Banco Central analisa interação entre ativos do Real Digital e DEXs como Uniswap, Sushiswap e Curve

O Banco Central do Brasil declarou que está atento aos possíveis desdobramentos que os ativos tokenizados do Real Digital podem ter, como a possível integração dos ativos em exchanges descentralizadas

O Banco Central do Brasil (BC) declarou durante Workshop Piloto do Real Digital que está atento aos possíveis desdobramentos que os ativos tokenizados do Real Digital podem ter, como a possível integração dos ativos em exchanges descentralizadas, fora do ambiente controlado da CBDC, como Uniswap, Sushiswap, Curve, entre outros.

Durante o evento, Thiago Cesar, CEO da Transfero Swiss AG, questionou o BC sobre a possibilidade de ativos tokenizados dentro do ambiente do Real Digital serem ‘espelhados’ em DEX, via soluções sintéticas, do mesmo modo que o Bitcoin com o wBTC ou o Ethereum com o sETH.

Respondendo ao questionamento, Fábio Araujo, coordenado do Real Digital, destacou que pontos como este extrapolam o escopo da CBDC nacional e começam a dialogar diretamente com a regulamentação para ativos digitais, o Marco Legal das Criptomoedas (Lei 14.478/2022), mas que é um tema que sido muito discutido dentro do BC.

“Esse é um tema que tem consumido bastante tempo nos debates do Banco Central. É um ponto importante para o BC, para a CVM e para os outros reguladores”, disse.

Araujo destacou ainda que justamente por isso o BC convidou a CVM para participar dos testes do Real Digital e do grupo de trabalho sobre tokenização. Ainda segundo o executivo do BC, todo o governo está debatendo como tratar os ativos digitais. Debates que devem ajudar a moldar o decreto presidencial sobre o tema a ser publicado ainda no primeiro semestre deste ano.

“Para que conseguimos ter uma resposta um pouco mais clara para este ponto (ativos tokenizados dentro do Real Digital serem negociados fora do sistema da CBDC), a gente precisa avançar um pouco ainda na definição dos ativos virtuais e conhecer a natureza deles, mas sempre temos usados uma diretriz que é: o fato de você registrar o ativo em outro meio você não muda a natureza do ativo”, afirmou.

O executivo do BC destacou ainda que o BC sabe que o ambiente das criptomoedas é muito diverso e há diversos ativos que não se enquadram nas regulações e definições que BC e CVM possuem atualmente, no entanto, segundo ele, em se tratando de tokenização de ativos que já possuem suas normas, logo, a tokenização é apenas um novo meio de distribuição e não um novo ativo.

Real Digital

Ainda durante o evento, o BC detalhou o funcionamento dos testes do Real Digital, explicando que neste primeiro momento, como noticiou o Cointelegraph, será tokenizado um Título Público Federal. Nos testes será avaliado todo o fluxo automatizado, desde a tokenização dos depósitos feito pelas instituições, a conversão destes depósitos em Real Digital e depois em stablecoins a interação entre os tokens, o pagamento e a queima da stablecoin e, eventualmente, do Real Digital em casos de resgate ou liquidação.

A proposta do BC é que cada instituição participante seja um nó dentro da rede do Hyperledger Besu e o foco principal do Banco Central agora é testar a segurança do sistema, seu funcionamento e a manutenção da privacidade das operações, seguindo a lei de sigilo bancário e outras regulamentações já existentes no país.

Embora o BC tenha dito que pretende reproduzir nos testes o atual ambiente financeiro nacional, composto por instituições de pagamentos, bancos e fintechs, o regulador reconhece que isso pode não ser alcançado ou que os participantes não consigam representar a totalidade da complexidade do ecossistema nacional.

Para isso e para apresentar os resultados dos testes a mais participantes do mercado, o BC irá realizar um Fórum de interação com a participação de outra empresa e no qual apresentará o desenvolvimento do projeto-piloto do Real Digital.

“Do ponto de vista do mercado, vejo com bons olhos a iniciativa, considerandos benefícios ao sistema monetário brasileiro, tais como maior eficiência, segurança e inclusão financeira. É mais um salto a partir do sucesso do PIX. Além disso, a tecnologia blockchain tem se mostrado uma tendência global. Novos mercados e modelos econômicos descentralizados irão substituir gradualmente modelos com alto custo de operação”, disse sobre a apresentação do BC, Dan Stefanes, CEO da Blockchain One.

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