3 tokens DeFi que subiram até 52% em uma semana de forte volatilidade nos mercados

Volatilidade no setor de finanças descentralizadas espelha altos e baixos do Ether às vésperas do The Merge.

Tem sido um ano difícil para o setor de finanças descentralizadas (DeFi). De acordo com um relatório publicado pela plataforma de monitoramento de aplicativos descentralizados Dapp Radar, do início de janeiro ao final de agosto, o valor total bloqueado (TVL) em protocolos DeFi caiu 70%, encolhendo da faixa de US$ 250 bilhões para US$ 74 bilhões.

Se julho trouxe um novo impulso para o setor na esteira da empolgação do mercado com a confirmação da data do The Merge da Ethereum (ETH), que deve ocorrer no máximo nas próximas 48 horas, o movimento foi interrompido na segunda metade de agosto e setembro teve início com alta volatilidade.

Pode-se culpar a atualização da Ethereum pelo retrocesso recente da mesma forma que ela fora responsável pelo breve rali de alívio dos mercados no meio do ano. No entanto, agora, além das incertezas acerca da atualização da plataforma líder de contratos inteligentes e aplicações DeFi, as incertezas do cenário macroeconômico estão contribuindo para as idas e vindas do mercado.

Diante dos dados negativos da inflação dos EUA divulgados na manhã desta terça-feira, 13, o mercado como um todo tomou direção rumo ao sul e não foi diferente para o valor total bloqueado em protocolos de finanças descentralizadas.

Nos últimos sete dias, o TVL recuou 4,1%, de acordo com informações da plataforma de monitoramento de dados on-chain DeFi Llama. Polygon (MATIC) e Avalanche (AVAX) lideraram as perdas, que em ambos os casos chegaram a dois dígitos: 16,9% para a primeira e 11,4% para a segunda.

Em seguida vem a Solana (SOL), com retração de 6,2%, enquanto a líder Ethereum e as suas soluções de camada 2 Arbitrum e Optimism (OP) registraram perdas de 4,4%, 4,8% e 2%, respectivamente. A BNB Chain (BSC) também perdeu 2% em valor total bloqueado. A única variação positiva, ainda assim limitada, foi da vice-líder Tron (TRX): 1,3%.

Destacou-se com altas expressivas no período a renascida Terra (LUNA), com uma alta de 71%, impulsionada em grande parte pela valorização expressiva do seu token nativo.

A capitalização de mercado dos tokens DeFi, no entanto, apresentou um movimento oposto ao do TVL, subindo de US$ 46,9 bilhões para 47,9 bilhões, uma alta de 2,1%, de acordo com dados do CoinGecko. Embora estejamos às vésperas do The Merge, os três tokens DeFi de maior destaque semanal não têm relação com o ecossistema da Ethereum.

Foram eles a exchange de derivativos em criptomoedas bZx Protocol (BZRX), a rede de camada 1 – e portanto concorrente direta da Ethereum – Nervos Network (CKB) e a Acala (ACA), o hub de DeFi da Polkadot (DOT).

bZx Protocol (BZRX)

O bZx Protocol oferece serviços de negociação de margem, empréstimos, e staking, permitindo aos seus usuários montar operações compradas ou vendidas ou posições alavancadas utilizando criptomoedas de forma totalmente descentralizada.

O bZx Protocol minimiza os riscos dos usuários, que mantêm o controle de suas chaves privadas. Os usuários ainda têm o benefício de obter renda passiva a partir dos ativos mantidos em suas carteiras. 

As taxas de juros pagas a empréstimos de operações de margem geralmente são bem mais altas do que as de empréstimos tradicionais. Por fim, as taxas de transação cobradas pelo protocolo são mais baixas do que as cobradas em exchanges centralizadas.

Atualmente, o bZX Protocol está disponível para usuários da Ethereum, da BNB Chain e da Polygon. Os desenvolvedores prometem futuramente expandir o protocolo para usuários de outras redes.

O BZRX é o token de governança do protocolo. Por meio de staking do BZRX, os usuários podem participar das votações na bZx DAO, opinando sobre as decisões acerca do futuro do protocolo. O ecossistema bZx foi projetado para enfatizar o controle da comunidade sobre o protocolo por meio de governança, compartilhamento de taxas e votação.

A capitalização de mercado do BZRX é de apenas US$ 58,9 milhões, fazendo com que ele se torne sensível a pequenas flutuações de capital. Assim, nos últimos sete dias, o token valorizou 52%, saltando de US$ 0,0819 para US$ 0,1250, de acordo com dados do CoinGecko.

Desempenho semanal do BZRX. Fonte: CoinMarketCap

Nervos Network (CKB)

A Nervos Network (CKB) é um protocolo blockchain de código aberto projetado para a utilização de aplicativos descentralizados universalmente acessíveis (DApps).

Intitulada Common Knowledge Base (CKB), a blockchain da Nervos é não permissionada e utiliza a Prova de Trabalho (PoW) como mecanismo de consenso. A rede foi construída de forma a permitir o desenvolvimento e a implementação de soluções de Camada 2. 

