Real Digital não deve ser fundamental para incluir desbancarizados, destaca executivo do Banco Central

O Real Digital, desenvolvida pelo Banco Central, deve ter maior impacto na inovação e eficiência de serviços financeiros do que na inclusão bancária, destaca Banco Central

O Real Digital, desenvolvida pelo Banco Central, deve ter maior impacto na inovação e eficiência de serviços financeiros do que na inclusão bancária, de acordo com Renato Dias de Brito Gomes, diretor de organização do sistema financeiro e de resolução do Banco Central. A declaração foi feita durante um evento organizado pelo Financial Times.

Durante o evento, Gomes disse que acredita que a tokenização e a tecnologia blockchain podem tornar as transações internacionais mais econômicas e resolver problemas como a execução de garantias em operações financeiras no Brasil.

“O Brasil tem um problema de execução de garantias, então a tokenização de ativos reais pode tornar automática essa etapa. O ‘backstage’ será mais eficiente”, explicou.

Apesar desses benefícios, Gomes ressaltou que o impacto do Real Digital na inclusão financeira da população desbancarizada será menor do que o do PIX.

“O PIX fez muito pela inclusão financeira. As pessoas estão substituindo dinheiro físico por PIX. Para pagamentos no varejo já temos uma solução. Não acho que inclusão financeira é um dos casos de benefício mais óbvios [do Real Digital].”

Fórum Real Digital

Sobre a CBDC nacional, o Banco Central anunciou na última terça-feira (9) a criação do Fórum Real Digital, através da Portaria Nº 117.231. Segundo o documento, o fórum funcionará como um comitê consultivo permanente, com o objetivo de facilitar a comunicação com agentes e entidades representativas de instituições reguladas pelo Banco Central, além de outros setores envolvidos no desenvolvimento da plataforma do Real Digital.

O fórum será coordenado pelo chefe do Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos (Deban), e em suas ausências, será substituído pelo servidor Fabio Araujo. 

O regulamento anexo à portaria define o Fórum Real Digital como um espaço para consultas, trocas de informações e a orientação de expectativas acerca do piloto do Real Digital e de outros temas relacionados à moeda digital.

De acordo com o documento do BC, terão participação assegurada no fórum instituições reguladas pelo BCB, desenvolvedores ou provedores de aplicações ou serviços baseados na tecnologia de registro distribuído (DLT), provedores de serviços de tecnologia da informação e servidores do Banco Central e de outros órgãos e entidades reguladoras relacionadas aos assuntos discutidos.

A coordenação do Fórum Real Digital terá a função de definir os temas a serem discutidos, a periodicidade e a pauta das reuniões, decidir sobre a constituição de grupos de trabalho temáticos, responder a consultas, esclarecer dúvidas e fornecer ao Banco Central os subsídios necessários para a execução dos trabalhos relacionados ao piloto do Real Digital.

Bitcoin para os desbancarizados

Se o Real Digtal pode não ser efetivo para incluir os desbancarizados na economia o Bitcoin, a primeira criptomoeda descentralizada, tem o potencial de transformar o sistema financeiro global e, ao mesmo tempo, promover a inclusão financeira destes desbancarizados – um grupo estimado em cerca de 1,7 bilhão de pessoas em todo o mundo, de acordo com o Banco Mundial.

Os desbancarizados são aqueles que não têm acesso aos serviços bancários tradicionais, seja por falta de documentação, distância de agências bancárias, falta de conhecimento sobre o sistema financeiro ou falta de renda para manter uma conta bancária, entre outros pontos.

Esta situação de exclusão financeira tem repercussões diretas na qualidade de vida dessas pessoas, limitando seu acesso ao crédito, à poupança segura e a meios de pagamento eficientes.

O Bitcoin, através de sua natureza descentralizada e digital, tem o potencial de mitigar muitos desses desafios. Aqui estão algumas maneiras pelas quais o Bitcoin pode ajudar a incluir os desbancarizados na economia global:

  • Acessibilidade: Como o Bitcoin é digital, tudo que se precisa para acessá-lo é uma conexão com a internet. Isso significa que pessoas em áreas remotas ou sem acesso a uma instituição bancária podem entrar na economia digital usando Bitcoin.
  • Baixo Custo: Transações em Bitcoin podem ser feitas a custos muito baixos, especialmente em comparação com as taxas cobradas por remessas internacionais ou transações bancárias tradicionais. Isso é especialmente benéfico para os trabalhadores migrantes que enviam dinheiro para suas famílias em seus países de origem.
  • Inclusão Financeira: O Bitcoin permite que qualquer pessoa com um smartphone possa ter uma “conta bancária” na forma de uma carteira de Bitcoin. Isso pode permitir o acesso a serviços financeiros básicos, como poupança e transações, sem a necessidade de um banco.
  • Empoderamento Econômico: O Bitcoin é uma forma de dinheiro “programável”, o que significa que pode ser usado para criar contratos inteligentes e outros instrumentos financeiros que podem ajudar a fornecer crédito e outros serviços financeiros para os desbancarizados.
  • Proteção contra a Inflação: Em países onde a moeda local é instável, o Bitcoin pode oferecer uma alternativa mais estável e uma maneira de proteger o valor do dinheiro contra a inflação.

Apesar do seu potencial, a adoção do Bitcoin pelos desbancarizados também tem desafios, incluindo a volatilidade dos preços do Bitcoin, a necessidade de educação financeira e digital, e as questões regulatórias. No entanto, com o avanço das tecnologias blockchain e das fintechs, o Bitcoin e outras criptomoedas continuam a oferecer uma promessa significativa para a inclusão financeira global.

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