Artista brasileiro diz que NFTs são um caminho sem volta para a arte e para a economia mundial

André Holzmeister diz que estamos vivendo uma nova era do iluminismo na arte mundial e que os NFTs são apenas ‘a ponta de um iceberg gigantesco para mudar a economia do mundo.’

Os NFTs ou tokens não-fungíveis estão chamando tanta atenção que até o dicionário Collins, que anunciou oficialmente sua lista anual de dez palavras para 2021, declarou que NFT, mesmo sendo uma sigla, é a palavra do ano, superando outras como cripto e metaverso, como publicou o Cointelegraph.

O artista André Holzmeister, brasileiro referência mundial em arte digital NFT, afirmou de maneira exclusiva ao Cointelegraph que o momento atual da arte digital se assemelha a um novo período iluminista da sociedade mundial.

“Um dos conceitos que eu venho analisando nos últimos anos é uma reflexão sobre o momento artístico atual. Estamos vivendo um novo Iluminismo com a revolução digital. O Iluminismo foi um movimento que nasceu na época renascentista no século XV, no qual o progresso humano passou a ser entendido não apenas pelo viés da ciência, mas também pelo desenvolvimento literário, teórico e artístico.”

A comparação foi feita levando em consideração o que ele chama de “momento da humanidade”. André explica que, com o avanço da tecnologia em todos os setores, incluindo na arte, um horizonte infinito está sendo aberto para o acesso a ferramentas de produção que, segundo André, até então viviam somente no imaginário, assim como a explosão de novos talentos na produção de arte digital.

“Dos pincéis, telas e tintas, a arte também encontrou morada nos computadores, nos programas gráficos e na internet. Um dos pontos importantes dessa revolução foi o desenvolvimento da tecnologia blockchain, que possibilitou aos artistas digitais obter uma certificação de propriedade de suas obras – ou NFT (ou No Fungible Token).”

André lembra que um NFT atrelado a um asset digital – uma imagem, foto, vídeo, música, entre outros – faz desse item algo único perante o mundo, abrindo espaço para investidores e colecionadores interessados em investir dinheiro de verdade na aquisição de obras e ativos digitais.

“Uma analogia que ilustra bem esse cenário é o casaco que minha avó deixou de herança para mim. Podem ter várias peças idênticas, da mesma marca e cor circulando por aí, mas nenhum deles é o “casaco da minha avó”. No universo digital, tudo o que está disponível pode ser copiado. Uma música, um filme ou até mesmo uma obra de arte. Antecedendo ao blockchain, não havia mecanismo algum que possibilitasse ser ‘dono’ de algo único no mundo virtual.”

O artista deu como exemplo uma das obras mais famosas do mundo:

“O retrato da Monalisa, de Leonardo Da Vinci, que está exposto no Museu do Louvre, na França, corre o mundo todo por meio da reprodução de sua imagem. Porém, a obra original, assinada pelo artista italiano, está na França. A Monalisa é o perfeito exemplo de quanto mais a imagem do original for reproduzida, mais conhecida a obra fica, e portanto mais valiosa ela se torna. A blockchain confere a possibilidade de um asset digital ser considerado único e transferível por meio de “smart contracts”, ou contratos inteligentes. Quando esse item único troca de mão somente o novo dono tem esse certificado digital.”

André Holzmeister explica que, como o universo dos NFTs ainda é algo novo, ele não acredita ser possível, por enquanto, colocar tudo que é produzido dentro de um rótulo de um movimento artístico, como foi no passado, com o Modernismo, Cubismo, impressionismo etc.

“A variedade de estilos é enorme, mas certamente esse movimento artístico, essa revolução digital estará nos livros de história da arte como um dos momentos mais importantes, tão quanto foi a renascença. Não existe mais algo com cara de NFT, certamente temos várias tendências, mas cada vez mais vemos mais artistas aderindo e diluindo o que no início era considerado cara de NFT.”

André comentou ao Cointelegraph que antigamente, antes da era digital, ter acesso à arte era algo para poucos e a produção da arte por parte dos artistas também era difícil. Mas, hoje o panorama é muito diferente. 

“A revolução digital proporcionou a democratização da produção de arte, assim como a exposição de artistas talentosos que até então não tinham espaço para mostrar as suas obras.”

Ele afirma que a “reprodutibilidade de um NFT depõe a favor de sua valorização.” Ou seja, “quanto mais ela for copiada, mais ela fica conhecida e seu original se torna cada vez mais valioso.”

“É daí que vem o valor de NFTs baseados em memes famosos, como Nyan Cat por exemplo. Em 2 de Abril 2011 o artista Christopher Torres postou um Gif animado que viralizou. Todo mundo copiou e repostou, mas o criador do meme o colocou à venda em Fevereiro de 2021 e foi arrematado por 300 Ether, 1.42 Milhão de dólares na cotação de hoje, ou 7.68 Milhões de Reais. O valor dessa obra não está nos pixels dela, e sim na história dessa arte, no fato de tantas pessoas a reconhecerem porque ela foi reproduzida à exaustão.”

Holzmeister afirma que este é um caminho sem volta.

“O NFT veio para ficar e não envolve somente o universo artístico. Quem está entrando nesse universo dos NFTs hoje, daqui a alguns anos será considerado um pioneiro neste movimento. O que estamos vendo hoje é apenas a ponta de um iceberg gigantesco que está vindo aí para mudar a economia do mundo.”

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