‘Fan tokens podem até ajudar os clubes financeiramente, mas não são um bom investimento’, diz trader

Os Fan Tokens já são uma mania entre os clubes de futebol no Brasil e no exterior porque ajudam os clubes financeiramente em tempos de pandemia, com estádios vazios, mas que, em termos em investimento, não são tão lucrativos

Os Fan Tokens já são uma mania entre os clubes de futebol no Brasil e no exterior. A venda de tokens dos times têm sido utilizada como fonte de receita em diferentes esportes no mundo. Mas esse tipo de investimento pode não ser tão lucrativo.

O tokens de torcedores foram uma maneira encontrada pelos clubes de criar receita, como fizeram Corinthians e Atlético-MG, já que os estádios permaneceram por um ano e meio sem torcedores.

Humberto Virgílio, que é corretor de balcão, uma espeçie de broker da mesa de renda variável da Blue3, explicou o que são os tokens de torcedor.

“Os fan tokens foram inicialmente explorados por meio de uma blockchain, chamada de Chiliz (CHZ). Esses ativos são considerados tokens de utilidade, ou seja, eles têm uma vida útil e, um propósito, que na maioria das vezes é de gerar bonificações para os torcedores que os compra. Eles foram criados como uma forma de agregar mais valor e ‘melhorar’ o que a gente já conhece do programa de sócio-torcedor que os grandes times possuem, oferecendo descontos e conteúdos exclusivos para os associados.”

Além dos times brasileiros, o jornal britânico The Telegraph mostrou, segundo o Sapacemoney que PSG, Juventus, Barcelona, Galatasaray e Manchester City arrecadaram, juntos, mais de R$1 bilhão com a venda de fan tokens.

O Corinthians vendeu no começo de setembro, em apenas duas horas 850 mil tokens ($SCCP). Cada ativo foi vendido por US$2 (R$11), por isso o total arrecadado chegou a US$1,7 milhão (R$8,8 milhões), divididos  entre o clube e plataforma que fez a venda.

Humberto disse que os criptoativos fazem o papel de estimular o engajamento dos clubes com os torcedores:

“O principal diferencial do ativo é sem dúvidas garantir uma maior aproximação dos torcedores com os jogadores e com o clube, colocando esses fãs como tomadores de decisões, o que acaba gerando uma empatia maior com a torcida e reforçando sua importância para o time.”

Fan tokens e a rentabilidade

O portal diz que as vendas dos fan tokens são feitas pelos próprios clubes, que determinam a data de lançamento, valor inicial e encerramento das ofertas, com o apoio da empresa que está comercializando o ativo. Humberto explica:

“A Chiliz, juntamente de um clube, celebra uma parceria para poder divulgar, comercializar e distribuir esses tokens de utilidade. Feito isso, eles organizam uma espécie de IPO (oferta pública inicial, termo comum do mercado de capitais, quando uma empresa passa a oferecer ações na bolsa de valores) do produto, chamado de FTO (Fan Token Offering). Por meio desse processo é possível comprar esses criptoativos por um preço fixado”

A reportagem do Spacemoney destaca que as FTOs geralmente possuem um período de vigência.

Ou seja, as instituições esportivas disponibilizam os ativos para seus torcedores por um curto período de tempo. 

Depois dessa prazo, só é possível negociar esses tokens por meio do marketplace da sócios.com, principal plataforma do gênero no mundo.

O coretor chama atenção para um detalhe importante:

“Só consegue comprar esses fan tokens quem tiver a criptomoeda da Chiliz (CHZ). Portanto, é preciso converter nossa moeda para conseguir fazer a paridade. Essa criptomoeda só é negociada em outras corretoras descentralizadas, como a Mercado Bitcoin e a Binance, por exemplo”.

Fan Token é um bom investimento? Humberto diz que não e afirma que o ‘retorno é emocional’:

“O retorno é muito mais emocional do que financeiro. Os fan tokens servirão para você ajudar o clube e ao mesmo tempo conseguir alguns benefícios que outros torcedores não conseguirão, como vantagens na compra de ingressos para partidas importantes, descontos em produtos oficiais e o direito de participar de algumas decisões, apenas para isso”.

Humberto explicou sobre a rentabilidade:

“A rentabilidade está muito mais atrelada a uma valorização da criptomoeda, que faz a blockchain funcionar, do que propriamente pelo token, que na prática não gera rentabilidade por ter uma vida útil ”.

E finaliza dizendo que este é um modelo de negócios que pode ajudar todos os esportes:

“Acredito que pode ser sim uma fonte de receita para os clubes. É um modelo de negócio que pode trazer benefícios para todos os esportes no mundo, com um custo baixo e que não dá muito trabalho”.

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