Exchanges abraçam programas de empréstimo para tentarem reaquecer mercado de criptomoedas
Setor ainda é pequeno quando comparado à alavancagem tradicional, mas facilitação ao crédito já é vista como risco de criação de nova bolha.
Atingidas por diversos crashes que começaram em dezembro de 2021, as exchanges de criptomoedas, em uma contraofensiva de enfrentamento da queda de receita, incrementaram nos últimos meses programas de empréstimo de criptomoedas em uma corrida para reaquecer o setor. Em contrapartida, na avaliação de alguns especialistas ouvidos pela Boomberg, os riscos decorrentes da criação de uma nova bolha podem crescer na mesma velocidade.
Citando programas lançados recentemente, como os da Coinbase e da Binance, a publicação observou que o setor de empréstimos ainda é pequeno quando comparado à bolha de alavancagem que derrubou grandes fatias do mercado cripto quando estourou em 2022. O que não reduz as preocupações daqueles que temem pela formação de novas bolhas, decorrente da tentativa de reaquecimento do mercado cripto pelas vias dos empréstimos.
“Isso certamente poderia lhes sair pela culatra, cada vez que você pega um ativo e empresta, você cria uma alavancagem, e isso gera fragilidade. Eu acho que o setor cripto em geral está tentando de tudo neste momento, em um tipo de luta existencial”, avaliou a Hilary Allen, professora da Faculdade de Direito da Universidade Americana, de Washington (EUA).
Apesar da indisponibilidade de dados agregados sobre empréstimo de criptomoedas pelas exchanges, a modalidade dá sinais de competitividade entre as exchanges, que lançaram diversos programas nos últimos sete meses.
O que coincide com a queda acentuada nas negociações à vista (spot) no terceiro trimestre desse ano em comparação com o mesmo período do ano anterior, como a da Coinbase (-50%) e a da Binance (-64%), segundo dados da empresa de software de acesso a dados e soluções de conectividade CCData.
A retração também pode ter relação como o colapso de empresas que estimulavam a atividade de empréstimo de criptomoedas, como Celsius e Genesis. Já as exchanges garantem que aprenderam a lição com a carnificina do passado.
Foi o que sugeriu o diretor executivo da Bitstamp, Jean-Baptiste Graftieaux, que ressaltou o crescimento de salvaguardas para a concessão de crédito. Como a Tesseract, sediada na Finlândia, parceira da exchange de criptomoedas para facilitar empréstimos e formadores de mercado. Segundo a Tesseract, os empréstimos só são liberados com depósito a custodiantes terceirizados, em criptomoedas como o Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH) e sablecoins.
Mesmo assim, a camada de opacidade decorrente da volatilidade extrema à qual o mercado de criptomoedas está propenso continua preocupando os especialistas, que alegam a dificuldade de aferição do efeito dos empréstimos sobre o ecossistema cripto.
No final de setembro, a empresa de empréstimos Bitcoin Ledn também anunciou o lançamento de um produto de rendimento Ethereum, conforme noticiou o Cointelegraph.
LEIA MAIS: