Brasil ganha primeiro mercado de balcão de energia elétrica criado em blockchain: Beenx
Resultado de uma parceria de três gigantes energéticas da América Latina, plataforma ‘one stop shop’ recebeu investimento inicial de R$ 10,5 milhões, de olho no crescimento do Mercado Livre.
De olho nos 40% do Ambiente de Contratação Livre (ACL), o Mercado Livre de Energia do país, a Brasil Energy Exchange (Beenx) entrou em operação nesta quarta-feira (21). Trata-se da primeira plataforma em blockchain da América Latina voltada à negociação de energia elétrica, de certificado de energia limpa e produtos financeiros em um mesmo ambiente (one stop shop) 100% digital.
Sediada em São Paulo (SP), a Beenx é resultado de um investimento inicial de R$ 10,5 mihões envolvendo projetos de pesquisa e desenvolvimento da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e aportes de fundos de investimentos das empresas AES Brasil, geradora de energia 100% renovável, da produtora de aço ArcelorMittal, da Eneva, empresa integrada de energia, e da Fohat Corporation, companhia de inteligência energética referência na América Latina na concepção de modelos de negócios para o setor de energia.
A Beenx é direcionada às empresas que negociam no Mercado Livre de Energia, cujos atuais 40% de participação da energia consumida no Brasil devem aumentar a partir de janeiro de 2023, quando novas regras para a migração ao ACL irão abarcar uma nova parcela de clientes livres, e em janeiro de 2024, data em que todos os clientes do Grupo A , de alta tensão, poderão migrar para esse ambiente. A plataforma também será aberta ao setor finaceiro tradicional, que poderá atuar dentro da infraestrutura por meio de transações digitais.
Em relação ao funcionamento da Beenx, a one stop shop digital de energia iniciou suas operações com participantes convidados de vários setores, que já iniciaram operações com criptoativos de energia elétrica e financeiro. Em paralelo, a Beenx informou que deu início ao processo de entrada dos demais agentes do Mercado Livre de Energia, com o atendimento individual para agilizar a ativação no sistema. Nesse caso, a previsão é que essa nova parcela esteja totalmente habilitada a operar na plataforma até fevereiro de 2023.
“Decidimos organizar a nossa operação por ciclos para garantir que todos os nossos clientes tenham acesso às vantagens de negociar energia de forma adequada ao timing e necessidades de cada um deles. Dessa forma, acreditamos que todos possam usufruir dos quatro grandes diferenciais da Beenx: liquidez ofertada num modelo one stop shop digital com comodidade e a diversidade de ativos e serviços em um único lugar, operação descomplicada e precificação mais competitiva do mercado brasileiro, além de escalabilidade para atender o setor energético em sua fase mais aguda de expansão que está em andamento ”, explicou o CEO da Beenx, Igor Ferreira.
Blockchain, Real Digital e módulos
A Beenx informou ainda que usa uma rede blockchain privada com os nós da rede sendo representados por empresas de empresas participantes e destacou qua a tecnologia de registro distribuído (DLT) permitirá a liquidação dos criptoativos negociados na plataforma por meio do Real Digital, a CBDC (moeda digital emitida pelo banco central) brasileira que deverá ser lançada no final de 2023.
Em relação ao trading, são três módulos: Offline, em que “o operador da Beenx acessa serviços integrados digitalmente de gestão de backoffice e gestão de riscos”; Online, em que o operador contará com o “BX Tela, o trading em tela para negociar contratos de energia (a preço fixo e a PLD horário) que variam por período de vencimentos (mensais, trimestrais, semestrais e anuais) e de entrega nos quatro submercados brasileiros (Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte)”; Pós-Trading, em que “o operador terá um ambiente para contratar garantias financeiras como seguro para contratos de energia, por exemplo, além de outros produtos operados por diferentes instituições financeiras. Sem sair do ambiente, o operador realiza todas as atividades necessárias desde a cotação até a assinatura das apólices da melhor oferta que encontrar para seus diferentes tipos de ativos contratados.”
“Além da integração de ponta a ponta, a gestão de riscos é atualizada em tempo real, ou seja, reflete a situação atual de cada momento e de acordo com a política de risco de cada contraparte. Isso é uma grande inovação nas negociações bilaterais de energia”, completou o CEO da Beenx.
Em junho desse ano, a exchange de criptomoedas brasileira Mercado Bitcoin lançou um token lastreado em um contrato de comercialização de energia elétrica, em que preestabelece o volume de energia e respectivo preço a ser cobrado de uma empresa pela Bolt Energy, cuja rentabilidade é de 15%, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.
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