Banco Central começa testes com Real Digital sendo token ERC-20 e bibliotecas de Web3

BC estabeleceu que os contratos inteligentes que representam os tokens dentro do sistema (Real Digital, Real Tokenizado, Título Público Federal) foram desenvolvidos usando como base o padrão ERC-20

Com o avanço dos testes do Real Digital, o Banco Central (BC) publicou a documentação referente a CBDC nacional e nela estabeleceu que os contratos inteligentes que representam os tokens dentro do sistema (Real Digital, Real Tokenizado, Título Público Federal) foram desenvolvidos usando como base o padrão ERC-20, com a adição de funções específicas de controle de acesso. Todos os tokens suportam 2 casas decimais.

Além disso, como definido pelo BC na documentação, serão fornecidos aos participantes do piloto a ABI de cada um dos contratos e seus respectivos endereços publicados na rede. Cada participante deve implementar, da forma que melhor entender, a sua interação com os contratos, fazendo uso de bibliotecas padrão Web3 como, por exemplo, o Web3JS, Web3J, ou frameworks como o Hardhat ou Truffle.

Segundo o BC, cada participante deve enviar o endereço da sua carteira principal para o cadastro. Esta carteira será a carteira default do participante. Após o cadastro inicial, o próprio participante poderá habilitar outras carteiras a receber Real Digital, bem como alterar sua carteira default. A carteira default do participante será a gestora do token, porém a criação do token na rede será feita pelo Banco Central do Brasil.

O BC também especifica na documentação que o contrato chamado STR representa a forma como os participantes solicitarão Real Digital ao Banco Central do Brasil. Esse contrato permite que qualquer participante solicitem o mint de Real Digital.

Outro ponto destacado pela documentação é que os contratos de swap permitem a troca de Real Tokenizado entre os participantes, usando Real Digital como reserva. No momento há duas implementações disponíveis: uma que executa o swap em apenas uma transação e outro que depende da aprovação do recebedor para a troca seja concluída, exigindo assim duas transações na rede.

Real Digital

Recentemente o Banco Central promoveu a 1ª Plenária do Fórum Real Digital, nela o corpo técnico do BC responsável pela condução da Iniciativa Real Digital detalhou informações e os próximos passos da ação, além de responder dúvidas do público sobre o assunto.

Coordenador da Iniciativa Real Digital, Fabio Araujo lembrou que as plenárias do Fórum terão papel fundamental para o desenvolvimento do Real Digital.

“O Fórum Real Digital é o canal de comunicação efetiva e transparente entre seus participantes. As plenárias vão ser um espaço de consulta, de troca de informações e de orientação quanto ao desenvolvimento da plataforma do Real Digital”, disse.

Ainda de acordo com ele, é por meio desse tipo de encontro que as especificidades do projeto serão debatidas com os diversos públicos envolvidos em sua implementação, como desenvolvedores de tecnologias, provedores de serviço de tecnologia da informação, instituições financeiras e outros órgãos reguladores, além dos servidores do BC envolvidos diretamente com a iniciativa. 

“A intenção é que as discussões sejam as mais democráticas possíveis. O Real Digital irá promover uma verdadeira revolução no Sistema Financeiro Nacional (SFN)”, disse Araujo, ao citar outras ações igualmente transformadoras capitaneadas pelo BC atualmente, como o Pix e o Open Finance.

A plenária detalhou as especificações da plataforma do Real Digital. “O  primeiro passo é avaliar a programabilidade e a descentralização da plataforma do Real Digital. Depois, partiremos para os testes de validação e riscos. E, posteriormente, checaremos a viabilidade tecnológica negocial, ou seja, o produto final em si”, explicou a gerente de TI do Piloto do RD, Clarissa Souza. 

Ela lembrou que as diretrizes técnicas da iniciativa estão no Voto 31, que deve ser observado pelas 16 instituições selecionadas pelo BC para participar dessa primeira fase do projeto.

“Nesse momento, não estamos buscando escala, mas sim uma interoperabilidade de redes e governança de vários ativos. A visão de longo prazo é permitir o uso das finanças de forma descentralizada”, completou. 

Segundo Araujo, até meados de agosto deste ano, o BC espera que os participantes consigam fazer os desenvolvimentos necessários. Para setembro, estão previstos os testes com o Real Digital e o real ‘tokenizado’. Para fevereiro de 2024, está previsto o teste do token dos títulos públicos.

“Dependendo do grau de maturidade do projeto, podemos testar algo com a população no final desse ano”, completou Araujo. 

Nathan Marion, General Manager da Yuno, comemorou os avanços do Real Digital e apontou que a CBDC permitirá a tokenização de ativos, facilitará transações financeiras, e, ao ser integrado com a tecnologia blockchain, trará um novo nível de segurança e eficiência.

“O Real Digital, com suas capacidades de programabilidade, trará uma camada adicional de segurança e confiança para as transações financeiras. Isso poderá ter um impacto significativo em muitas áreas, desde a venda de carros até a compra de imóveis. A sua implementação é mais uma prova do compromisso do Brasil com a inovação financeira. Com a introdução da moeda digital, o país se junta a uma lista crescente de nações explorando o potencial das CBDCs para transformar suas economias”, afirmou.

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