O valor Nervos é capturado através de seu token nativo: o CKByte (CKB). O CKB foi projetado para ter como propriedades fundamentais: reserva de valor, um token de utilidade para garantir os contratos inteligentes na rede e até mesmo alugar espaço na blockchain da Nervos.

Para oferecer aos usuários da rede uma proteção contra a inflação do CKB, o protocolo instituiu a Nervos DAO. Assim, os usuários podem bloquear seus CKBs no âmbito da organização autônoma descentralizada, protegendo-se da diluição do token e recebendo uma parcela proporcional da taxa inflacionária da emissão de novos tokens.

Há mais ou menos dois meses, o CKB acumulou ganhos significativos devido a três novas implementações no âmbito do protocolo: o lançamento da solução de camada 2 (L2) Godwoken, a integração do Celer c-Bridge dentro do protocolo Godwoken, que consiste em uma ponte para conectar a Nervos a outras blockchains, e o lançamento de um novo marketplace de tokens não fungíveis (NFT) na rede principal da Nervos.

Agora, a alta repentina do CKB teve início já nesta terça-feira e muito provavelmente foi motivada pelo The Merge. A razão é simples: como se trata de uma rede que utiliza a Prova-de-Trabalho como mecanismo de consenso, a Nervos se apresenta como uma alternativa para aqueles usuários que não confiam no novo mecanismo a ser implementado na Ethereum a partir da conclusão do The Merge: a Prova-de-Participação (PoS).

Além disso, a Nervos se apresenta como uma alternativa para aqueles mineradores que se tornarão órfãos da Ethereum, uma vez que a transição seja concluída e a segurança da rede passe a ser garantida pelos validadores e não mais pela atividade que até então eles desempenhavam.

O mesmo fenômeno especulativo que ocorreu com o Ethereum Classic (ETC) recentemente provocou uma alta de 27,5% do CKB nos últimos sete dias, quando o token saltou de US$ 0,038 para US$ 0,048, de acordo com dados do CoinMarketCap.

Apenas nas últimas 24 horas o volume negociado do CKB cresceu mais de 1.100%, fazendo com que a sua capitalização de mercado atingisse US$ 156 milhões. Atualmente, o CKB é o 158º colocado no ranking de criptomoedas.

Desempenho semanal do CKB. Fonte: CoinMarketCap

 

Acala (ACA)

A Acala (ACA) venceu o primeiro leilão de parachains da Polkadot, assim como seu projeto irmão experimental Karura vencera o primeiro leilão da Kusama (KSM).

Em seu projeto inicial, datado de 2018, a Acala foi pensada como uma blockchain autônoma. Ao longo do processo de desenvolvimento da rede, os líderes do projeto optaram por migrar para o ecossistema Polkadot em benefício de maior interoperabilidade e segurança.

A Acala autodenomina-se um “hub DeFi” direcionado ao setor de fintechs que permite a criação de aplicativos financeiros totalmente customizáveis. Trata-se de um protocolo baseado em um sistema denominado EVM Plus – uma versão altamente modularizada do Ethereum Virtual Machine (EVM), cujo objetivo principal é permitir níveis de customização avançados para os desenvolvedores que dificilmente poderiam ser alcançados na própria Ethereum, conforme explicou Bette Chen, cofundadora da Acala:

“Cada nicho de serviços financeiros tem requisitos e compromissos diferentes com os usuários – sem a capacidade de oferecer um alto grau de personalização você nunca fornecerá aos projetos a melhor plataforma para as suas necessidades.”

Apesar do foco na customização de aplicações e serviços oferecidos pela plataforma, em última instância o sistema é muito similar ao da Ethereum tanto para desenvolvedores quanto para usuários.

Recentemente a stablecoin algorítmica que fornece liquidez às aplicações DeFi do protocolo perdeu a paridade com o dólar, depois que usuários foram capazes de explorar uma falha para emitir mais de 1 bilhão de Acala Dollar (aUSD) praticamente do nada, colocando em dúvida o futuro do protocolo.

Desde então, a stablecoin não conseguiu retomar a paridade de 1:1 com o dólar. Atualmente, está cotada a US$ 0,75, de acordo com dados do CoinMarketCap. Ou seja, um desconto de 25% em relação ao seu preço alvo.

Mesmo assim, a Acala tem conseguido atrair capital para o seu ecossistema DeFi. Nos últimos dias, o valor total bloqueado na rede subiu 14,4%, de acordo com dados do DeFi Llama, movimento que coincidiu com uma alta de 26,4% do ACA, token nativo do protocolo.

Em 6 de setembro, o ACA estava cotado a US$ 0,1758, e nesta terça-feira, 13 é negociado a US$ 0,2275  de acordo com dados do CoinMarketCap. Atualmente, sua capitalização de mercado é de US$ 130 milhões e o token ocupa a 180ª posição no ranking de criptomoedas.

Desempenho semanal do ACA. Fonte: CoinMarketCap

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