“Bolsonaro não quer e o assunto está encerrado”, diz presidente do Banco do Brasil sobre privatização

Defensor da privatização do Banco do Brasil, o atual presidente da instituição, Rubem Novaes, descartou essa possibilidade e diz que o “assunto está encerrado”.

Em audiência pública na Câmara dos Deputados na terça-feira (10), Novaes afirmou que o assunto “está fora de cogitação” no momento.

“A privatização do banco é uma questão política. Todos sabem meu posicionamento, mas o que importa é que o presidente [Jair Bolsonaro, presidente da República] disse que não vai privatizar e o assunto está encerrado. Mesmo que fosse a decisão do Executivo, teria que passar pelo Congresso, teria que ser lei”.

Bolsonaro foi eleito presidente com a promessa de realizar uma série de privatizações de organismos estatais para enxugar a máquina pública. Ele tem no seu ministro da Economia, Paulo Guedes, um entusiasta da desestatização.

Algumas instituições, no entanto, ainda devem ficar de fora dessa lista de privatizações e seguir sob controle do governo federal – entre elas, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e a Petrobras.

Resistência política

O assunto privatização costuma rondar tanto o Banco do Brasil quanto a Caixa Econômica Federal. No entanto, até pelas funções que ambos exercem junto à economia e ao setor financeiro nacional, essa tarefa é mais complexa do que parece. Além disso, como lembrou Novaes, precisaria passar pelo crivo do Congresso Nacional.

A fala do deputado
Ricardo Barros (PP-PR), vice-líder do governo no Congresso e contrário à
privatização do Banco do Brasil, durante a audiência na Câmara, serve como
exemplo da resistência do Legislativo à ideia.

“Ele é o banco do agricultor brasileiro, encarregado do fomento à produção, do agronegócio, que é o maior negócio do Brasil. É o que garante a nossa balança comercial, e é o que nos dá a capacidade de crescimento econômico”, afirmou.

Sobre a Caixa recaem atribuições como o financiamento ao sistema habitacional, pagamento de benefícios de programas sociais, acesso a crédito para população de baixa renda, entre outras.

Competição com o Banco do Brasil

No final de outubro,
Novaes havia dito que a privatização do Banco do Brasil “seria inevitável”,
frente aos avanços da tecnologia no setor bancário e ao crescimento das
fintechs no mercado.

“Com as amarras que uma
empresa pública tem, vai ser muito difícil o ajustamento, no horizonte de dois,
três, quatro anos, a esse novo mundo de open banking e das fintechs. Fica muito
difícil em uma instituição ligada a governos acompanhar esse ritmo. Competimos
com uma espécie de bola de ferro na canela”, afirmou Novaes à época, durante palestra
na Associação Comercial do Rio.

Em um movimento para se adequar a essa nova realidade, o Banco do Brasil tem feito investimentos em inovação tecnológica – sendo um dos destaques do Prêmio Relatório Bancário 2019, condecorado em quatro categorias.

Em relação à estrutura física, a instituição também anunciou programa de demissão voluntária para reduzir o quadro de funcionários. E vai transformar parte de suas agências em postos avançados de atendimento – menores e mais baratos de serem mantidos.

Dentre os grandes bancos que atuam no Brasil, o Banco do Brasil foi o que mais sofreu mudanças administrativas entre setembro de 2018 e setembro de 2019. O número de agências teve uma queda de 11% — de 4.147 para 3.684.


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