O que acontece com seus NFTs quando você morre?

Ajay Prashanth, executivo da plataforma de insights sobre NFTs bitsCrunch, disse que a criação de contratos inteligentes para automatizar a transferência de NFT após a morte de colecionadores é “tecnicamente viável”.

Depois que um colecionador de tokens não fungíveis (NFT) morre, seus colecionáveis digitais podem ser perdidos para sempre em redes blockchain se eles não tiverem uma estratégia de transferência a terceiros. Por conta disso, os advogados acreditam que o melhor a fazer é plaejar uma forma viável e segura de repassar seus bens digitais em caso de morte.

Do ponto de vista legal, a criação de um plano sucessório, que consiste simplesmente em organizar a gestão e alienação de propriedades em preparação para uma futura incapacidade ou morte, parece ser uma abordagem viável. Jaime Herren, um advogado especializado em transferências de patrimônio, disse ao Cointelegraph que esta pode ser a melhor opção para os proprietários de NFTs garantirem que seus NFTs sejam repassados aos seus entes queridos após a morte:

“Se você tem um bem valioso, sempre vale a pena tomar medidas para garantir que ele chegue a quem você deseja após a sua morte, seja para seus herdeiros ou para uma instituição de caridade. Criptoativos substanciais exigem planejadores com conhecimento técnico.”

O advogado também explicou que, se o planejamento já estiver em vigor, os beneficiários não precisarão tomar ações afirmativas. Tudo o que eles precisam é de uma carteira que receba e guarde os tokens herdados. Herren explicou que, se o proprietário do NFT morrer enquanto um plano abrangente estiver em vigor, o executor ou administrador será o único responsável por garantir que os NFTs do falecido sejam transferidos para os beneficiários. No entanto, isso também exige que os colecionadores de NFTs forneçam instruções a esses executores e curadores para acessar suas carteiras.

“Obviamente, do ponto de vista do planejamento imobiliário, a pior coisa que você pode fazer é manter seus ativos blockchain em uma carteira fria com apenas uma chave privada. Essa é a situação mais temida que valida histórias de cripto-fortunas perdidas permanentemente”, acrescentou Herren.

De acordo com dados recentes da empresa de análise de dados de redes blockchain Glassnode, cerca de 2,7 milhões de Bitcoins (BTC), no valor de cerca de US$ 76 bilhões, não foram movimentados em uma década. O influenciador cripto Anthony Pompliano acredita que é possível que esses ativos estejam sendo mantidos por investidores disciplinados ou tenham sido esquecidos e perdidos para sempre.

Suprimento total de Bitcoin ativo pela última vez há mais de 10 anos. Fonte: Glassnode

O Cointelegraph também perguntou a especialistas que trabalham no espaço de NFTs se existe a possibilidade de automatizar a transferência de NFTs para carteiras pré-determinadas após a morte de um colecionador. Oscar Franklin Tan, diretor jurídico da plataforma de NFTs Enjin, disse que isso continua sendo mais uma questão legal do que técnica:

“Contratos inteligentes certamente são flexíveis o suficiente para permitir a transferiência deNFTs após a morte do proprietário por direito. No entanto, a morte no mundo físico não é um evento on-chain, e a morte teria que ser vinculada ao contrato inteligente por meio de um oráculo para que ele fosse acionado.”

Tan também acrescentou que, até que os certificados de óbito do governo se tornem acessíveis por meio de oráculos de redes blockchain, a morte ainda precisa ser confirmada por uma autoridade confiável, como um advogado. “Uma transferência on-chain por morte, em tese, ainda implicará nas consequências legais da morte, como o pagamento de impostos sobre herança, por exemplo”, acrescentou.

Ajay Prashanth, chefe de crescimento de ecossistema da plataforma de insights sobre NFTs bitsCrunch, concordou com os comentários de Tan. Prashanth, que também é engenheiro de software, disse que a criação de contratos inteligentes para transferir automaticamente NFTs após a morte é “tecnicamente viável.”

No entanto, desafios práticos e considerações legais precisam ser endereçados na implementação de tal sistema. Ele explicou que, depois de contar com a ajuda de advogados para verificar a prova de que o proprietário faleceu, é necessário configurar o contrato inteligente para se conectar aos documentos legais que atestam a morte.

“O processo envolve definir os beneficiários no código do contrato inteligente ou conectar o contrato inteligente a um documento legal diferente, como um testamento, que especifica os beneficiários do espólio do falecido”, explicou. Isso permitirá que o contrato inteligente encontre os destinatários corretos e receba instruções específicas sobre o que fazer após verificar e confirarm a morte, como transferir os NFTs para uma ou mais carteiras pré-determinadas.

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