Analista aponta níveis de suporte e resistência que vão determinar preço do Bitcoin no curto prazo

Depois de um final de semana que registrou a maior realização de prejuízos da história do Bitcoin, ação de preço do BTC deve ficar a restrita a uma faixa estreita, afirma Diego Consimo, analista da Crypto Investidor.

Tanto o fechamento semanal no domingo, 19, quanto a abertura dos mercados nesta segunda-feira, 20, registraram o preço do Bitcoin (BTC) acima de US$ 20.000, oferecendo um alento temporário para os investidores após a pior semana de 2022 até agora – um padrão que tem se mostrado recorrente especialmente desde o colapso do Terra Classic (LUNC).

Entre 13 e 19 de junho, o preço do BTC caiu de US$ 26.574 para US$ 20.574, acumulando perdas de 22,5% – o pior desempenho semanal do par BTC/USD desde maio do ano passado.

Apesar do aparente estancamento da sangria dos últimos dias, o futuro do Bitcoin no curto prazo ainda é incerto, de acordo com Diego Consimo, fundador da Crypto Investidor, em uma análise exclusiva para o Cointelegraph Brasil.

Capitulação e pânico tomam conta do mercado

Dados on-chain compilados pela Glassnode publicados ao final do domingo em um thread no Twitter revelam que em três dias, os investidores foram tomados pelo pânico e realizaram prejuízos em um volume nunca antes registrado em toda a história do Bitcoin.

No período em questão, 555.000 BTCs foram negociados na faixa de preço entre US$ 18.000 e US$ 23.000. Ao todo, US$ 7,3 bilhões em BTC foram negociados a preços inferiores aos que haviam sido originalmente comprados.

Os últimos três dias consecutivos registraram o maior prejuízo realizado denominada em dólares na história do #Bitcoin.

Mais de US$ 7,325 bilhões em perdas de BTC foram consumados por investidores que gastaram moedas acumuladas a preços mais altos.

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— glassnode (@glassnode)

Os dados revelam ainda que o pânico atingiu tanto hodlers quanto investidores de curto prazo em busca de lucros pontuais em negociações ocasionais. Moedas que não eram movidas há mais de um ano registraram um pico de atividade, enquanto o suprimento em posse de detentores de longo prazo – entidades da rede que mantém seus BTC por 155 dias ou mais – decaiu sensivelmente, chegando a níveis que não eram vistos desde agosto do ano passado.

Os dados da Glassnode revelam que alguns traders que compraram Bitcoins perto do topo histórico de US$ 69.000 abriram mão de suas moedas por valores tão baixos quanto US$ 18.000, realizando prejuízos de aproximadamente 75%.

Por fim, os dados da Glassnode revelam que o suprimento de Bitcoins atualmente no lucro chegou a níveis inferiores a 50% quando a maior criptomoeda do mercado bateu no fundo de US$ 17.622 no domingo, 19. Historicamente, segundo a Glassnode, os ciclos de baixa anteriores do Bitcoin atingiram o fundo e se consolidaram quando 40% a 50% do suprimento em circulação estava no lucro.

Perspectivas de curto prazo

Segundo Diego Consimo, de fato o Bitcoin está próximo ao fundo, mas os US$ 17.622 alcançados no fim de semana podem ainda não ser o preço mínimo final do atual ciclo de baixa:

“Essa queda abaixo de US$ 18.00 não quer dizer que já encontramos o fundo, mas indica que estamos próximos do fundo. No último final de semana, o BTC perdeu seu principal suporte dos U$20.000 e testou a região dos U$17.600. De acordo com nossa última análise, cogitamos, sim, a possibilidade de um teste na região dos U$14.000. Ou seja, possivelmente essa região será a zona que irá marcar o fundo do Bitcoin.”

No gráfico abaixo, Consimo destaca o padrão ombro-cabeça-ombro invertido, que aponta para o fundo em US$ 14.000 antes de uma possível recuperação do preço do BTC.

Gráfico semanal BTC/USD com padrão ombro-cabeça-ombro invertido. Fonte: Crypto Investidor (Trading View)

Mirando possíveis ralis de alívio no curto prazo, o próximo alvo rumo a dias melhores ainda parece distante diante das atuais circunstâncias, segundo o analista da Crypto Investidor:

“No curto prazo, o BTC precisa romper a região dos U$22.300 para buscar seu próximo alvo na região de U$26.000. Essas são regiões de resistências devido às médias móveis diárias de 9 e 21 períodos. Além disso, temos nessa mesma zona de resistência as médias móveis semanais de 200 períodos, ou seja, teremos muita dificuldade para romper essa região.”

Embora o índice de força relativa (RSI) mantenha-se em região de sobrevenda, o movimento mais provável ainda é o descendente, conforme as duas opções delineadas no gráfico abaixo.

Gráfico de 4 horas BTC/USDT (Binance) com zonas de suporte e resistência de curto prazo. Fonte: Crypto Investidor (Trading View).

As perspectivas de curto prazo sigam desfavoráveis, mas Consimo destaca o MVRV Z-Score como outro indicador que está apontando que o mercado está bem próximo da capitulação, a julgar pelo histórico de ciclos de baixa anteriores:

“O Bitcoin está próximo do fundo, de acordo com o indicador MVRV Z-Score, que nos mostra quando o BTC está extremamente acima ou abaixo do valor em relação ao seu ‘valor justo’. Como podemos observar na imagem abaixo, historicamente desde 2010 toda vez que a linha marrom do Z-Score entrou na zona verde, o Bitcoin encontrou seu fundo e iniciou o processo de acumulação para uma reversão rumo a um novo ciclo de alta.”

MVRV Z-Score em 20 de junho. Fonte: Look into Bitcoin

O MVRV Z-Score (Valor de mercado/valor realizado) é um popular indicador on-chain utilizado pelos traders para calcular o suposto preço justo do Bitcoin em função de sua capitalização total de mercado total (valor de mercado) em relação ao valor realizado, que é uma medida dessa capitalização levando-se em conta o preço de negociação no momento em que cada moeda do suprimento circulante foi transacionada pela última vez.

Na tarde desta segunda-feira, 20, o Bitcoin é negociado exatamente na faixa de US$ 20.000, acumulando uma alta intradiária de 2%, de acordo com dados do CoinMarketCap.

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