Crimes envolvendo criptomoedas atingem proporção mais baixa da história em 2021, apesar de terem movimentado US$ 14 bilhões

Crescimento do mercado de criptomoedas fez com que o valor movimentado em transações criminosas tenha sido o menor de toda a série histórica em termos proporcionais, embora o montante total em números absolutos tenha dobrado em relação a 2020.

O crescimento do mercado de criptomoedas em 2021 fez com que o valor total transacionado tenha chegado a US$ 15,8 trilhões – um crescimento de 567% em relação a 2020. Embora o valor total mobilizado em operações criminosas tenha crescido e atingido o valor nominal recorde de US$ 14 bilhões no ano passado, o número aumentou apenas 79% em relação a 2020 e é o menor de toda a série histórica iniciada em 2017 em termos proporcionais, de acordo com uma prévia do 2022 Crypto Crime Report, divulgado na semana passada pela Chainalysis.

Com o aumento da adoção é natural que haja maior atividade criminosa. A supresa positiva é que o a atividade ilícita representa uma proporção ínfima do valor total transacionado – apenas 0,15%, como destacou o relatório preliminar da Chainalysis:

“De fato, com o crescimento do uso legítimo de criptomoedas superando em muito o crescimento do uso criminoso, a participação de atividades ilícitas no volume de transações de criptomoedas nunca foi tão baixa.”

Embora os números ainda possam variar depois da consolidação das estatísticas para o lançamento da versão definitiva do relatório, prevista para fevereiro, adverte a Chainalysis, há uma clara tendência de queda da criminalidade no ecossistema de criptoativos.

O aperfeiçoamento das estratégias de combate a crimes cibernéticos teria contribuído para reforçar esta tendência. Entre os exemplos de ações efetivas a Chainalysis destacou a ação do FBI contra ataques ransomware REvil, as denúncias do CFTC (Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA) contra esquemas de investimento ilícitos, e as sanções da OFAC (Agência de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA) contra a Suex e a Chatex, dois serviços de criptomoedas baseados na Rússia fortemente envolvidos na lavagem de dinheiro.

DeFi concentra atividades ilícitas

O setor DeFi (finanças descentralizadas) concentrou a maior parte dos US$ 14 bilhões movimentados em atividades criminosas em 2021. Golpes envolvendo protocolos DeFi foram responsáveis por prejuízos de US$ 7,8 bilhões às vítimas em 2021 – um crescimento de 82% em relação ao ano anterior.

Mais de US$ 2,8 bilhões foram fruto de rug pulls, um tipo de golpe relativamente novo no qual desenvolvedores criam projetos de criptomoedas aparentemente legítimos, atraem fundos através da venda de tokens nativos ou de pools de liquidez, e depois desaparecem com os fundos dos investidores, deixando-os no prejuízo.

De acordo com o relatório preliminar da Chainalysis, o crescimento deste tipo de golpe em 2021 foi causado por dois fatores: o aumento de 912% do volume de transações no setor DeFi e os retornos exponenciais que alguns projetos proporcionaram aos investidores em um curto espaço de tempo. Ou seja, euforia e ganância foram fundamentais para tornar os investidores vítimas de rug pulls ao longo do ano.

Já os roubos de criptomoedas alcançaram US$ 3,2 bilhões no total – um crescimento de 516% em relação a 2020. Desse total, protocolos DeFi respondem por US$ 2,2 bilhões, ou 72% do total. Em 2020, roubos envolvendo finanças descentralizadas movimentaram menos de US$ 162 milhões. De um ano para outro, o crescimento foi de 1.330%.

O setor DeFi também foi muito utilizado para lavagem de dinheiro em 2021, registrando um crescimento de 1.964% em relação ao ano anterior. Hoje em dia, projetos não auditados podem ser facilmente listados em exchanges descentralizadas (DEX), ficando expostos aos investidores.

De certa forma, tais números em parte justificam a preocupação dos reguladores globais com o setor. Assim, é fundamental que a própria indústria encontre meios para mitigar atividades criminosas, pontua o relatório prévio da Chainalysis.

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