Banco Central da Rússia reforça monitoramento de transações P2P, incluindo aquelas em criptomoedas
A recomendação do regulador visa evitar a fuga de capitais em meio ao colapso econômico.
O Banco Central da Rússia (CBR) recomendou que os bancos comerciais do país aumentem o monitoramento das transações dos usuários que possam ter como objetivo contornar as “medidas econômicas especiais do CBR para conter a saída de moeda estrangeira para o exterior”, informou a mídia local na quinta-feira (17/03). A recomendação inclui uma supervisão mais próxima do trade de criptomoedas, que é nomeado entre os veículos para retirada de capital da Rússia.
A carta, enviada às organizações bancárias pelo vice-presidente do CBR, Yuri Isaev, na quarta-feira (16/03), orienta-os a prestar mais atenção às instâncias do “comportamento incomum” de seus clientes. Isso inclui atividade transacional “anormal” e padrões incomuns de gastos. Quaisquer saques de dinheiro por meio de moedas digitais também devem atrair mais atenção, especifica a carta.
Se necessário, as transações suspeitas devem ser bloqueadas e as informações sobre elas devem ser repassadas ao Serviço Federal de Acompanhamento Financeiro (Rosfinmonitoring).
Medidas especiais para limitar a saída de moedas estrangeiras foram decretadas nos primeiros dias da guerra na Ucrânia e as sanções econômicas resultantes. Eles incluem limitar as transações em moeda estrangeira dos cidadãos russos a US$ 5.000, bem como um limite de caixa de US$ 10.000 para quem viaja para o exterior. A compra de imóveis, títulos e outros ativos de residentes de jurisdições “não amigáveis” requer autorização do governo.
O vice-presidente da Associação de Bancos da Rússia, Aleksey Voylukov, explicou aos jornalistas que as recomendações do CBR pretendem impedir a disseminação de esquemas para contornar os limites impostos, especialmente por meio de exchanges de criptomoedas.
A notícia não é surpresa, considerando que mais de 10 milhões de cidadãos russos possuem coletivamente cerca de 5 trilhões de rublos (US$ 63 bilhões) em criptomoedas. Com seus cartões Visa e Mastercard desativados e seu próprio governo impondo restrições rígidas às transações, muitos cidadãos russos ficam com as criptomoedas como a única opção para movimentar seus fundos.
Apesar das narrativas generalizadas de oligarcas russos tentando esconder sua riqueza, em última análise, são as pessoas comuns que dependem da infraestrutura de ativos digitais em meio à inflação vertiginosa e ao controle monetário apertado pelo governo.
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