Brasil ganha o primeiro pedágio ambiental com blockchain que transforma roteiro em árvores e tokens RWA

O Brasil ganhou seu primeiro ‘pedágio ambiental’ que funciona com a tecnologia blockchain e converte o roteiro em créditos de carbono que serão transformados em árvores que depois se tornam tokens RWA.

O Brasil ganhou seu primeiro ‘pedágio ambiental’ que funciona com a tecnologia blockchain e converte o roteiro em créditos de carbono que serão transformados em árvores que depois se tornam tokens RWA. A proposta é da startup Abundance Brasil em parceria com a Ailog Tecnologia.

Embora não seja um pedágio físico como aqueles que vemos nas rodovias e estradas pelo Brasil a proposta é similar. Conforme explica o CEO da Abundance Brasil, Pedro Miranda, a empresa quer disponibilizar uma maneira para operadores de logística, entre outros, realizarem a compensação da pegada de carbono de suas emissões.

Com o intuito de alcançar esse objetivo, o sistema criado pela Abundance realiza o cálculo da distância percorrida, o consumo de recursos e a emissão de carbono por parte das empresas durante as rotas de entrega aos seus clientes.

Posteriormente, ele oferece de forma automática uma estimativa da quantidade de carbono que deve ser compensada pelos veículos de transporte, permitindo que eles adquiram créditos de carbono correspondentes.

O sistema todo é baseado em blockchain e tem a tokenização como premissa. Para isso, Miranda explicou ao Estadão que o modelo trabalha com ARR (florestamento, reflorestamento e revegetação), e prevê o plantio de novas árvores e à medida que essas árvores crescem e absorvem CO₂, sua capacidade de sequestro de carbono se transforma em ativos ambientais que são digitalizados, transformando o CO₂ em uma commodity comercializável.

Deste modo, as novas árvores e sua capacidade de sequestro de carbono serão transformadas em criptomoedas, como se fosse tokens RWA, que poderão ser comercializadas no marketplace da empresa entre demais usuários que precisam fazer suas compensações de carbono.

“Nós avaliamos a quilometragem rodada e o quanto o caminhão emite de carbono. De São Paulo a Belo Horizonte, por exemplo, você gastou tanto de combustível, tanto de pedágio e tanto de carbono e você tem a possibilidade de já compensar as emissões diretamente”, explicou.

Tokens RWA

No momento, a empresa está disponibilizando o Abundance Token no mercado, o qual representa uma parte proporcional do total de árvores plantadas que a empresa utiliza para compensar as emissões de carbono.

Em uma entrevista ao Estadão, Miranda destacou que uma das características distintivas dessa iniciativa é que o pedágio ambiental não apenas simplifica o processo de compensação das emissões de carbono pelas empresas, mas também se configura como um ativo financeiro.

Miranda destacou que existem também outros benefícios agregados ao sistema, como a valorização da marca e o acesso a financiamentos verdes, já que cada vez mais instituições bancárias exigem comprovação de práticas sustentáveis para conceder o empréstimo ou oferecer condições mais vantajosas para às companhias.

Recentemente um estudo inédito da CCS Brasil, organização sem fins lucrativos que visa estimular as atividades ligadas à Captura e Armazenamento de Carbono no país, aponta que o Brasil possui um potencial de captura de CO2 que pode chegar a quase 200 milhões de toneladas por ano, o que representa um total cerca de 12% do total de emissões de carbono no Brasil anualmente.

“Se o país conseguir de fato colocar esses projetos de descarbonização em prática, isso o colocaria entre os líderes mundiais na captura de carbono e no combate ao aquecimento global”, explica Nathalia Weber, engenheira e cofundadora da CCS Brasil.

Os dados, que fazem parte do 1º Relatório Anual de CCS no Brasil, também apontam setores e regiões mais emissores e aqueles com maior potencial para a captura e armazenamento de carbono. 

O documento aponta que o potencial para a redução de emissões por projetos de CCS está relacionado especialmente às atividades nos setores de energia e indústria.  Apenas no Brasil esses setores emitem quase 500 milhões de toneladas de CO2 ao ano.

Outro importante destaque para captura de carbono é a produção de bioenergia, cuja aplicação de CCS pode levar à remoção de carbono da atmosfera. O estudo mapeou a oportunidade de captura de quase 40 milhões de toneladas aplicadas a esses processos chamados de BECCS, que une a aplicação de CCS à bioenergia.

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