Dinheiro físico ineficiente? Banco Central lança nota de R$ 200 mas comércio reclama que não vai ter troco
Especialista aponta que nota de R$ 200 pode gerar um ‘desabastecimento’ de troco no comércio que pode ficar até sem notas de R$ 2, R$ 5, R$ 10 e outras
No final de julho, o Banco Central do Brasil anunciou oficialmente que o Real contará com mais uma cédula, a de R$ 200, que terá como personagem o lobo-guará.
Porém o anuncio do BC pegou de supresa o mercado tendo em vista que a instituição vem desenvolvendo soluções justamente para digitalizar a economia e diminuir a circulação de dinheiro.
Nesta linha o próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, declarou que as iniciativas da instituição, PIX e Open Banking, tem como objetivo diminuir a circulação de notas físicas de real.
Assim, para Alexandre Pinto, diretor de Inovação e Novos Negócios da Matera, o futuro do dinheiro físico é ser igual fax, obsoleto.
“Finalmente, o surgimento de novos tipos de e-wallets que fazem uso mais intenso de biometria, ou até mesmo com chips implantados no corpo, despertará preocupações pertinentes sobre privacidade e segurança (…) Como consequência, cartões, dinheiro em espécie e celulares como meios de pagamento terão o mesmo destino dos CDs/DVDs, telefones fixos e aparelhos de fax”, finaliza.
Falta de troco
Porém o lançamento da nota de R$ 200 pleo Banco Central pode ‘reativar’ um problema antigo no varejo brasileiro: a falta de troco nos caixas do comércio.
Assim, para Rodrigo Doria, CEO e fundador da Super Troco e que acompanha de perto esse setor, a nota de R$ 200 não deve potencializar o problema atual de falta de notas pequenas e moedas.
“A nota de maior valor não necessariamente agravará a falta de troco no varejo, porque elas são muito pouco usadas. Por exemplo, estima-se que apenas 10% da população use notas de cem reais para fazer pagamentos. Contudo, isso não significa que o momento não mereça também nossa atenção aos valores inferiores.
O brasileiro ainda tem uma cultura de não carregar consigo moedas e notas baixas, cerca de 30% de todas as moedas estão represadas nas casas ou no fundo das bolsas, fora circulação”, disse.
A logística e a gestão do dinheiro em frações pelo varejo ainda absorve altos investimentos e gera atrito com o consumidor final quando utiliza o pagamento em espécie.
Porém, o executivo também faz uma reflexão sobre um possível comportamento dos consumidores, que podem inserir estas novas notas de valores maiores no varejo.
“Ainda não é possível prever o real comportamento das pessoas em posse das notas de R$ 200, se vão guardar a cédula com medo de uma crise financeira, como o governo imagina, ou se vão colocá-la em circulação no mercado. No entanto, se elas forem usadas em pagamentos do dia-a-dia, aí sim teríamos um novo desafio pela frente. Além da falta de moedas e cédulas de baixo valor, o lojista pode passar a sofrer também com a falta de cédulas mais altas de R$ 10, R$ 20, R$ 50 e até R$ 100”, finaliza.
Dinheiro digital não tem troco
Como, Bitcoin, CBDC e dinheiro digital não tem problema de troco e diminui o custo da cadeia de produção do dinheiro nacional, o deputado federal Reginaldo Lopes (PT/MG) prevê o fim da circulação de dinheiro em espécie no Brasil.
Assim, de acordo com a proposta do parlamentar, o “dinheiro de papel” deverá deixar de ser impresso em cinco anos.
O projeto de lei foi apresentado por Reginaldo Lopes logo após o anúncio da criação da nota de R$ 200.
Assim, a proposta do deputado federal Reginaldo Lopes prevê a descontinuidade na produção de dinheiro em espécie.
Para Lopes, a circulação, produção e uso do real brasileiro deve ser transformada em transações digitais.
Além de reduzir os custos com a produção de novas cédulas, a proposta do parlamentar visa combater a corrupção e a lavagem de dinheiro.
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