acumula perdas de 40% desde o início da competição, quando era negociado a US$ 7,67. Atualmente, está cotado a US$ 4,63, de acordo com dados do CoinMarketCap.
No caso do ARG, o resultado da seleção comandada por Lionel Messi teve um impacto direto sobre a ação de preço. Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil na ocasião, o fan token da Argentina desvalorizou 35% imediatamente após a surpreendente derrota de virada para a seleção da Arábia Saudita.
Se em campo, Cristiano Ronaldo se saiu melhor que o seu rival e Portugal venceu Gana por 3 a 2 em um jogo disputado, o desempenho do POR foi apenas um pouco pior do que o do ARG. Cotado a US$ 4,02 na tarde desta sexta-feira, ele começou a Copa do Mundo trocando de mãos a US$ 6,18 – uma queda de 25,1%.
Fan tokens de seleções que não jogam a Copa não escapam da baixa
Itália e Peru são as duas seleções que possuem seus próprios fan tokens e não disputam a atual edição da Copa do Mundo. O desempenho do ITA e do FPFT, no entanto, é similar aos tokens das demais seleções. O primeiro acumula perdas de 29,4% e o segundo de 44,5% desde o início do torneio, de acordo com dados do CoinMarketCap.
Exceto pelo fan token do Peru, todos os preços das demais criptomoedas atreladas a seleções nacionais registraram perdas fortes já no primeiro dia da Copa do Mundo, sinalizando uma clara reversão de tendência em relação às duas semanas que antecederam o início da competição, reforçando a tese de que os tokens do setor serviram de veículo para especulação.
Ainda assim, como tem acontecido eventualmente, pode ser que até o final da Copa do Mundo os resultados dos gramados voltem a impactar diretamente o desempenho desses criptoativos no mercado. Mais do que nunca, investir no segmento trata-se de uma aposta de alto risco.
Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, investimentos financeiros e Copa do Mundo não configuram uma dobradinha de sucesso para os traders.
Dois estudos acadêmicos investigaram o comportamento histórico dos mercados de ações e criptomoedas durante períodos de Copa do Mundo, revelando que, na média, eles costumam performar abaixo da média dos demais dias do ano.
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