‘Queda do ETH é certa após atualização Shanghai’, dizem pesquisadores

Investidores liquidarão posições, mas a pressão de venda pode ser muito menor do que aquela antecipada pelo mercado

A atualização Shanghai, do Ethereum (ETH), está prevista para ocorrer em março, e trará a possibilidade de sacar ETH em staking. O evento tem sido visto com preocupação por alguns dos investidores, que temem uma pressão de venda e consequente queda no preço do criptoativo.

Na terça-feira (7), o usuário que se identifica como Korpi no Twitter fez uma série de publicações abordando o tema. Ele separou os validadores em diferentes categorias e calculou as quantidades máximas de ETH que podem ser vendidas. Rony Szuster, analista do MB Research, conversou com o Cointelegraph Brasil sobre o mesmo tema. A conclusão é: uma queda é certa, mas não na intensidade esperada por muitos.

Total de ETH para saque

Korpi estima que três milhões a seis milhões de ETH podem ser sacadas após a atualização Shanghai. O importante, no entanto, é tentar entender quanto desse total pode ser vendido no mercado.

Primeiro, o autor das publicações afirma que existem dois tipos de saques: parcial e total. O saque parcial envolve a retirada das recompensas conquistadas durante o período de staking, e pode ser feito somente por validadores com saldos acima de 32 ETH. Já o saque total consiste na remoção de todo o saldo de ETH em staking, e pode ser feito por validadores que desejam deixar de participar do processo de segurança do Ethereum.

“Se a atualização Shanghai acontecesse hoje, seria possível sacar 1.021.602 ETH na forma de saques parciais (recompensas de 512 mil validadores ativos), e 37.758 ETH de saques totais (saldo dos 1.105 validadores que desejam sair). O total é de 1.059.360 ETH”, diz Korpi.

Caso a tendência de crescimento de validadores se mantenha, os cálculos de Korpi indicam que cerca de 1,119 milhão ETH poderia ser retirado através de saques parciais. Em outra publicação, no entanto, é feita uma ressalva: há um limite de saques de ETH que podem ser processados. 

Apenas 16 saques podem ser processados a cada 12 segundos e, nos casos de saques totais, são processados somente oito deles a cada seis minutos e meio, aproximadamente. Em um cenário onde 10% dos validadores resolvem realizar saques totais, 57,6 mil ETH serão liberadas diariamente durante um mês. 

“Resumindo tudo: 1,119 milhão ETH de saques parciais, 38 mil ETH de saques totais de validadores que já decidiram sair e 1,728 milhão ETH de saques totais dos 10% de validadores que podem querer sair. Isso dá um total de 2,885 milhões ETH.”

Imagem: ritmo de saques diários/Korpi

Perfis dos validadores

Antes de estimar quão forte pode ser a pressão de venda de ETH após os saques, é necessário entender, antes, os perfis dos validadores. Rony Szuster, analista do MB Research, afirma que parte dos validadores que efetuarão os saques são investidores focados no longo prazo. Os dados mencionados por Szuster são de um relatório da empresa de inteligência Messari.

Outro ponto que colabora para manter a pressão de venda baixa é o alto número de ETH retirados do staking através de saques parciais, diz Szuster. “Muitos investidores tendem a pegar essas quantias em ETH e reinvestir, criando novos validadores, aliviando ainda mais a pressão de venda.”

Além disso, as soluções de staking líquido já atendem os investidores mais focados em operações de curto prazo com ETH, acrescenta o analista do MB Research. “Há princípio, esses traders não terão tanto interesse nessa liquidez da atualização Shanghai, porque eles já usufruem dessa liquidez atualmente.”

Korpi se posiciona na mesma linha de Szuster. Ele divide os validadores entre: staking em exchanges centralizadas, staking em plataformas de staking líquido, pools de staking, baleias e validadores não identificados.

Imagem: tipos de validadores/Dune Analytics

Para o autor das publicações, os validadores que alocaram Ethers em liquid staking e em exchanges centralizadas oferecerão pouca pressão de venda. O mesmo ocorrerá nos pools de staking, que não obtêm vantagens ao incentivar o saque parcial de ETH, fazendo com que novos validadores sejam criados.

O maior perigo, na visão de Korpi, está nas baleias e investidores que fizeram staking por conta própria. Mesmo nesses casos, no entanto, é possível que existam muitos investidores de longo prazo. Por isso, há a chance de que parte das ETH retiradas de staking por esses investidores não sejam vendidas.

Possíveis cenários

Após analisar os perfis dos investidores, Korpi listou três diferentes intensidades para as pressões de venda:

“Baixa: 436 mil ETH, 14 mil ETH por dia ao longo de um mês; 
Mediana: 1,39 milhão ETH, 23 mil ETH por dia ao longo de dois meses;
Agressiva: 2,917 milhões ETH, 32 mil ETH por dia ao longo de três meses.”

O primeiro modelo, destaca o autor das publicações, é comparável ao fluxo de venda de ETH causado por mineradores, antes da transição para o modelo de prova de participação. “A baixa intensidade é basicamente um não-evento, enquanto as intensidades mediana e agressiva representam forte pressão de venda.”

Rony Szuster, do MB Research, acredita em um movimento de venda mais contido. “Existem aqueles que querem realizar lucros e os que precisam de liquidez, e eles vão vender ETH. Há também o cenário de profecia realizável, onde a simples expectativa pela queda nos preços pode acabar fazendo com que ela ocorra. Mas não vejo uma queda expressiva ocorrendo”, avalia Szuster.

Por fim, o analista ainda levanta a possibilidade de novos investidores comprarem ETH para realizarem staking, após verificarem que o mecanismo de saque funciona, garantindo a liquidez. “Pode ser que, após uma queda, o preço se recupere rapidamente, justamente pelos players que podem entrar após a atualização Shanghai”, conclui.

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