Zoom admite que pode entregar ao FBI dados de usuários que não pagam
O software de videoconferência Zoom está novamente no centro de uma polêmica de privacidade. Em uma reunião com investidores, o CEO da empresa, Eric Yuan, disse que irá colaborar com o FBI usando dados de usuários de conta gratuita.
O assunto veio à tona quando surgiu o tópico sobre a criptografia do aplicativo. Segundo o executivo, a companhia irá oferecer criptografia de ponta-a-ponta apenas aos usuários do plano pago.
Já quem usa o Zoom de graça, não terá proteção. Isso em si não seria grande problema, já que rivais como o Skype também não oferecem criptografia por padrão.
No entanto, o que chamou a atenção veio a seguir: o CEO disse, especificamente, que a decisão leva em conta que o Zoom irá colaborar com investigações do FBI.
[Para os] usuários gratuitos, com certeza, não queremos oferecer [criptografia de ponta a ponta]. Porque também queremos trabalhar em conjunto com o FBI e a polícia local, caso algumas pessoas usem o Zoom para fins ruins.
Zoom vai na contramão da indústria
A falta de criptografia de ponta-a-ponta não é novidade na indústria. No entanto, a colaboração aberta do Zoom com autoridades deixa a empresa isolada.
O Telegram, por exemplo, oferece criptografia apenas no chamado Chat Secreto. No entanto, o criador, Pavel Durov, sempre foi um ávido defensor da privacidade.
Entre as gigantes da tecnologia, como Google, Apple e Microsoft, o discurso segue na mesma linha. Todas as empresas negam qualquer envolvimento direto em investigações. A Apple, inclusive, já foi alvo de forte pressão do FBI para entregar dados de usuários.
Já o WhatsApp, mensageiro mais popular do mundo, chegou a ser bloqueado várias vezes no Brasil. Em geral, o motivo é a recusa em colaborar com autoridades.
Melhoria na criptografia
Por conta do home office, o aplicativo decolou em número de usuários, passando de 10 milhões de reuniões por dia para atuais 200 milhões de sessões diárias.
A empresa divulgou que a receita com clientes que assinaram o plano pago cresceu 200% durante a pandemia do coronavírus, alcançando US$ 328 milhões.
O resultado positivo vem após o escândalo de privacidade com o vazamento de mais de 500 mil contas. Além dos problemas de segurança, a popularidade repentina fez do programa um alvo comum de hackers.
O Zoom prometeu mais investimento em segurança e anunciou escritório no Brasil. Entre as melhorias estariam um incremento na camada de proteção no aplicativo. Além disso, o app traria novas medidas contra a invasão de reuniões, prática conhecida como zoom bombing.
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