Especialistas brasileiros explicam correção do Bitcoin depois de resistência em R$ 105.000

Queda do Bitcoin na primeira tentativa de superar a máxima histórica de US$ 20.000 era esperada, dizem especialistas.

A quinta-feira de enorme correção para o Bitcoin derrubou a maior criptomoeda no mercado brasileiro da resistência de R$ 105.000 para os R$ 90.000 em poucas horas, como mostram os dados do Cointelegraph Markets.

No mercado internacional, a expectativa era pelo rompimento da máxima histórica de US$ 20.000, o que não aconteceu. Pelo contrário, o BTC bateu nos US$ 19.450 e entrou em correção vertiginosa, parando perto dos US$ 16.000, um dos fortes suportes apontados pelos especialistas.

Agora, há expectativa de alguns dias de consolidação antes da moeda apontar para seus próximos movimentos. Mas o que dizem os especialistas brasileiros sobre o criptomercado? Ainda há razão para otimismo?

Contratos Futuros levaram a pressão de vendas

A chegada do Bitcoin à beira de sua máxima histórica gerou uma onda de contratos futuros em aberto e ativou uma montanha de vendas, o que contribuiu para a derrubada vertiginosa dos preços da criptomoeda.

O suporte em US$ 16.000 é bom sinal para a continuação de alta, segundo analistas de mercado ouvidos pelo Valor Investe. Ricardo da Ros, country manager da exchange Ripio no Brasil, vê a correção como natural:

“No momento, o Bitcoin está passando por uma correção natural. A subida foi muito forte e rápida, chegando perto da máxima histórica, portanto, um recuo é saudável para o mercado. Mesmo durante 2017, quando o Bitcoin foi de US$ 1.000 para quase US$ 20 mil, houve diversas correções entre 20% e 40% no caminho. Agora não deve ser diferente”

Outro motivo é a retomada de saques da OKEX, que no último mês tem sofrido com pressão das autoridades dos Estados Unidos e bloqueou temporariamente os saques. A retomada das retiradas pode ter levado traders a realizar seus lucros antes “congelados”.

Maya Siqueira, diretora da Binance no Brasil, também analisou o atual momento do BTC:

“É saudável e esperado que aconteçam correções no meio de um mercado de alta, mas duas notícias que podem estar impactando esta redução: rumores sobre novas regulamentações sobre criptomoedas nos EUA, e a abertura para depósitos, após mais de um mês de suspensão, de um player global, o que pode ter provocado um movimento grande de retirada de BTC para realização de lucros”

A impressão de que a correção atual é algo “natural” no mercado parece ser unânime. A moeda passou por uma sequência de semanas em alta que teve início no começo de setembro, só terminando nesta quinta-feira. Todo rali, lembram os especialistas, precisa de correções no caminho de alta para anotar possíveis suportes e consolidar os ganhos. Por isso, lembra o diretor do Mercado Bitcoin Fabrício Tota, a correção desta semana não surpreende:

“O Bitcoin chegou a subir mais de 80% em dois meses, praticamente sem retração. De certa forma era esperada uma correção bastante forte. Outro motivo que pode ter feito essa queda ser ainda mais significativa são os rumores sobre uma regulação mais dura no mercado de criptoativos dos EUA, restringindo significativamente o potencial do mercado nesse país”.

Apesar da correção, o BTC ainda registra ganhos de 133% contra o dólar em 2020 e 214% contra o real no mesmo período. O diretor da Associação Brasileira de Criptoeconomia, Safiri Felix, disse ao InfoMoney que “toda queda abaixo de R$ 100 mil é uma oportunidade de compra” e reforçou o otimismo de curto e médio prazo para o BTC:

“Estamos vendo uma mudança no perfil dos compradores sobre o que tínhamos no passado. Agora, quem está comprando [grandes empresas] tende a manter a posição no longo prazo”

A correção também interrompeu a sequência de alta de algumas das maiores altcoins. O ETH voltou aos US$ 500 depois de ter batido em US$ 650 e o XRP corrigiu de US$ 0,65 para os US$ 0,53 atuais.

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