‘Não estamos tristes com a queda do Bitcoin, agora é hora de comprar mais’, revela Dania González, Deputada de El Salvador

Deputada de El Salvador revela que adoção do Bitcoin como moeda de curso legal vem mudando a realidade da vida das pessoas no país mesmo com o BTC em queda

A deputada Dania González, de El Salvador, esteve recentemente no Brasil para revelar as experiências de seu país com a decisão de adotar o Bitcoin como moeda de curso legal na nação. O convite para a vinda da deputada para o país partiu do digital influencer Rodrix Digital, que recentemente esteve em El Salvador para produzir um documentário sobre criptomoedas.

Entre as atividades da congressista no país esteve uma visita a Bitconf 2022 e um encontro com as empresárias Daniele Abdo Philippi, CEO da Dape Capital; Ana Élle CEO da Agency ROE, no qual as empresárias brasileiras debateram com a deputada as vantagens que as empresas de criptomoedas tem ao se instalar na nação e a agenda de um encontro, em outubro, com uma comitiva de empresarios nacionais interessados em expandir negócios em El Salvador.

Entre uma agenda e outra González conversou com o Cointelegraph e revelou como o Bitcoin vem ajudando a mudar a vida das pessoas em El Salvador e como o Governo Federal do país, comandado pelo presidente Nayib Bukele, vem aproveitando os recursos investidos em BTC para melhorar a vida dos cidadãos.

Questionada sobre o investimento feito por Bukele em Bitcoin e como isso pode impactar a vida das pessoas já que o valor do BTC está em queda, González destacou que todo investimento tem um custo e um lucro.

“O que Nayib Bukele fez foi comprar bitcoins e ter lucro em um certo momento estratégico. Nas criptomoedas há momentos em que se pode ter lucro e há momentos em que se tem que investir mais. Agora a criptomoeda está em baixa, isso acontece, é normal, mas neste momento em vez de ficar triste, em vez de pensar que perdeu todo o investimento, é que é o momento de comprar mais bitcoins porque agora o preço está barato, essa é a estrategia”, disse.

Segundo González, El Salvador já está sendo beneficiada pelos investimentos feitos em Bitcoin e citou dois empreendimentos que foram viabilizados no país graças a criptomoeda como um hospital veterinário e escolas públicas.

“Bukele construiu um hospital veterinário para beneficiar a população onde os serviços, qualquer serviço para seu animal de estimação, custa US$ 0,25. Mesmo uma operação custa este valor e isso é acessível a toda a população. Então o lucro que obtivemos com o Bitcoin foi convertido em um benefício para as pessoas. Agora com a reserva que temos em Bitcoin devemos contruír mais 20 escolas. Antes do Bitcoin, para fazer isso tínhamos que aprovar projetos, incluir ele no orçamento geral da nação e usar dinheiro do povo para a construção. Agora, essas obras são feitas graças a todos os lucros obtidos com o bitcoin”, revelou.

Portanto, a estratégia de Bukele vem se provando certeira e o Bitcoin está gerando lucros sociais para o povo.

“Essa é a principal razão pela qual o presidente também compra Bitcoins. Ele faz isso para poder gerar lucros para projetos sociais para o povo… isso não são só palavras, é algo tangível para a população porque eles podem ver parte dos serviços públicos sendo realizados graças aos lucros do Bitcoin”, apontou.

Bitcoin muda a vida das pessoas

Na entrevista concedida ao Cointelegraph, González revelou que a adoção do Bitcoin como moeda de curso legal atraiu investidores e empresas de todo o mundo que buscaram no país um lugar para operar seus negócios, além disso, fortaleceu os comerciantes e comunidades locais que não precisam mais depender totalmente dos bancos.

“Abriu uma oportunidade para os comerciantes autônomos terem um novo portal de pagamento, porque os canais de pagamento poderiam ser em dinheiro ou poderiam ser cartões de crédito ou débito. Mas se você for a um banco e quiser solicitar o POS para aceitar pagamentos a crédito ou débito, você paga uma taxa de adesão, paga uma comissão que pode ser de até 9% para cada compra e com Bitcoin é financiamento totalmente descentralizado, não há comissão se você usar a carteira nacional”, destacou.

Outro benefício direto citado pela deputada está relacionado às remessas financeiras feitas por salvadorenhos que vivem em outro países como os EUA. De acordo com a deputado existem 7 milhões de salvadorenhos vivendo dentro de El Salvador e aproximadamente 3 milhões fora das fronteiras, principalmente nos Estados Unidos.

“A questão das remessas, o envio de dinheiro dos Estados Unidos para a família salvadorenha, é muito importante. Assim, graças ao Bitcoin estas remessas podem ser feitas sem taxas. A Western Union perdeu US$ 400 milhões no último ano somente em remessas que deixaram de fazer em El Salvador devido a adoção do Bitcoin e agora o dinheiro que antes era usado para pagar taxas, pode ser economizado pela família”, apontou.

Bitcoin Beach e Surf City

González contou detalhes sobre os projetos da Bitcoin Beach e Surf City, ambos realizados na região de El Zonte. Neles o Bitcoin é usado como forma de transformação social a partir da educação da comunidade sobre como promover pagamentos com criptomoedas e gerar uma economia local por meio do criptoativo.

“Temos um projeto na praia de El Zonte que existia antes da lei ser aprovada e é a Bitcoin Beach e essa comunidade é extremamente capacitada porque eles têm a educação financeira correspondente e graças a isso podem fazer transações, atender a turistas estrangeiros e ser pagos em Bitcoin pelo telefone. Você pode comprar um refrigerante ou uma “Pupusa” uma comida típica de El Salvador na rua ou ir a um restaurante de prestígio e pode pagar com bitcoins”

A deputada também revelou que está em andamento, em El Zonte, um projeto chamado Surf City, que busca capacitar a comunidade local para aproveitar o turismo lugado ao surf já que a praia possui algumas das melhores ondas para a prática do esporte.

“Essas comunidades agora se beneficiaram de oportunidades de emprego em negócios ou trabalho em hotéis e restaurantes que agora têm mais potencial do que antes, agora mais turistas vêm a El Salvador porque obviamente vêm com qualquer carteira digital com bitcoins e podem pagar por tudo o que quiserem com bitcoins. Conheço empresas que vieram de Cingapura há alguns meses e agora já têm cerca de 50 salvadorenhos trabalhando em suas operações. Isso mostra como o Bitcoin vem mudando a vida das pessoas em El Salvador”, revelou.

Além disso, a deputada destacou como o Bitcoin vem favorecendo os desbancarizados que agora, por meio da criptomoeda, podem acessar serviços financeiros sem a necessidade da burocracia do sistema tradicional e, com isso, gerir seu próprio patrimônio.

“Os bancos tradicionais excluíram 70% da população do país de seus serviços por diferentes motivos. Além disso, dos 30% da população que tem acesso aos serviços financeiros, apenas 23% estavam nos bancos, enquanto 7% faziam isso por meio de cooperativas com taxas altíssimas. Agora o Bitcoin e as criptomoedas estão favorecendo esta população excluída e que agora tem poder e oportunidade”, disse.

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