Jornalista diz que ‘criptomoedas são filhas diretas do excesso de liquidez’: ‘Vendem vento’
Luis Nassif reconheceu segurança da tecnologia blockchain, mas disse que ela foi usada para criar ‘a maior pirâmide da história’
Em uma publicação do último dia 15 de fevereiro, o jornalista Luis Nassif, do Jornal GGN, frisou a segurança da tecnologia blockchain, mas disse que ela foi utilizada para a criação da “maior pirâmide da história”, uma bolha que em breve “estourará e sairá definitivamente de cena”: as criptomoedas.
Nassif disse que a mídia corporativa apresenta os criptoativos como um “caminho para a democracia total” e uma “saída para os problemas cambiais”, o que seria uma espécie de curandeirismo comparado a “drogas milagrosas”, como o ipê roxo, apresentado décadas atrás.
Ao aconselhar seus leitores a não entrarem “nesse jogo”, no caso o mercado de criptomoedas, ele frisou que os criptoativos são criações de “espertalhões” a partir de uma tecnologia segura, a blockchain, que possibilita aos investidores comprarem e venderem “moedas digitais, que são cotadas diariamente.”
A pioneira foi o Bitcoin. Para emular o ouro, inventou-se uma ‘mineração’, a criação de moeda a partir do uso de computadores com uso intensivo de energia elétrica. Cada grupo define uma quantidade máxima de moedas deixando por conta de pessoas ‘minerar’ a moeda, com um custo alto de energia, disse.
O colunista comparou as criptomoedas com o vento, segundo ele apresentadas como investimento seguro, livre de políticas monetárias governamentais, imunes à inflação e protegidas dos controles da Receita e de bancos centrais.
Para o jornalista, as criptomoedas são consequência do excesso de liquidez na economia mundial, ampliada a partir da crise de 2008. O que faz o dinheiro saltar de um mercado para outro, formando bolhas. “Encontraram o ambiente ideal nas criptomoedas, porque não há limites para a criação de novas moedas e novas bolhas.”
Ele qualificou os tokens não fungíveis (NFTs) como “representação de um bem – que pode ser até uma imagem em JPEG” e usou alguns exemplares das coleções Bored Ape Yacht Club (BAYC) e CryptoPunks para dizer que “nem no auge das bolhas pós década de 70 se viu algo tão inusitado. Desenhos de um macaco de gorro laranja, um CryptoPunk foi vendido por US$ 5,59 milhões.”
Nassif disse ainda que as criptomoedas não têm a segurança da renda fixa, que as cotações possuem relação direta com a liquidez na economia, e são afetadas por instituições de governos e crises internacionais. Ele acrescentou que a falta de regulamentação favorece “movimentos radicais de valorização e depreciação” ao usar como exemplo a desvalorização do Bitcoin (BTC) desde sua máxima histórica, em novembro do ano passado.
O jornalista argumentou ainda que as criptomoedas servem como facilitadoras para criação de pirâmides financeiras, o que, segundo ele, foi o caso da empresa BlockFi Lending que “durante 18 meses, operou como uma empresa de investimento não registrada, oferecendo a seus clientes um rendimento anual de até 9,25%, Em dezembro de 2021, administrada uma carteira de US$ 10,4 bilhões, em ativos de mais de 572 mil investidores, 391 mil dos Estados Unidos. Foi autuada pela SEC (a CVM americana) em US$ 100 milhões por empréstimos irregulares em criptomoedas.”
Ele também lembrou da prisão do casal Ilya Lichtenstein e Heather Morgan no início de fevereiro em Nova York, “acusados de lavar um recorde de US$ 4,5 bilhões em criptomoedas”, rechaçou o que chamou de “extravagâncias [sem limite] dos novos ricos” ao exemplificar a compra de uma ilha pelo investidor Anthony Welch, local onde a economia passaria a girar em torno das criptomoedas por meio de uma “democracia baseada na blockchain”. O que ele classificou como estupidez reproduzida pelos jornais brasileiros e uma “bolha que estourará e sairá definitivamente de cena”, quando segundo ele, “a mídia e o mercado se darão conta de que foi a maior pirâmide da história.”
Em setembro do ano passado, a vencedora do Nobel de Economia, a francesa Esther Duflo, autora do livro “A economia dos pobres: uma nova visão da desigualdade” falou sobre projetos de transferência de renda e alternativas de abordagens econômicas da pobreza. Ocasião em que ela também criticou as criptomoedas ao declarar: “É importante que governos mantenham controle sobre a moeda em circulação”, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.
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