Blockchain contribui para a redução das perdas de café e melhorias no transporte no Brasil
Blockchain está conectando o mundo do agronegócio
O mercado geral de café continua crescendo graças à expansão das plantações e também ao aumento da eficiência da mecanização e do apoio logístico de ponta a ponta por meio da tecnologia baseada em Blockchain que tem facilitado o acompanhamento dos contêineres e o compartilhamento de informações solucionando os problemas de falta de comunicação, integração e visibilidade.
A tecnologia Blockchain tem sido grande aliada para reduzir perdas na pós-colheita e permitido que o processo de transporte seja mais seguro e eficiente. Os atributos da tecnologia blockchain são ideais para grandes redes de parceiros diferentes. O Blockchain estabelece um registro compartilhado e imutável de todas as transações que ocorrem em uma rede e permite que as partes autorizadas acessem dados protegidos em tempo real”, revela Beatriz Soares, Head de FMCG da Hamburg Süd.
A Maersk e IBM desenvolveram, em 2016, o TradeLens – uma plataforma de mercado sustentada por blockchain, que promove a troca de informações eficiente, transparente e segura para fomentar uma maior colaboração e confiança em toda a cadeia de suprimentos.
Kay Lohse, gerente geral ICL Internationale Commodity Logistik GmbH da Neumann Kaffee Gruppe (NKG), uma das maiores exportadoras brasileiras de café, implementou a tecnologia e revolucionou o transporte do grão.
“O TradeLens permitiu a visibilidade de ponta a ponta e está melhorando a comunicação de todos os parceiros do ecossistema à medida que recebem dados de eventos que os ajudam a coordenar esforços, mitigar riscos e replanejar rapidamente após atrasos”, afirma ele.
Por meio da tecnologia TradeLens, o Neumann Kaffee Gruppe (NKG) ganhou visibilidade das atividades no interior de suas operações brasileiras pela primeira vez em sua longa história na região. A empresa conseguiu integrar rapidamente novos parceiros do ecossistema, incluindo transportadoras, caminhoneiros, terminais e exportadores, à plataforma por meio do TradeLens Shipment Manager que consegue verificar o status dos contêineres em tempo real.
Como resultado da fácil implementação da plataforma e integração de parceiros do ecossistema, o NKG transferiu 15% dos negócios totais de importação para a plataforma TradeLens em um ano.
Desafios
Kay Lohse conta que antes de implantar a solução baseada em blockchain, com tantos fornecedores e prestadores de serviços, muitas vezes em locais remotos, era quase impossível rastrear os contêineres o tempo todo.
“Os sites das transportadoras forneciam as melhores informações disponíveis, mas consolidá-las levava tempo e normalmente não forneciam detalhes de eventos no interior, como entrega de contêineres vazios, enchimento, vedação ou chegada ao terminal”.
Outro desafio para o transporte era a dependência tradicional do importador de conhecimentos de embarque em papel (BL), que precisavam ser enviados internacionalmente, representava risco de perda de documentos e atraso na liberação da carga.
“A solução permitiu que os parceiros do ecossistema mudassem de BLs originais para conhecimentos de embarque digital, compartilhadas de forma segura e instantânea pela plataforma, gerando mais segurança e agilidade em todo este processo”, afirma a gerente de Vendas – Head de FMCG da Hamburg Süd .
Atualmente, o TradeLens é integrado a mais de 220 organizações, com dados de mais de dez transportadoras marítimas e mais de 600 portos e terminais ao redor do mundo.
O Brasil é considerado o maior produtor global de café e o principal exportador desse grão. As principais regiões produtoras são o sul de Minas Gerais e o norte do estado de São Paulo, enquanto o Porto de Santos é responsável por 70% das exportações nacionais.
Os maiores compradores do café plantado/produzido no Brasil são EUA (7.8 milhões de sacas), Alemanha (6.5 milhões de sacas), Itália (2.9 milhões de sacas), Bélgica (2.8 milhões) e Japão (2.5 milhões).
Considerando o transporte marítimo, pode-se dizer que a Europa é o maior consumidor do café brasileiro, com uma média de 12.3 milhões de sacas exportadas para o continente. Em seguida, estão os Estados Unidos com quase 8 milhões de sacas. E, para garantir que o grão chegue às mais distantes localidades consumidoras da bebida no mundo, o transporte é um ponto essencial.
Para transportar o grão para extremos do globo é preciso lidar com uma mistura complexa de prestadores de serviços, lacunas de visibilidade em locais do interior e fluxo manual de documentos comerciais em papel – ou seja, situações que geram atrasos na entrega, comunicação inacessível e em casos mais extremos, prejuízos e até perda da mercadoria.
“As exportações realizadas pelo grupo Maersk, nestes cinco maiores consumidores de café, contam com saídas regulares semanais. Com exceção do Japão que possui uma média de trânsito de 39 dias, o transporte para os demais países dura em média 23 dias e para trazer mais visibilidade no transporte do grão, a Maersk tem investido em soluções tecnológicas, como o Blockchain”, destaca Beatriz Soares.
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