‘Profeta do Bitcoin’: argentino prega adoção das criptomoedas para ‘libertar população’ da economia combalida
Jerónimo Ferrer percorre as ruas de Buenos Aires apresentando as criptomoedas como alternativa para fragilidade da economia.
Em um país onde quase a metade de seu povo passa fome e sobrevive abaixo da linha da pobreza, os mais simples moradores aprendem desde cedo a se tornarem exímios especialistas em finanças, de fazer inveja a muitos engravatados de Wall Street, uma vez que o domínio dos números quase sempre é uma arma para vencer a fome. Esta é a realidade da Argentina, cuja inflação já alcançou quase 60% nos últimos 12 meses.
A alta dos preços no país da América do Sul anda de mãos dadas com o medo, porque o trauma do final de década de 1990, quando as cadernetas de poupança foram congeladas e as economias das pessoas evaporaram do dia para noite, ainda é uma lembrança forte na população.
É neste cenário que as criptomoedas se popularizaram nos últimos anos e motivaram o morador de Buenos Aires Jerónimo Ferrer a percorrer diariamente as ruas da cidade. Como uma espécie de “Profeta do Bitcoin”, ele conversa com as pessoas na tentativa de apresentar as criptomoedas como uma “ferramenta de liberdade” para o seu povo.
Em entrevista à BBC, Jerónimo Ferrer revelou que desde 2019 realiza passeios a pé por Buenos Aires promovendo o “Our local crazy economy & Bitcoin tour of Buenos Aires” (Nossa economia local maluca e o tour do Bitcoin por Buenos Aires). Aos turistas, ele fala sobre o nível de restrições impostas ao povo argentino, o que inclui limites para transações em moeda estrangeira e proibição de parcelamento de voos internacionais.
Jerónimo também distribui para as pessoas cartilhas explicativas sobre as criptomoedas, em especial o Bitcoin (BTC), como alternativa valiosa diante da volatilidade do peso argentino, que é altamente controlado pelo governo.
Para a maioria dos investidores, a descentralização das criptomoedas é sinônimo de ideologia e de lucro, mas para Jerónimo e milhares de argentinos a descentralização também pode ser chamada de sobreviência, já que as criptomoedas são usadas para custear necessidades básicas das pessoas.
Quando você tem restrições, você precisa de ferramentas para a liberdade. Confio mais em matemática e software do que em políticos. Acho que o Bitcoin para os argentinos deve ser óbvio, disse Jerónimo Ferrer.
Apesar da luta de Jerónimo Ferrer e da popularização no país, as criptomoedas podem não ter um caminho fácil no que depender do governo. Em um acordo recente com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Argentina se comprometeu a quitar uma dívida de US$ 45 bilhões e “desencorajar” o uso de criptomoedas no país, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.
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