Brasileiro é indiciado nos EUA por fraude de US$ 62 milhões em mineração e ‘robôs traders’ de criptomoedas

CEO da Mining Capital Coin, Luiz Capuci prometeu altos lucros em ‘redes de mineração’ e na venda de robôs de alta frequência para trading.

Em comunicado publicado nesta sexta-feira (6), o Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou que  indiciou o brasileiro Luiz Capuci, de 44 anos, CEO e fundador da Mining Capital Coin (MCC), que se apresenta como plataforma de mineração e investimentos em criptomoedas, por supostamente orquestrar um esquema global de fraude de investimentos responsável por um prejuízo total de US$ 62 milhões aos investidores. Segundo a denúncia, Capuci enganou os clientes ao vender pacotes de mineração com a promessa de lucros substanciais, além de trading bots (robôs de negociação) com tecnologia “nunca vista antes”. O que pode terminar em uma pena de até 45 anos de prisão, caso ele seja condenado em todas as acusações. 

As fraudes baseadas em criptomoedas prejudicam os mercados financeiros em todo o mundo, pois os maus atores enganam os investidores e limitam a capacidade de empreendedores legítimos de inovar neste espaço emergente. O departamento está comprometido em seguir o dinheiro – seja físico ou digital – para expor esquemas criminosos, responsabilizar esses fraudadores e proteger os investidores, justificou o procurador-geral assistente Kenneth A. Polite Jr. da Divisão Criminal do Departamento de Justiça. 

A denúncia argumenta que o brasileiro enganou os investidores  ao ofertar um programa de mineração e investimento na criptomoeda da empresa, Capital Coin, comprando “pacotes de mineração.” A investigação apontou ainda que Capuci e seus co-conspiradores, que não tiveram os nomes revelados, apresentavam a suposta rede internacional de máquinas de mineração de criptomoedas da MCC como sendo capaz de proporcionar altos lucros e retorno garantido dos aportes.  Ele apresentava a Capital Coin como uma organização autônoma descentralizada (DAO) “estabilizada pela receita da maior operação de mineração de criptomoedas do mundo.”

Este escritório está comprometido em proteger os consumidores de fraudadores inescrupulosos que buscam capitalizar a relativa novidade da moeda digital. Como em qualquer mercado emergente, aqueles que investem em criptomoedas devem tomar cuidado com as oportunidades de lucro que parecem boas demais para ser verdade, declarou o procurador dos EUA para o Distrito Sul da Flórida, Juan Antonio Gonzalez. 

Para a acusação, Capuci também divulgou e vendeu de forma fraudulenta os “trading bots” da MCC na forma de um mecanismo adicional aos investidores, argumentando que tinha se juntado aos “principais desenvolvedores de software da Ásia, Rússia e EUA para criar uma versão aprimorada do Trading Bot[s] que [foram] testados com novas tecnologias nunca vistas antes” e que os robôs operavam em “frequência muito alta, sendo capazes de fazer milhares de negócios por segundo.” 

Os mercados de moedas virtuais estão crescendo rapidamente e, infelizmente, os golpes de investimento em criptomoedas também. O FBI e nossos parceiros de aplicação da lei estão comprometidos em investigar fraudes financeiras onde quer que ocorram, inclusive no espaço de moeda virtual, frisou o diretor assistente da Divisão de Investigação Criminal do FBI, Luis Quesada.

No caso de Capuci, as investigações também revelaram que ele teria recrutado promotores e afiliados para promover a MCC e seus programas de investimento por meio de um esquema de marketing digital multinível, conhecido como esquema de pirâmide. O que acontecia pela oferta de presentes, como relógios, iPads da Apple, veículos de luxo como Lamborghini, Porsche e até a Ferrari pessoal de Capuci, caso os promotores e afiliados levassem grandes investidores para a MCC. 

Este caso deve servir como um aviso para qualquer indivíduo que procure capitalizar ilegalmente a ambiguidade percebida do emergente mercado de criptomoedas para tirar vantagem de investidores inocentes. A HSI [Investigações de Segurança Interna] continuará trabalhando com nossos parceiros para perseguir qualquer pessoa que utilize esses tipos de esquemas para vitimizar seus clientes, considerou o agente especial da HSI Miami, Anthony Salisbury. 

O brasileiro responde por fraude eletrônica, conspiração para cometer fraude de valores mobiliários e conspiração para cometer lavagem de dinheiro internacional e pode pegar até 45 anos de prisão, se condenado em todas as acusações. 

O comunicado diz ainda que, por enquanto, Capuci é apenas um acusado e que “um juiz do tribunal distrital federal determinará qualquer sentença após considerar as Diretrizes de Sentença dos EUA e outros fatores estatutários.” 

O escritório de campo do FBI em Miami e o escritório de campo de Miami da HSI estão investigando o caso.  

Os advogados de julgamento Kevin Lowell e Sara Hallmark da Seção de Fraude da Divisão Criminal e o procurador-adjunto dos EUA Yisel Valdes do Distrito Sul da Flórida estão processando o caso, informou o Departamento de Justiça. 

No Brasil, a Polícia Federal desarticulou esta semana uma quadrilha acusada de pirâmide financeira envolvendo criptomoedas, golpe supostamente responsável por causar um prejuízo de R$ 15 milhões a aproximadamente 120 pessoas, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.  

 

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