Moradores da periferia de São Paulo usam ‘gato’ de energia para minerar Bitcoin e Ethereum

Moradores das periferias em São Paulo usam desvios de energia para minerar Bitcoin de forma privada, mas nem assim atividade é suficiente para a renda.

Os moradores das periferias de São Paulo e do Rio de Janeiro estão fazendo uso de ‘gatos’ de energia para minerar criptomoedas, conforme matéria do portal do Estadão.

Em São Paulo, um morador da comunidade de Paraisópolis denominado Danilo (nome fictício) faz seu computador funcionar 24 horas por dia sem trégua para minerar Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH). Ele usa a energia de forma clandestina, como é comum em bairros mais pobres, para manter a máquina funcionando.

Os rendimentos com mineração, porém, mesmo assim são insuficientes. Para compor a renda, Danilo também trabalha como motorista de Uber. A matéria calcula quanto ele gastaria se utilizasse um fornecimento de energia “oficial”:

“Se fosse pagar pela energia que consome, com a tarifa de R$ 0,42 por kWh em São Paulo, Danilo gastaria cerca de R$ 300 por mês só para rodar o computador que ele comprou na Santa Ifigênia, rua conhecida na cidade pela venda de produtos eletrônicos. A máquina custou R$ 9 mil, tem uma placa-mãe e quatro placas de vídeo. A fonte usada por Danilo tem potência de 1.000 watts e minera 24 horas por dia. Em um mês, o consumo atinge 720 kWh.”

Como o Cointelegraph Brasil já noticiou, a mineração de criptomoedas no Brasil tem no preço da energia um grande impeditivo para o negócio ser lucrativo. Além disso, a importação de equipamento de mineração também tornou-se impraticável desde que as taxas subiram em meio à pandemia.

Na matéria, o CEO da empresa de mineração Bitminex, Lauriney Santos, reforça que a mineração no país é inviável:

O Brasil, infelizmente, não é economicamente viável para mineração de nenhuma criptomoeda

Se o Brasil não é o destino preferido dos mineradores de criptomoedas, o vizinho Paraguai tem atraído interessados, muitos deles brasileiros.

Rocelo Lopes, CEO da exchange brasileira Stratum, é um dos que exploram a mineração de Bitcoin no Paraguai, a preços cinco vezes mais econômicos. Ele começou a minerar em 2014 e hoje é dono de um pool de mineração com 8.000 máquinas. Ele diz que pretende expandir o parque para 25.000 máquinas em breve:

Para fazer algo industrial e profissional em Bitcoin você precisa de uma estrutura muito grande, até porque a máquina aquece demais. Não é um negócio simples de fazer.

Além do Paraguai, a Venezuela também contrasta com o Brasil ao oferecer energia a preços competitivos para a mineração de criptomoedas, pois é financiada pelo governo.

No Brasil, a fornecedora de energia para o estado de São Paulo, a Eletropaulo, diz que desconhece as atividades clandestinas de mineração e por isso não tem como calcular seu impacto. Já a Light, fornecedora no Rio de Janeiro, diz que a energia no estado já é mais cara porque tem de compensar os desvios de energia elétrica.

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