Mulheres aumentam aportes em criptomoedas no Brasil, apontam dados da Receita Federal
Apesar da baixa participação nas operações, valor das movimentações com criptoativos realizadas pelo público feminino é o mais alto desde agosto de 2019
A participação das mulheres nos valores movimentados com criptomoedas no Brasil foi de 17,45% em maio deste ano. Este é o maior patamar desde agosto de 2019, quando a Receita Federal (RF) implementou a Instrução Normativa nº 1888 (IN 1888). Fontes ouvidas pelo Cointelegraph Brasil comentam os dados da RF referentes à participação feminina no mercado cripto.
Aportes maiores
As informações divulgadas pela Receita Federal apontam que as investidoras participaram de apenas 12,04% das operações com criptoativos realizadas no Brasil em maio. Com exceção do mês de abril deste ano, quando a participação feminina nas operações com cripto foi de 10,55%, os números de maio são os menores desde junho de 2021.
Mesmo assim, em termos de valores, a presença das mulheres é a maior em quase quatro anos de vigência da IN 1888. Inaiara Florêncio, diretora de estratégia de conteúdo e influência do Mercado Bitcoin, avalia que os dados podem ter relação ao perfil de investimento menos especulativo das mulheres.
“Outro ponto que pode ter correlação é que as mulheres investem menos por especulação e aprofundam conhecimento, diminuindo riscos e se planejando para fazerem aportes maiores”, diz Florêncio. Sob essa perspectiva, é plausível o aumento nos valores no mesmo período em que o número de operações está em baixa.
A diretora do Mercado Bitcoin salienta, no entanto, que os números reforçam a baixa participação feminina, em números absolutos, no mercado de ativos digitais. “Avançamos em passos lentos, mas acredito que há um impacto na ‘massificação’ do uso da tecnologia pelas mulheres”, afirma.
Analía Cervini, Vice-Presidente de Comunicação da Bitso, também aponta que a participação dos homens no mercado de criptomoedas ainda é maioria. Ela ressalta, porém, que o número de mulheres participando do mercado exibe crescimento, e que o público feminino tem apresentado um padrão de investimento focado no médio e longo prazos.
“Uma pesquisa recém divulgada pela Bitso mostrou uma tendência maior das mulheres entrarem e permanecerem no mercado cripto nos próximos meses, e ainda dispostas a investir mais que os homens”, diz Cervini. “Segundo o estudo, 58% das pessoas que nunca tiveram, mas têm interesse em ter cripto, são mulheres. E 71% das pessoas que já tiveram cripto e não têm mais são homens”, completa.
Além disso, a porta-voz da Bitso comenta que 61% das mulheres que investem em cripto se mostram mais satisfeitas com a rentabilidade dos investimentos em cripto. A mesma satisfação atinge somente 48% dos homens.
Outro ponto relevante do estudo comentado por Cervini é o otimismo das investidoras em relação à regulamentação, já que 69% das mulheres acreditam que a regulação incentivará mais negociações.
“Esses resultados mostram que as investidoras têm se apropriado das novas tecnologias, se interessando mais e demonstrando maior entendimento sobre a dinâmica do mercado, agindo de maneira mais assertiva e segura”, avalia Cervini.
Educação pode ser catalisador
Materiais educativos voltados ao público feminino pode ser um dos fatores por trás do aumento da confiança nos criptoativos por parte das mulheres. Inaiara Florêncio, do Mercado Bitcoin, afirma que há uma série de projetos que têm atuado propositivamente para falar com o público feminino no Brasil.
Analía Cervini, da Bitso, compartilha da mesma visão. Em sua visão, o trabalho de educação financeira e divulgação do mercado cripto tem proporcionado maior diversificação e espaço para as mulheres no mercado de investimentos.
“A pesquisa [da Bitso] traz importantes recortes sobre o ponto de vista das investidoras em relação à regulamentação do mercado, confiança e diversificação de casos de uso, evidenciando que, apesar de ainda termos um longo caminho pela frente, estamos caminhando na direção certa para alcançar todo potencial de inclusão financeira que a criptoeconomia oferece”, conclui Cervini.
Leia mais: