Bitcoin supera desconfiança e completa 13 anos com recordes e popularidade

O dia 3 de janeiro marca não apenas o primeiro dia útil de 2022, mas também o 13º aniversário do bitcoin. Nesta data, no já distante ano de 2009, Satoshi Nakamoto, o anônimo criador da criptomoeda, gerou o bloco zero do bitcoin, também conhecido como “Bloco Gênese”, dando início ao funcionamento do blockchain e abrindo caminho para um mercado que hoje conta com milhões de pessoas, movimenta trilhões de dólares e que vem provocando mudanças significativas em um mundo cada vez mais digitalizado.

Apesar de ter começado a circular em 2009, a criação do bitcoin data do ano anterior, quando Satoshi Nakamoto publicou o “white paper” da criptomoeda. Trata-se de uma espécie de manual, com aspectos de manifesto, que explica o funcionamento e o propósito do projeto: criar um sistema financeiro alternativo, livre de intermediários.

No entanto, até a geração do Bloco Gênese, tratava-se apenas de uma ideia no papel, de uma teoria, e não de uma rede em pleno funcionamento. Hoje, 13 anos após entrar em circulação, a criptomoeda já é considerada por muitos – inclusive grandes empresas, investidores famosos e até governos – como um ativo de investimento real e, em alguns casos, uma reserva de valor importante.

“Foi o início de uma revolução pacífica que mudou milhões de vidas e que, em breve, vai mudar bilhões de vidas”, publicou no Twitter a empresa de infraestrutura para o bitcoin Blockstream, criada por Adam Back, que participou ativamente da criação da criptomoeda, sendo um dos dois primeiros destinatários de uma série de emails enviados por Satoshi Nakamoto em suas discussões sobre o lançamento do projeto.

Declarado ‘morto’ 440 vezes

Com valor próximo de zero quando foi lançado, o bitcoin começou a se popularizar nos anos seguintes, inicialmente apenas em nichos ligados à tecnologia, e o aumento da demanda pelo ativo digital começou a aumentar também o seu preço.

A criação deste novo mercado, e desta nova classe de investimentos, deu origem às corretoras cripto, que facilitaram o acesso ao ativo digital e abriram o caminho para que o bitcoin chegasse ao patamar atual, com valor de mercado perto de 1 trilhão de dólares e veículos como fundos de investimento e ETFs, além de estar presente no balanço de grandes empresas, países, bancos e, claro, na carteira de milhões de pessoas – muitas delas milionárias após apostar nas fases iniciais criptomoeda.

Apesar de bem-sucedido até o momento, o bitcoin nunca teve vida fácil. Desde 2010, quando começou a circular fora do nicho dos seus criadores, grandes veículos de comunicação declararam a “morte” da criptomoeda incríveis 440 vezes – 45 delas apenas em 2021, segundo levantamento do portal 99Bitcoins, que considera apenas publicações em inglês.

“O bitcoin é antifrágil, a cada ano, a cada proibição, a cada crise econômica que passa, se torna mais forte e se mantém rodando com uma governança independente, descentralizada e segura. Mais relevante ainda que a rede funcionar sem falhas há 13 anos, é o ativo ter preço desde 12 de maio de 2010, o que mostra que a rede demorou cerca de um ano e meio para ter preço, dado pelo mercado. Isto é, não foi feito um ICO [oferta inicial] ou uma campanha de lançamento com preço estipulado, é um ativo precificado pela comunidade que o usa – comunidade esta que cresce a cada dia”, disse J.P. Mayall, cofundador da QR Capital.

Aniversário tem recorde

O aniversário de 13 anos do bitcoin acontece em um momento curioso para a maior criptomoeda do mundo. Apesar de distante da sua máxima histórica – negociada a cerca de 47 mil dólares, 30% abaixo dos 58.789 dólares registrados em novembro – o bitcoin fechou 2021 com desempenho muito superior ao produtos tradicionais como os índices S&P 500 e Ibovespa, ouro, moedas fiduciárias como dólar e euro, CDI, entre outros. Foi, segundo levantamento e desconsideradas outras criptomoedas, o melhor investimento do ano passado.

A criptomoeda também registra recordes de popularidade. O bitcoin nunca foi tão comentado e procurado no mundo todo, sendo inclusive destaque em retrospectiva do Google sobre termos mais buscados de 2021. Foi o bitcoin também que permitiu o surgimento de outros setores do mercado cripto, que também se tornaram famosos mundialmente no ano passado, como NFTs, DeFi e jogos em blockchain como os games play-to-earn.

“É uma história impressionante. Sai de um projeto totalmente nichado e hoje em dia o bitcoin está no mundo inteiro, como moeda de curso forçado em El Salvador, uma economia real e um ecossistema super poderoso e pujante em volta desse ativo, e a data simboliza mais um passo na consolidação do bitcoin” disse João Marco Cunha, gestor de portfólio da Hashdex.

Nesta segunda-feira, 3, a rede Bitcoin atingiu a maior hashrate de sua história. A hashrate é taxa que mede o poder computacional do blockchain, garantindo sua segurança e o processamento das transações. Isso significa que, apesar de longe do seu preço mais alto, a rede está mais ativa, segura e rápida do que nunca.

O recorde da hashrate também confirma a recuperação da rede após a China proibir a mineração de bitcoin em maio de 2020. O país era o grande centro da atividade no mundo, e a decisão fez o preço e a hashrate do bitcoin despencarem. Com a migração das mineradoras para outras localidades, o poder computacional não apenas voltou, como superou o antigo patamar.

“O primeiro grande ponto que deve ser comemorado nesses 13 anos é que a rede hoje está mais segura e descentralizada do que nunca. A proibição da mineração na China, apesar de dolorosa ao preço, foi talvez a melhor coisa a longo prazo do bitcoin da história”, afirmou João Canhada, CEO da corretora Foxbit.

Desde que os primeiros 50 bitcoins foram minerados em 3 de janeiro de 2009, outras 18.914.275 unidades da criptomoeda já entraram em circulação. O volume representa mais de 90% de todos os bitcoins que poderão um dia ser emitidos. Apesar de ter levado 13 anos para chegar a 90% da oferta máxima, os outros 10% levarão mais de 100 anos para serem emitidos, devido ao mecanismo de desaceleração da emissão de novos bitcoins, chamado halving.

Com oferta limitada, a perspectiva é de que, se a demanda seguir aumentando como nos últimos 13 anos, o bitcoin possa de fato se tornar algo próximo daquilo que seu criador desejava – senão necessariamente uma economia alternativa, ao menos uma moeda que dá maior autonomia, privacidade e controle aos seus usuários. Além, é claro, de um investimento rentável para quem acreditou e acredita nesta proposta.

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