Projeto brasileiro de NFT, CryptoRastas une a cultura do reggae à estética CryptoPunk

Após o lançamento de uma coleção limitada de 40 “rastas” customizados que já foi inteiramente vendida, o projeto de NFT brasileiro “Cryptorastas” aumenta a presença do reggae na blockchain através de um novo drop de 10420 avatares inéditos e exclusivos a partir do dia 29 de agosto.

Fazendo uma conexão direta entre o Brasil e a Jamaica para ganhar o mundo, “CryptoRastas” é uma coleção de NFTs que leva o espírito e a cultura do reggae à blockchain.

Os colecionáveis nasceram como um projeto experimental e customizado, idealizado pelo DJ Marcus MPC, cabeça do Digital Dubs – principal referência da cultura dos sound systems jamaicanos no Brasil.

O próprio MPC criou um a um todos os 40 crytporastas originais – todos já vendidos, com preços entre 0,1 ETH e 0,5 ETH (R$ 1.700 e R$ 8.500).

No domingo, 29 de agosto, tem início a fase 2 do projeto com o drop de 10.220 novos avatares criados através de arte generativa e registrados na blockchain do Ethereum.

Mosaico com avatares da primeira geração de CryptoRastas. Divulgação.

MPC contou ao Cointelegraph que a ideia do “Cryptorastas” surgiu a partir de um desejo particular de experimentar as potencialidades tecnológicas e criativas dos tokens não fungíveis (NFTs).

“Sempre foi um dilema pra quem trabalha com arte digital conseguir comercializar sua arte como um objeto único, porque, antes do conceito de NFT e da tecnologia blockchain, era impossível ter um original de uma arte digital. Agora, o NFT possibilita isso, e isso acaba se desdobrando em muitas possibilidades criativas.”

O projeto tomou forma a partir de uma conexão particular que ele estabeleceu entre o universo do reggae, do qual faz parte há mais de 20 anos, e o hype dos icônicos CryptoPunks – o mais célebre projeto de NFTs do universo cripto. “De cara eu pensei na ligação histórica do movimento punk com a cena de reggae na década de 1970, especialmente na Inglaterra, e daí veio a inspiração para criar a série.”

A ideia inicial era produzir uma série customizada de 420 CryptoRastas. Ele foi criando um a um, ao mesmo tempo em que descobria como lidar com a tecnologia envolvida no processo de criação de um NFT.

Quando os quatro primeiros rastas já estavam à venda no marketplace OpenSea, a cantora americana Azealia Banks descobriu o projeto. “Ela gostou, printou, marcou nosso perfil e compartilhou no Instagram e no dia seguinte os três primeiros NFTs da coleção foram vendidos”, lembra MPC.

Print da postagem de Azealia Banks. Fonte: Instagram

A própria cantora comprou o CryptoRasta número 04 e a partir daí o projeto foi ganahando força dentro da comunidade mundial do reggae. Cedric Myton, cantor da banda jamaicana The Congos, Ranking Joe e o lendário produtor Lee “Scratch” Perry viraram CryptoRastas em seguida.

MPC entendeu que o projeto poderia tomar outra dimensão, tanto em termos de alcance quanto em termos de direitos de propriedade. 

À medida que os primeiros cryptorastas foram sendo vendidos, eu entendi que este teria que ser um projeto coletivo para mobilizar a comunidade mundial do reggae.

A produção dos avatares foi interrompida, e a nova fase do “CryptoRastas” começou a ser pensada de forma que os artistas fossem incluídos nos contratos inteligentes dos seus respectivos NFTs, garantindo, assim, participação nos eventuais ganhos financeiros decorrentes das vendas dos colecionáveis.

Os contratos inteligentes também foram programados para destinar parte da renda obtida a um fundo coletivo cujos recursos serão utilizados para fomentar a cena reggae em diversos pontos do planeta. Festas, shows e outros eventos poderão ser produzidos a depender do valor total arrecadado. Naturalmente, os proprietários de CryptoRastas terão acesso vip a esses eventos, que ocorrerão não só no mundo real, mas também no metaverso.

Lee “Scratch” Perry e seu avatar CryptoRasta. Fonte: Divulgação

Um dos propósitos do CryptoRastas, segundo MPC, é integrar os fãs à comunidade do reggae, aproximando-os dos seus ídolos de uma forma diferente.

Além da tecnologia em si, o NFT proporciona que as pessoas se relacionem de formas diferentes com a arte. Tem gente que compra para investir, outros podem ter uma relação mais pessoal com a obra, ou podem querer apoiar um artista de que gostam, com a possibilidade de que seu investimento cresça em paralelo ao crescimento do artista. 

A primeira coleção de NFTs da cultura reggae está reunindo artistas de diversas gerações e nacionalidades. Além dos mencionados acima, Sly & Robbie, Augustus Pablo, Lila Iké, Kabaka Pyramid e os brasileiros BNegão e Lei di Dai, entre outros, terão o seu avatar colecionável.

Dos 10.420 novos NFTs, 10.220 serão criados a partir de arte generativa e estarão a venda pelo preço de base de 0.5 ETH – aproximadamente R$ 8.500. Os outros duzentos serão customizados e baseados em personalidades reais. Estes serão leiloados futuramente, em lotes, ao preço mínimo de 1 ETH (R$ 17.000) cada um. Os CryptoRastas poderão ser comprados exclusivamente no site do projeto até que cheguem ao mercado secundário.

Nicho ainda pouco explorado pelos investidores brasileiros de criptomoedas, os NFTs têm movimentado somas cada vez maiores diariamente, atraído empresas e investidores institucionais e ressignificado a produção, a posse e a fruição de produções artísticas bem como a natureza dos jogos eletrônicos. No Brasil, as especificidades tecnológicas dos tokens não fungíveis ainda são uma barreira a impedir uma adoção mais ampla.

MPC traça um paralelo entre os arquivos MP3 e os NFTs para afirmar que mais cedo ou mais tarde os aspectos técnicos serão superados e a experiência dos usuários se tornará preponderante. 

Quando você escutava o uma música em um arquivo mp3 você não sabia que era um arquivo mpeg-layer3, com uma determinada compressão. Era só escutar a música.  As pessoas ficam explicando que NFT é um token não fungível, mas isso não ajuda muito a compreensão. Daqui a algum tempo ninguém vai precisar saber o que a sigla significa. Vai interessar só a expressão do conteúdo, e não a tecnologia em si.

Quem sabe o reggae e os CryproRastas poderão ajudar na popularização dos NFTs no Brasil?

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