3 tokens DeFi que subiram até 127% em uma semana de debates sobre censura na Ethereum
Setor de DeFi permanece estável como o restante do mercado enquanto potencial censura a transações da Ethereum após transição para mecanismo de consenso baseado em Prova-de-Participação torna-se o centro das atenções da comunidade.
Todas as atenções da comunidade de finanças descentralizadas (DeFi) parecem estar voltadas para os eventuais riscos ao futuro do setor representados por eventuais casos de censura a transações na Ethereum, a rede líder de contratos inteligentes, enquanto o mercado há semanas se mantém em rara estabilidade após um ano marcado por fortes perdas tanto em termos de capitalização de mercado quanto em valor total bloqueado (TVL).
Um mês após o The Merge, 51% dos blocos da Ethereum estavam em conformidade com os padrões da OFAC (Agência de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA), de acordo com os dados da empresa de desenvolvimento de blockchain Labrys.
No Twitter, membros da comunidade cripto lançaram alertas de que os números representam um evidente risco de recrudescimento à censura de transações, uma vez que mais blocos estão sob vigilância e ao alcance de sanções impostas por entidades governamentais como a que teve o Tornado Cash (TORN) como alvo.
Em um thread publicado no Twitter em 17 de outubro, o fundador e diretor de investimentos da Cyber Capital, Justin Bons, argumentou que, ao contrário de “o que alguns Bitcoiners estão alegando falsamente”, nenhuma transação no Ethereum foi bloqueada como resultado de sanções da OFAC.
Depois dele, o próprio fundador da Ethereum, Vitalik Buterin, se manifestou publicamente para defender que os validadores individuais que optarem por não incluir certas transações em determinados blocos devem “ser tolerados”. Buterin disse ainda que não gostaria que os membros da comunidade da Ethereum se tornassem “policiais da moralidade”.
Em pleno ciclo de baixa, é natural que temas quentes ganhem os holofotes e se sobreponham aos movimentos do mercado. O fato é que, até agora em 2022, os protocolos de finanças descentralizadas têm registrado um declínio severo no valor total bloqueado (TVL), em parte explicado pela própria desvalorização dos tokens do setor, mas também devido ao declínio do número de usuários.
Em 1º de janeiro, o TVL em protocolos DeFi somava US$ 166,9 bilhões. Nesta terça-feira, é de US$ 53,3, o que representa uma queda de 68%, de acordo com informações da plataforma de monitoramento de dados DeFi Llama. Nos últimos sete dias, no entanto, verificou-se uma estabilidade nesta métrica específica, que variou negativamente 1,2%.
Chama atenção o declínio de 30,1% do TVL no ecossistema DeFi da Solana (SOL) após o hack da Mango Markets em 11 de outubro. A principal rival da Ethereum registrou de longe o pior desempenho nos últimos sete dias no que diz respeito à métrica.
Depois da Solana, os principais perdedores foram a Polygon (MATIC), com um declínio de 3,8% no TVL, seguido por Avalanche (AVAX) e Optimism (OP), ambas com 2,4%, e a BNB Chain (BSC), com 1,4%. A líder Ethereum e a vice-líder Tron (TRX) registraram uma variação negativa marginal de menos de 1%.
Na contramão, a Cronos (CRO), rede blockchain da exchange Crypto.Com, e a Fantom (FTM) lideraram os ganhos em valor total bloqueado, com altas de 14% e 9%, respectivamente. A solução de camada 2 da Ethereum, Arbitrum, registrou alta de 1,3%.
Em um movimento inverso ao do valor total bloqueado, a capitalização de mercado dos tokens DeFi cresceu nos últimos sete dias, subindo de US$ 43,3 bilhões em 11 de outubro para US$ 44,1 bilhões nesta terça-feira – uma alta de 1,8%, de acordo com dados do CoinGecko.
Os principais destaques da semana foram os tokens das exchanges descentralizadas Mdex (MDX) e SushiSwap (SUSHI) e do Frax (FXS), protocolo emissor da stablecoin fracionária Frax.
