Polícia diz que dono de startup mandou extorquir empresário de Santos para reaver bitcoins
Dois ex-delegados da Polícia Federal tentaram reaver um dinheiro extorquido de um empresário do ramo de bitcoin por policiais civis e militares, presos na semana passada. Segundo reportagem do SBT no sábado (05), o ex-diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello e o ex-delegado Edmilson Pereira Bruno, alegaram que estavam apenas em uma ‘investigação privada’.
Em depoimento sobre o suposto sequestro, que aconteceu em julho deste ano, o empresário disse que teria pago quase R$ 1 milhão depois de ter sido abordado pelos policiais na Avenida Paulista e levado ao 73º Distrito Policial, no Jaçanã.
De acordo com a reportagem, o empresário demorou para denunciar, mas quando resolveu procurar ajuda foi direto ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Santos. De lá, ele foi encaminhado para a corregedoria da Polícia Civil de São Paulo.
Após os laudos do órgão, dez pessoas foram foram indiciadas: cinco policiais civis, três militares, um informante e o desenvolvedor de tecnologia Guilherme Aere dos Santos, criador da empresa Home Refill.
Aere seria o mandante do crime. Ele teria perdido R$ 24 milhões em uma transação com o empresário, chamado pela reportagem de “o rei do bitcoin”.
Depois das prisões, Carlos Poli, delegado responsável pelo 73º DP, foi apenas transferido, mesmo após o empresário afirmar que ele sabia da investida dos policiais, conforme diz a matéria.
Investigação, bitcoin e ‘carteirada’
Segundo a reportagem, os ex-delegados confirmaram que tiveram uma reunião com Aere, mas como consultores contratados pelo dono da empresa de bitcoins para uma ‘investigação privada’ a fim de identificar os autores da extorsão.
No entanto, segundo as investigações os dois ex-delegados tentaram um acordo durante uma reunião entre Aere e o empresário.
“No meio da conversa dois homens se aproximaram. Um deles teria mostrado um distintivo da PF e dito que Aere seria preso”, descreveu a reportagem do SBT — Daiello ficou apenas de longe e Bruno tentou negociar, sem sucesso.
Encontro aconteceu em shopping
No dia 1 de agosto, antes das prisões, os ex-delegados marcaram um encontro com os policiais envolvidos no caso. Entretanto, eles foram vistos pelos policiais como investigadores do caso e não como prestadores de serviço da empresa de bitcoin.
O encontro aconteceu em um shopping de São Paulo e foi intermediado por um policial do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC).
“Em depoimento, o ex-delegado Bruno confirma que deixaria de denunciar os policiais em troca do dinheiro de volta e de um depoimento positivo em relação ao empresário sequestrado, já que a empresa dele também é investigada pelo Ministério Público por fraudes”, diz a reportagem.
Contudo, os ex-delegados se tornaram testemunhas no processo, o que está sendo contestado pela defesa.
Jonas Marzagão, advogado dos policiais, disse que em anos de trabalho nunca havia visto tal conduta.
“Causa estranheza porque um advogado está querendo virar testemunha… é muito estranho”, disse.
Em nota ao jornal, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP/SP) disse que não compactua com o desvio de conduta de seus agentes e que todas as denúncias são rigorosamente investigadas.
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