Com mercado de criptomoedas em baixa, vendas de hardware wallets despencam no Brasil
Modelos de carteiras físicas como a Ledger Nano S perderam mais da metade do volume de vendas em relação ao ano de 2017; empresas da área citam ‘bear market’ como principal culpado
As vendas de hardware wallets no Brasil caíram drasticamente em 2018. A comercialização do modelo Ledger Nano S, por exemplo, passou de 3 mil unidades apenas no segundo semestre de 2017 para 1.300 unidades durante todo o ano de 2018, segundo dados da KriptoBR, revendedora oficial da marca na América Latina.
Outros dispositivos como a Trezor T e a KeepKey venderam no último ano 78 unidades e 12 unidades, respectivamente, pela mesma revendedora.
As expectativas para 2019 também não são animadoras: “mesmo com a drástica queda nos preços, as vendas estão muito baixas”, afirma Jefferson Rondolfo, CEO da KriptoBR.
Também à espera de dias melhores na indústria, o CEO da CoinWISE, Marco Carnut, acredita que o mau momento das wallets físicas é um reflexo do “bear market”.
A empresa, que lançou em outubro do ano passado um hardware para armazenamento de criptomoedas, também tem vendas aquém do esperado: “Todo mundo sente uma desaceleração bem grande e nós não somos exceção, mas sabemos que o mercado é cíclico. Todo mundo nessa área precisa entender que esse é um jogo de longo prazo”, afirma.
As wallets físicas enfrentam, além do mercado em baixa, o desafio cultural de adoção dos hardwares. Não por acaso, as empresas do setor têm investido na evangelização dos usuários e interessados no universo das criptos.
“A falta de conhecimento é o maior problema. As pessoas não têm a mínima preocupação com a segurança. Nosso objetivo desde o início foi educar o usuário, não basta ter uma cold wallet e se sentir um super herói, você vai cometer um erro e vai perder tudo ou colocar a sua segurança em risco”, avalia Rondolfo
Como publicado pelo Cointelegraph, cerca de US$ 1,7 bilhão em criptomoedas foram obtidos de maneira ilícita em 2018, de acordo com pesquisa da CipherTrace. Desse total, mais de US$ 950 milhões foram roubados de exchanges de criptomoedas, um aumento de 3,6 vezes em relação a 2017.
Para Carnut, o próximo grande desafio do mercado é explicar ao usuário que “o Bitcoin é como dinheiro em espécie, mas com a conveniência da Internet. As pessoas compram por especulação e isso significa deixar na corretora”. Ele acrescenta:
“Precisamos resgatar as criptomoedas para a finalidade que foram inventadas. Elas se tornaram conhecidas como veículos especulativos e a gente precisa entender o que essa ressaca significa, que estamos usando errado. A criptomoeda é para ser moeda, pagar por bens e serviços.”
A hardware wallet é um dispositivo físico, sem conexão à internet e que requer a intervenção humana para manuseio. Em 2017, o mercado global desse tipo de produto foi avaliado em US$ 94,61 milhões pela Mordor Intelligence.