Mdex (MDX)
A MDEX é uma exchange descentralizada baseada em formadores de mercados automatizados (AMM) baseada na BNB Chain e na Huobi Ecological Chain (HECO), sendo que esta última lhe dá acesso à liquidez do ecossistema Ethereum.
As taxas de transação da MDEX tem um custo estimado em US$ 0,001 para swaps de tokens, com uma velocidade média de transação de três segundos.
Em 10 de outubro, a Mdex anunciou o lançamento do do serviço de negociação de futuros perpétuos, com suporte para operações de alavancagem de até 200 vezes. A DEX oferece 10% de desconto nas taxas de negociação para traders que utilizarem o MDX para pagá-las.
Para celebrar o lançamento do novo serviço, os desenvolvedores do projeto anunciaram um airdrop de US$ 10.000. Os traders que abrirem uma posição na plataforma têm a chance de ganhar pelo menos US$ 15 em MDX.
É possível que tudo isso tenha contribuído para gerar pressão compradora no mercado, favorecendo a valorização do token nos últimos dias. Além disso, em 15 de outubro, a Mdex anunciou a recompra e a queima de 440.000 MDX. O evento também pode ter contribuído para a valorização do token.
🔥 $MDX buyback and burned this week (Oct. 9 – Oct. 15): 0.440M
💜Stay tuned to @Mdextech for more weekly updates.#MDEX #MDEXSWAP #MDX #HECO #BSC #BNBCHAIN #HT pic.twitter.com/0hbSMps3QP
— Mdex.com (@Mdextech) October 15, 2022
Recompra e queima de $MDX esta semana (9 de outubro a 15 de outubro): 0,440M
💜Fique ligado em @Mdextech para mais atualizações semanais.#MDEX #MDEXSWAP #MDX #HECO #BSC #BNBCHAIN #HT
Por fim, a compra da exchange de criptomoedas Huobi pelo bilionário das criptomoedas Justin Sun, patrono da Tron. Uma vez que a DEX está baseada na blockchain da Huobi, a notícia também pode ter contribuído para a valorização do MDX.
O token disparou 127,6% nos últimos sete dias, saltando de US$ 0,075 em 11 de outubro para US$ 0,168 nesta terça-feira, de acordo com dados do CoinMarketCap. Atualmente, o MDX tem uma capitalização de mercado de US$ 155,4 milhões e ocupa a 155ª posição no ranking de criptomoedas.
Desempenho semanal do MDX. Fonte: CoinMarketCap
Frax Share (FXS)
O Frax Finance é o protocolo responsável pela emissão e administração da primeira stablecoin algorítmica fracionária – uma criptomoeda de código aberto e não permissionada. Atualmente baseada na rede Ethereum, a ideia é que ela se torne um ativo cross-chain no futuro. O objetivo do protocolo é fornecer uma moeda algorítmica descentralizada e escalável em alternativa a ativos digitais de suprimento fixo e valor flutuante, como o Bitcoin por exemplo.
O protocolo funciona a partir de um sistema monetário dual baseado no FRAX e no Frax Share (FXS). A primeira é uma stablecoin cujo objetivo é manter-se atrelada ao valor nominal de US$ 1,00 por unidade e não possui um suprimento fixo definido; a segunda é o token de governança do protocolo, cujo suprimento total é de 100 milhões de unidades, e que adquire valor a partir de toda nova unidade de FRAX cunhada, de taxas de negociação e de ativos colateralizados excedentes.
De acordo com os desenvolvedores do projeto, trata-se de uma modalidade totalmente nova de stablecoin. Até então, havia três categorias diferentes: atreladas a moedas fiduciárias, como o dólar; sobrecolateralizada, que utilizam criptomoedas como garantia; e algorítmicas, sem ativos colateralizados como garantia.
O Frax seria a primeira stablecoin descentralizada cuja manutenção da estabilidade é calibrada na proporção entre os ativos colateralizados e o seu algoritmo. Se o FRAX estiver sendo negociado acima de US$ 1,00, o protocolo diminui o índice de colateralização. Se o FRAX estiver sendo negociado abaixo de US$ 1,00, o protocolo aumenta o índice de colateralização.
