Brasileiro indiciado por estelionato forjou o próprio sequestro para não pagar clientes

A vítima de um grupo envolvido com a G44 Brasil entrou na Justiça para reaver R$ 60 mil aportados nele e os rendimentos prometidos. Essa pessoa se associou a uma das empresas do GSAF sob a promessa do lucro de 8% ao mês com investimentos em criptomoedas. O caso envolveu até mesmo o sequestro forjado de um dos sócios do GSAF que vinha sendo indiciado por estelionato.

O juiz Cleber de Andrade Pinto, da 16ª Vara Cível de Brasília (DF), decidiu conceder uma liminar para “determinar o arresto da quantia de R$ 74.400,00, pelo sistema Bacenjud, em contas de titularidade dos réus”.  

O valor mencionado pelo magistrado incluiu o montante aplicado bem como o que foi prometido de lucro. Para ele, a “promessa de retorno financeiro irreal, evidencia a existência de pirâmide financeira”.

Já o falso sequestro, para Andrade Pinto, apenas denota a tentativa de os responsáveis pela GSAF enganar os investidores e que há a possibilidade de “buscar em seus patrimônios o valor investido pelo autor na empresa de que fazem parte”. 

De acordo com a decisão, a vítima não era mera investidora, mas alguém que se associou a SAF Serviço de Assistência Familiar (uma das empresas do grupo). Essa pessoa integralizou o capital de R$ 60 mil na esperança de receber o lucro mensal prometido, mas a realidade foi outra.

“A empresa não realizou nenhum pagamento, com respostas contraditórias e vagas, desde fevereiro/2020”.

A vítima, portanto, chegou a ser informada que “em razão da Pandemia da Covid-19, os pagamentos estavam suspensos”. Não houve outra saída senão procurar o judiciário.

Conexão G44 Brasil

O mais inusitado ainda estava por vir. O Grupo GSAF, então, se tornou suspeita de pirâmide financeira e os sócios passaram a ser indiciados por estelionato. O administrador de uma das empresas, então, teve uma brilhante ideia que só piorou a situação dele.

Alexsandro Rodrigues Alves resolveu forjar o próprio sequestro. Como resultado terminou preso de verdade. Foi diante da notícia de prisão de Alves é que a vítima notou que estaria dentro de uma suposta pirâmide financeira que vem usando, dentre outros atrativos, o investimento em criptomoedas.

“Por sua vez, os outros documentos noticiam a prisão de Alexsandro, administrador do grupo SAF,  por forçar o próprio sequestro, bem como abertura de inquérito contra os sócios da empresa, por estelionato”. 

O fato é que o GSAF não estava sozinho no esquema. O grupo econômico de Alexsandro Rodrigues Alves está envolvido com a G44 Brasil S.C.P., segundo consta no processo.

O valor de R$ 60 mil, integralizado na SAF, teria sido aplicado na G44 Brasil, uma empresa que vem sendo investigada pelas autoridades por suspeita de pirâmide financeira.

Liminar concedida, mas…

O autor da ação, porém, pediu por meio de uma tutela de urgência para que houvesse o bloqueio das contas do GSAF e o que o grupo receberia da G44 sobre os R$ 60 mil.

“Seja bloqueada pelo sistema Bacenjud e Renajud, o capital investido de R$ 60.000,00, além da remuneração a que tem direito, no valor de R$ 14.400,00, totalizando a quantia de R$ 74.400,00”.

O pedido foi deferido pelo juiz, mas o magistrado, antes de decidir sobre a tutela apenas corrigiu o advogado num ponto:

“Primeiramente,  destaco que o sistema Renajud se destina a verificar a existência de veículos automotores em nome da parte, não sendo apto ao pedido liminar de arresto de quantia determinada. O pedido será examinado em relação ao sistema Bacenjud”.  

G44 Brasil e sua atuação ilegal no mercado

O grupo G44 Brasil formado por uma exchange, a Inoex, e supostamente empreendimentos de mineração, não tem autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para atuar no mercado. 

Mesmo com multa aplicada, o grupo segue desrespeitando a ordem dada pela autarquia. O valor da multa atualmente já ultrapassa a R$ 700 mil. Mas isso não representa nada para uma empresa que vem sendo investigada por atuação fraudulenta no mercado e que já deixou de pagar os seus investidores.

Os relatos de atrasos em pagamentos e bloqueios de saques na G44 vêm já de meados de 2019, mas foi a partir de novembro que a situação ficou feia. O grupo deixou de pagar em torno de 10 mil associados. 

Para acalmar os ânimos das vítimas, a G44 prometeu, então, pagar no final de fevereiro. Em maio, veio um outro comunicado da empresa, mas nada. O fato é que até hoje quem investiu nela está aguardando esse pagamento.  


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