Esposa do ‘Faraó dos Bitcoins’ nega pirâmide e diz que criptomoedas bancariam lucros prometidos pela GAS Consultoria

Foragida desde agosto do ano passado, a venezuelana Mirelis Zerpa se defendeu em um processo iniciado na 6ª Vara Cível de Brasília, movido por três investidores que afirmam terem perdido R$ 427 mil

A venezuelana Mirelis Zerpa, considerada foragida desde agosto do ano passado, quando foi deflagrada a Operação Kryptos, responsável pela prisão do marido dela, Glaidson Acácio dos Santos, o “Faraó dos Bitcoins”, declarou à Justiça que a GAS Consultoria, que tinha o casal no quadro societário, não aplicou o Esquema Ponzi (pirâmide financeira) junto aos seus ex-clientes e que os altos lucros prometidos seriam custeados por investimentos em criptomoedas. As alegações foram apresentadas na contestação da defesa de Mirelis em um processo que corre na 6ª Vara de Brasília, aberto por três ex-clientes da GAS  ao pedirem reembolso de seus investimentos, no valor total de R$ 427 mil ­ – as informações são do Jornal Extra

De acordo com a publicação, o Jornal O Globo teve acesso à petição inicial, documento assinado pelo advogado Luciano Regis da Costa. Segundo o representante dos autores, existe “grande possibilidade de que ao final deste processo não haja recursos suficientes para solver a dívida com as partes autoras.” Argumento utilizado por ele para sustentar um pedido de tutela de urgência, que é um dispositivo judicial para antecipar o direito de uma parte antes do final do processo. 

Segundo a matéria, são réus nesta ação Glaidson, Mirelis, a GAS Consultoria e a Igreja Universal do Reino de Deus. Isso porque, um templo localizado em Cabo Frio (RJ), cidade da Região dos Lagos, teria recebido R$ 72 milhões de doação de Glaidson.

A contestação da defesa de Mirelis pede que só a GAS responda pelo processo alegando que a empresa, contratada na época pelos autores, possui personalidade jurídica própria. O que não justificaria a permanência de seus sócios no polo passivo. 

A defesa de Mirelis também rechaçou o argumento da parte autora de que a GAS é objeto de fraude e pirâmide financeira dizendo que “o futuro da presente demanda depende intrinsecamente do resultado da demanda criminal”, no caso o processo que tramita na 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. 

Outro argumento da representação da venezuelana, assinada pelo advogado Carlos Diego Filgueira de Sousa, contra a tese de que a GAS teria realizado operação de pirâmide financeira diz que “a empresa de fato paga uma contraprestação mensal bem acima do que é pago tradicionalmente por bancos, o que não é de se estranhar, visto que este tipo de instituição é conhecida por atuar em prol somente de seus interesses” e que  “apesar do valor chamar atenção, trata-se de lucro completamente atingível no mercado de criptomoedas.” 

Por outro lado, a matéria observou que a GAS Consultoria prometia aos clientes rendimentos de 10% mensais sobre os repasses, além da devolução do valor inicial. O que seria efetivado ao término do contrato, de 24 meses renováveis por mais 12 meses. “Segundo os investigadores, os réus sequer reaplicavam os aportes de seus clientes, tratando-se, sim, de operação conhecida como ‘esquema Ponzi'”, reagiu a defesa dos três autores da ação. 

Mirelis também estaria tentando um acordo de leniência, possibilidade que foi levantada no final de janeiro quando o advogado criminalista Ciro Chagas, que defende a venezuelana, disse que a GAS apresentaria à Justiça Federal um plano de ressarcimento dos clientes. No entanto, investigações recentes revelaram que, na primeira quinzena de dezembro, a esposa do Faraó dos Bitcoins transferiu 10 BTC para irmã dela, Noiralis Zerpa, operação realizada através da exchange de criptomoedas Binance e que pode atrapalhar o eventual acordo de leniência, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

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