Qual a real demanda por profissionais blockchain no Brasil?

Setor público e financeiro concentram principais vagas de blockchain no país

Em 2019 a IDC estimava que os gastos mundiais com soluções blockchain deveriam chegar a quase US$ 16 bilhões em 2023. Contudo, a pandemia provocou uma forte desacelaração no setor, em particular na União Europeia, onde se concentra a maior parte da demanda por especialistas em blockchain.

A IDC reviu seus números e agora espera que haja uma retração de 8% na demanda. Mas a demanda tende a crescer conforme a pandemia for sendo controlada.

O mercado de trabalho de TI possui demanda forte no mundo todo e algumas carreiras estão precisando de mais profissionais do que outras, especialistas em blockchain têm visto uma demanda crescente no exerior, mas e aqBrasilui no , como andam essas demandas?

Antes é importante destacar que não há uma educação formal para o setor, tudo em volta da sua especialização é feita de forma diletante, ou seja: sem formação em universidades e até visto como um hobby para profissionais de TI que estão pensando em se aventurar em um novo setor. 

Portanto, para se tornar um profissional de blockchain é preciso ter em mente que se trata de uma tecnologia diferente de qualquer outra disponível. Tomar conhecimento profundo sobre descentralização, contratos inteligentes e dApps são a essência da blockchain, e qualquer profissional blockchain que queira ser bem-sucedido terá que dominar essas tecnologias.

Vagas no Brasil para blockchain

Uma breve busca no LinkedIn e na Catho passamos a ter uma noção do tamanho da demanda por esse profissional. Primeiramente é importante destacar que a maioria das vagas são editadas de forma equivocada, pois há vagas na Catho que incluem o termo blockchain na descrição, mas analisando rapidamente a descrição da vaga, não há nenhuma referência direta à especialidade.

Imagem: Catho

O que percebemos é que associam o termo blockchain a qualquer vaga de TI, ou então para vagas de desenvolvedores. 

No LinkedIn encontramos também poucas vagas, mas estas eram mais específicas que as da Catho. Interessante destacar que as vagas elencadas no LinkedIn dizem respeito a uma empresa de outsourcing e que a maioria das vagas eram remotas para atuar com clientes estrangeiros e nacionais. Pode-se ver também no print abaixo uma vaga da B3, empresa que controla a Bolsa de Valores de São Paulo, a Bovespa. 

Imagem: LinkedIn

Demanda real está no setor público e no bancário

As demandas de fato pelos poucos profissionais de blockchain no Brasil estão circunscritas à esfera pública e ao bancário. Bancos como Itaú Unibanco e Santander estão focados em criar soluções baseadas na tecnologia de livros descentralizados e distribuídos (DLT), que não são exatamente blockchain. Contudo, o olhar do setor para a Blockchain e suas tecnologias correlatas chamam a atenção.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em 2019 se consorciou com diversos bancos para criação da primeira rede blockchain do sistema financeiro nacional, num projeto colaborativo que tem participação de grandes bancos – Banrisul, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco, JP Morgan, Original, Santander e Sicoob.

Grandes companhias, como Carrefour, Cargill e Walmart, têm adotado Blockchain em operações mundo afora. A Nestlé é outra grande empresa que anda buscando inovar e firmou uma parceria com a plataforma OpenSC para um projeto piloto que permitirá aos consumidores rastrear dados sobre a comida, como informações sobre sustentabilidade e cadeia de suprimentos.

Para começar a trabalhar com a tecnologia de Blockchain, o profissional precisa escolher o modelo a ser estudado, suas tecnologias correlatas e que possuem demanda no setor bancário. As preferidas do setor financeiro são: Corda, QLP e Hyperledger. 

No setor público também há demanda, mas estas não têm sido relevantes para absorver uma grande mão de obra. Outra questão importante: há poucas vagas e também por sua vez, poucos profissionais.

Para Carl Amorim, diretor-técnico do Blockchain Research Institute (BRI), uma organização mundial que atua no Brasil e tem sede no Canadá, falta principalmente entendimento sobre o que é e para que serve blockchain. Para Carl, o mercado no Brasil demorará a se desenvolver pois as empresas não sabem como aplicar a tecnologia e os profissionais não estão preparados de fato para lidar com uma tecnologia tão fora da curva. 

O BRI está desenvolvendo hubs de inovação e liderando os projetos de migração no governo do Paraná para uma administração pública mais conectada e inclusiva e tem passado pelos dois dilemas apresentados acima.

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