Desde o final do ano passado, o preço do FXS vem sendo impulsionado pela crescente adoção do FRAX. Esta semana, o Frax Finance anunciou o lançamento de um serviço de staking líquido para o Ether (ETH), em moldes similares ao Lido Finance (LDO).
O novo recurso permitirá que os usuários do protocolo bloqueiem ETH em staking e recebam um token derivado chamado Frax Ether (frxETH). Assim como o stETH do Lido, o novo token do ecossistema Frax espelhará o preço do Ether, acumulará juros e será livremente negociável em outros protocolos DeFi.
O sistema criado pelo Frax funcionará da seguinte maneira. Primeiramente, os usuários depositam ETH para staking através do Frax ETH Minter, um recurso que cunhará o token derivado líquido vinculado ao valor subjacente do ETH depositado.
O Frax usará o ETH depositado para os validadores do Ethereum para gerar e distribuir rendimentos através do staking. Para receber o rendimento, os usuários terão que trocar o primeiro token derivado (frxETH) por um outro intitulado Staked Frax Ether (sfrxETH). Este segundo token acumulará os rendimentos de staking dos validadores da Ethereum da Frax ao mesmo tempo que mantém seu valor correlacionado com o Ether. Os juros poderão ser embolsados pelos usuários do protocolo convertendo o sfrxETH novamente em frxETH.
A divulgação da notícia contribuiu para que o FXS tenha acumulado ganhos de 33% nos últimos sete dias, saltando de US$ 4,74 em 11 de outubro para US$ 6,69 nesta terça-feira. A capitalização de mercado de US$ 109,1 milhões garante ao token a 172ª posição no ranking de criptomoedas, de acordo com dados do CoinMarketCap.
Desempenho semanal do FXS. Fonte: CoinMarketCap
SushiSwap (SUSHI)
A SushiSwap é uma exchange descentralizada (DEX) criada a partir de um ataque vampiro à Uniswap (UNI), líder deste nicho do mercado. Basicamente, o ataque consiste na apropriação do código do protocolo original para criação de um projeto nos mesmos moldes, capaz de atrair usuários a partir de campanhas de mineração de liquidez.
Assim surgiu a SushiSwap. Além de roubar o modelo da concorrente, a DEX alternativa tentou roubar os usuários da líder do mercado promovendo a emissão e o lançamento de seu token nativo, o SUSHI, e distribuindo-o através de um airdrop para todos os usuários que se dispusessem a utilizar o protocolo.
Assim como a Uniswap, a SushiSwap é um protocolo de código aberto que opera como um formador automático de mercado (AMM). Este modelo permite que provedores de liquidez criem pools para que os usuários possam intercambiar uma infinidade de tokens de forma não permissionada.
Ambas as DEX eliminam intermediários confiáveis e formas desnecessárias de extração de valor, permitindo uma atividade de câmbio segura, acessível e eficiente. Os protocolos também são projetados para serem resistentes à censura.
Originalmente implementada na Ethereum, a SushiSwap está se tornando um protocolo multi-chain. Com um TVL de mais de US$ 500 milhões, a DEX agora está disponível também para os usuários da Polygon, da BNB Chain, da Solana, da Avalanche, da Fantom (FTM) e da Arbitrum, entre outras redes.
Em 5 de outubro, a GoldenTree, uma empresa privada com US$ 50 bilhões em ativos sob gestão, comprou US$ 5,2 milhões em tokens SUSHI e os bloqueou através do mecanismo de staking do protocolo. Além do investimento, os gestores da GoldenTree oferecerão sua experiência à equipe de desenvolvimento da SushiSwap nas áreas de design, estratégia e economia.
Imediatamente após a divulgação da notícia, o preço do SUSHI disparou. Depois de acumular ganhos de 14,8% na semana passada, o token nativo da DEX valorizou mais 18,8% nos últimos sete dias, saltando de US$ 1,25 em 11 de outubro para US$ 1,50 na tarde desta terça terça-feira, de acordo com dados do CoinMarketCap. Atualmente, a capitalização de mercado do SUSHI é de US$ 188,7 milhões, e o token ocupa a 140ª posição no ranking de criptomoedas.
Desempenho semanal do SUSHI. Fonte: CoinMarketCap
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