O que foi que deu errado? Símbolo do DeFi 2.0, OlympusDAO cai 94% e é acusado de ser um esquema de pirâmide

Saudado como uma das inovações mais interessantes do mercado DeFi em 2021, OlympusDAO entra em 2022 em baixa e despertando desconfianças dos investidores.

O OlympusDAO (OHM) foi criado para romper com a dependência dos provedores de liquidez mercenários da primeira geração das finanças descentralizadas (DeFi). Toda a ideia por trás do OlympusDAO é que o próprio protocolo seja o dono e controle a sua liquidez de forma sustentável.

Se a ideia por si só parecia sensacional, a execução foi além das expectativas. Quatro semanas depois de seu lançamento em março do ano passado, o OHM atingiu o preço recorde de US$ 1.415. Em novembro, a sua capitalização de mercado chegou à máxima histórica de US$ 4,3 bilhões, de acordo com dados do CoinGecko.

O OlympusDAO tornou-se o símbolo do que se convencionou chamar de DeFi 2.0 por ter introduzido um modelo inovador e, à primeira vista, eficaz para os recorrentes problemas de liquidez enfrentados até mesmo pelos mais bem sucedidos projetos de finanças descentralizadas.

Até então, o chamado capital mercenário afluía para as exchanges descentralizadas (DEX) e protocolos de empréstimo em busca de recompensas, mas era sacado uma vez que o programa de recompensas terminasse e o retorno passasse a depender apenas da participação sobre as taxas de transação.

O OlympusDAO introduziu um mecanismo diferente para garantir e controlar a própria liquidez: a venda de títulos. Através dele, o OHM era comercializado com desconto em troca de diferentes ativos, majoritariamente stablecoins como o DAI e o USDC, mas também tokens de provedor de liquidez (LP) em que um dos pares era o próprio OHM. Assim, o OlympusDAO criou o seu próprio tesouro e garantiu a sua própria liquidez.

Complementar a este mecanismo, o OlympusDAO em seus primeiros dias oferecia um APY (percentual de rendimento anual) de seis dígitos para OHMs mantidos em staking. A cunhagem de novos tokens OHM é disparada sempre que novos títulos são vendidos. Esses novos tokens em grande parte são direcionados aos stakers. Porém, à medida que a quantidade de OHMs em staking aumenta, o APY vai diminuindo.

Pirâmide?

Não é difícil ver que o mecanismo criado pelo OlympusDAO tem similaridade com esquemas de pirâmide financeira no sentido de que os primeiros investidores se beneficiam dos maiores rendimentos ao mesmo tempo em que a atração de novos investidores faz com que o token se valorize no mercado à vista. Para que o sistema mantenha a sustentação é necessário que novos participantes entrem no jogo constantemente.

E este debate tomou a criptosfera à medida que o token veio definhando desde o topo de US$ 1.334 em outubro até os US$ 80,71 em que está cotado no momento em que este texto está sendo escrito. Nesse momento, a desvalorização em relação ao topo histórico é de 94%.

Desempenho do OHM desde o seu lançamento. Fonte: CoinGecko

Apesar da queda, o OHM ainda tem um tesouro a garanti-lo e esta é sem dúvida um dos pontos fortes do projeto: ao contrário da maioria dos projetos do mercado cripto, o OHM não pode ir a zero.  Em tese, o tesouro garante o OHM. Os documentos oficiais do OlympusDAO afirmam que o protocolo recomprará o OHM caso o token caia abaixo do valor de US$ 1,00.

Embora esteja mais de 40% abaixo de sua máxima histórica, os ativos que compõem o tesouro do OlympusDAO somavam US$ 557,7 milhões em 21 de janeiro, de acordo com o dashboard do protocolo.

Uma análise assinada por Byron Gilliam publicada terça-feira na newsletter diária da Blockworks tenta responder a pergunta que muitos se fazem: por que o OHM é negociado muito acima do seu valor em relação ao tesouro que o garante?

“O valor do tesouro do OlympusDAO caiu US$ 500 milhões em relação às suas máximas, enquanto o valor de mercado do OHM caiu US$ 2 bilhões – o que se parece com o múltiplo de 4 com que o OHM normalmente é negociado. Por maior que seja o fator, talvez tenha sido este o elo fraco no plano que tornou a lógica econômica do OHM um pouco parecida com um esquema de pirâmide financeira.”

Ele completa seu raciocínio sobre a recente derrocada do OHM concluindo que talvez a maior inovação do OlympusDAO tenha se tornado a sua maior fraqueza: ser o detentor único da sua própria liquidez:

“O OlympusDAO acabou rapidamente se tornando o único formador de mercado do seu próprio token. A maior parte do tesouro é mantida na stablecoin DAI, cujas reservas vêm caindo à medida que o protocolo é obrigado a gastá-las em OHM, uma vez que é o único formador de mercado em seus pools de liquidez.”

Prêmio

De qualquer forma, o OHM ainda está sendo negociado com um prêmio de 108% em relação às reservas do seu tesouro. No entanto, esse prêmio chegou a atingir um pico de 1.118% em 13 de outubro, no mesmo dia em que o OHM atingiu sua maior alta em seis meses.

Apesar da discrepância, a variação faz sentido, uma vez que o preço do OHM é dissociado do tesouro. À medida que as pessoas compram o token, o preço sobe, enquanto o tesouro não necessariamente acompanha este movimento.

Por outro lado, com a recente queda, o OHM está em seu nível mais alto de sustentação contra as reservas do seu tesouro: aproximadamente 41%. Quando o token chegou aos seus preços mais altos, esta relação chegou a níveis tão baixos quanto 8%.

Enquanto a derrocada do OlympusDAO segue provocando debates e dividindo opiniões na criptosfera, alguns investidores que jamais haviam investido no OHM estão aproveitando para comprar a baixa, justificando que é mais seguro investir no token quando o prêmio em relação ao tesouro encontra-se em níveis baixos. 

Afinal, uma máxima do mercado de criptomoedas desde o seu início diz que é a especulação que alimenta a inovação. O próprio Bitcoin (BTC) enfrentou muita desconfiança e foi acusado de ser um esquema de pirâmide até que seu valor fosse reconhecido. O OlympusDAO pode estar passando pelo mesmo processo.

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