Head de criptomoedas da Atom S/A revela ‘truques’ para sobrevivência dos traders durante inverno cripto

Em entrevista ao Cointelegraph Brasil, Matheus Cavalcante apresentou um panorama do mercado de criptomoedas e falou dos critérios que ele usa nas negociações.

Em entrevista concedida ao editor-chefe do Cointelegraph Brasil no YouTube, Lucas Caram, o head de criptomoedas da Atom S/A, Matheus Cavalcante revelou a estratégia usada por ele nas plataformas de negociação de criptomoedas. O trader acabou deixando escapar sua metodologia após traçar um panorama do mercado de criptomoedas e fornecer outras dicas relacionadas aos investidores.

“Eu não faço nenhum cálculo pra poder especificar, eu faço exatamente isso que eu te falei, confio no projeto que vai ter. Por exemplo, no Ethereum [ETH] e no Bitcoin [BTC], são moedas que eu deixaria pra holding, eterno na minha carteira. Isso: Matheus, não é indicação nenhuma pra ninguém. Se for pensando em trading, day trading em si, eu sempre procuro criptomoedas com mais volatilidade, então eu faço um filtro dentro do mercado futuro, identifico as que estão com mais volatilidade, e aí eu vou para o Bitcoin e faço um cálculo de desvio padrão e de range médio dele.

Esse cálculo, quando eu jogo para o Bitcoin, ele me dá pontos de suporte e resistência muito bons e aí eu pego esses pontos e jogo para as outras altcoins que eu estou investindo, ele consegue ter uma simetria bem legal por conta de o Bitcoin ter uma market cap [capitalização de mercado ainda muito alto, faço dessa forma”, revelou.

Embora tenha colocado, entre outros cálculos operacionais, que sua estratégia de precificação e compreensão de pontos do Bitcoin se refletindo em outras alcoins está direcionada ao day trading, Matheus Cavalcante deixou claro que mercado de criptomoedas está inserido em um contexto muito amplo, razão pela qual ele defendeu a importância de os investidores conhecerem os projetos antes de entrarem em uma operação. 

“Os tipos de análise que a gente tem que fazer é mais voltado para este tipo, é uma análise mais fundamentalista e, dependendo do contexto do que for o projeto, a gente começa a entrar um pouco no mercado pra cálculo financeiro, entender se aquilo é plausível ou não. Se já é uma empresa consolidada, por que está criando um ativo, um token, um NFT [token não fungível] ou o que qer que seja? Qual o objetivo daquilo ali? É só arrecadar fundo para a empresa, ou não? É um projeto realmente palpável, que vai ter um crescimento a médio ou longo prazo? É uma tecnologia que vai melhorar a nossa sociedade? Ou se é simplesmente mais um scam [fraude]?”

Questionado sobre o atual mercado de baixa do mercado cripto em comparação com períodos de crise anteriores, Matheus disse que “mercado de alta nunca fez bom trader” e acrescentou que:

“Da mesma forma que teve muita gente que entrou na baixa do Covid no mercado tradicional e surfou uma onda legal da recuperação de muitas ações, isso acontece também dentro do mercado de criptomoedas. Então a gente sempre vai ter um ciclo de mercado de alta e um ciclo de mercado de baixa. Dessa vez a gente tá vendo uma queda um pouco mais acentuada, saindo de alguns padrões que aconteceram anteriormente, rompendo alguns fundos anteriores a topos históricos, então a gente está tendo ali um pouco mais de medo e tensão da galera, por consequência disso, esse aumento de pessoa física entrado, cada vez mais, e essa pessoa física normalmente é uma pessoa física que está se aventurando, não tem tanto estudo, tá indo porque ouve o colega falar em investir em cripto e entra também nesse mercado… Eu acho que o primeiro que todo mundo deveria entender, seja o mercado cripto ou tradicional, é fazer um estudo de onde está entrando”, avaliou.

Crescimento e educação

Indagado sobre o ingresso de grandes empresas de tecnologia no mercado cripto recentemente, como as fintechs Nubank e PicPay, que ofereceram exposição a criptomoedas aos seus clientes, o head da Atom qualificou como “sensacional” ao justificar uma maior divulgação a mais no mercado financeiro, o que segundo ele é muito necessário ao público brasileiro. Mas ele ponderou que “isso deve ser feito da maneira correta” a partir do fortalecimento da educação financeira, na escola.

“Igual é nos Estados Unidos, a gente tem criancinhas, desde pequenas, aprendendo o que é um mercado, como aplicar na bolsa, ou que os pais dessas crianças guardam o dinheiro para essas crianças, lá no futuro, este dinheiro está em aplicações e eles falam para os filhos deles: ‘Olha filho, seu dinheiro tá aplicado’”, explicou. 

Golpes e regulamentação

Abordado sobre casos recentes de golpes financeiros envolvendo criptomoedas, Matheus disse que o público já está mais maduro, mais ressabiado, com mais medo de “entrar em qualquer coisa”, mas admitiu que os esquemas continuam ocorrendo e que há necessidade de regulamentação, porém sem que isso represente uma centralização governamental. 

“Tudo que existe no mundo, pode ser usado para o bem ou para o mal. O mundo de cripto também é assim, há pessoas que vão usar para o bem e outras vão usar para o mal. Então a regulamentação, neste sentido, é necessária para evitar muita fraude… até para o crescimento da cripto em um nível global… mas eu defendo que também não pode centralizar tudo, porque, se centralizar tudo, a gente vai perder a essência da cripto, que é algo descentralizado, então não faria muito sentido”, completou.

O head citou o caso recente envolvendo a modelo Sasha Meneghel, que acionou a justiça contra a Rental Coins sob alegação de ter sido vítima de esquema de pirâmide financeira. A empresa é controlada por Francis da Silva, o “Sheik dos Bitcoins”, que também é suspeito de ter lesado clientes italianos em mais de 2 milhões de euros, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

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