Argentinos usam USDT como proteção após demissão de ministro das finanças
Os argentinos estão recorrendo as stablecoins como proteção após o ex-ministro da Economia do país, Martin Guzman, renunciar ao cargo no último sábado (2).
Guzman escreveu uma carta de renúncia publicada no Twitter após meses de brigas internas em torno de um acordo de renegociação com o Fundo Monetário Internacional (FMI), assinado pelo governo anterior.
O preço do USDT em pesos argentinos nas exchanges disparou depois que o ministro tuitou sua renúncia, segundo o CriptoYa, que acompanha os preços de forma simultânea. Um USDT foi vendido por 257 pesos na Binance. Já na Lemon Cash Exchange, o valor subiu 11%, atingindo cerca de 279 pesos.
Embora pequenas quantidades de criptomoedas se movimentassem pelos mercados argentinos, isso por si só poderia indicar agitação, já que a renúncia de Guzman revela a divisão entre o presidente Alberto Fernandez e a vice-presidente Cristina Fernandez de Kirchner.
Kirchner, nos últimos meses, tornou-se uma crítica do tratamento da inflação pelo governo, afastando votos do acordo de Guzmán com o FMI. O ex-ministro também reestruturou US$ 65 bilhões em títulos internacionais com credores privados há dois anos, o que pouco fez para aplacar a confiança do mercado. Ele passou a conter a maré do déficit fiscal nacional depois que este atingiu seu pico em 2020.
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FMI joga duro com a Argentina
Parte do acordo de reestruturação da dívida de US$ 45 bilhões de Guzmán com o FMI para evitar a inadimplência de US$ 19 bilhões em março incluiu o compromisso de conter o uso de criptomoedas no país. Esse movimento foi fortemente criticado pelos cidadãos, que na época foram às ruas para mostrar sua insatisfação.
A medida também atraiu críticas do famoso investidor de Bitcoin (BTC) Anthony Pompliano, que elogiou o povo argentino por fazer suas vozes serem ouvidas.
Adoção cripto aumenta apesar da falta de regulamentações
A instabilidade do peso fez com que os funcionários que recebem pagamentos em criptomoedas tenham aumentado 380% no ano passado. Isso fez com que a população local se tornasse a base internacional de funcionários mais significativa do mundo a ser paga nesses ativos.
Em março, jogos play-to-earn (P2E) como o Axie Infinity estavam sendo usados pelos argentinos como fontes de receita de criptomoedas, mesmo que os salários pagos em pesos continuassem sendo desvalorizados. Os argentinos jogam em nome de americanos e alemães e recebem uma parte dos ganhos obtidos, já que muitos jogos exigem capital significativo para começar a jogar.
A Argentina atualmente carece de uma estrutura regulatória abrangente de criptomoedas. No entanto, a pressão da população forçou dois bancos em maio a oferecer aos seus clientes a opção de comprar USD Coin (USDC), Ethereum (ETH), Bitcoin e XRP (XRP), usando uma plataforma chamada Lirium, desde que seus salários fossem depositados em suas contas bancárias.
Esse movimento foi censurado pelo Banco Central do país, que disse que as entidades reguladas não deveriam se envolver em um mercado ainda sem regulamentação.
A mineração de criptomoedas tradicionalmente encontrou um lar no sul da Argentina, que oferece eletricidade barata. Mas o aumento dos impostos sobre energia fez com que uma das maiores empresas de mineração do país experimentasse um aumento de 400% em seus custos de energia.
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