Queda de 43% do WAVES serve de alerta sobre futuro do LUNA, diz analista
Diretor de research da Mercurius Crypto, Orlando Telles apontou semelhanças entre o tokenomics do WAVES e do LUNA que podem colocar em risco o desempenho do token nativo do Terra no médio e longo prazos.
Em um lance cheio de intrigas e acusações de manipulação do mercado, o Neutrino Dollar (USDN), uma stablecoin cuja emissão se baseia na queima do token Waves (WAVES), perdeu sua paridade com o dólar em 4 de abril, quando chegou a cair para US$ 0,82.
A queda do USDN ocorreu apesar das alegações do fato de que a stablecoin garante a paridade com o dólar por meio do que é chamado de “sobre colateral”. Ou seja, o valor total dos tokens Waves bloqueados em seu contrato inteligente é maior do que o total de USDN emitidos.
Vale notar que o “índice de suporte” do contrato inteligente do Neutrino Dollar chegou a 2,62 em 4 de abril, de acordo com dados oficiais, mostrando que havia fundos suficientes para sustentar a relação de 1:1 do USDN com o dólar, apesar da queda de 43% do WAVES nos últimos sete dias.
Desempenho semanal do Waves. Fonte: CoinGecko
A queda do WAVES teve início a partir da denúncia de um analista pseudônimo que acusou o protocolo de inflar artificialmente o preço do token nos últimos dois meses, período em que ele chegou a atingir uma valorização de 750%. Em seguida, o acusador afirmou ainda que uma queda ainda mais drástica do WAVES provocaria a insolvência do USDN.
O analista de research da Mercurius Crypto, Orlando Telles, fez uma análise do caso no boletim diário Minuto Cripto distribuído nesta quarta-feira, 6, para apontar as semelhanças da relação entre a correlação entre o USDN e o WAVES e o UST, stablecoin algorítmica do Terra, e o LUNA, token nativo do protocolo.
Segundo Telles, o aumento recente na demanda pelo USDN foi motivada por conta das altas taxas de rendimento oferecidas pelo protocolo gerando paralelamente um aumento no preço do WAVES. “Afinal, sempre que mais USDN é gerado a quantidade de Waves diminui”, escreveu o analista.
Telles continua afirmando que a perda da correlação com o dólar foi motivada pelo saque do USDN de aplicações DeFi de alto rendimento depois que surgiram as primeiras dúvidas acerca da sustentabilidade dos juros pagos sobre a stablecoin.
Houve o que é conhecido no mercado tradicional como uma “corrida aos bancos”. Basicamente, trata-se de um evento em que os investidores em massa retiram fundos de uma determinada instituição – ou protocolo, no caso – provocando a sua insolvência.
A depreciação do Waves após a perda da paridade do USDN com o dólar ocorreu porque grandes quantidades da stablecoin tiveram que ser convertidas em WAVES, criando uma oferta excessiva no mercado que teve impacto direto e imediato sobre o preço do ativo.
Semelhanças com a relação UST-LUNA
De acordo com o analista, a semelhança dos modelos econômicos do USDN-WAVES e do UST-LUNA – respectivamente a stablecoin algorítmica e token nativo do Terra – servem de alerta sobre a eficiência do mecanismo:
“A Terra (LUNA) utiliza um sistema idêntico ao sistema da Waves, em que o UST é criado por meio da queima de LUNA. Na Terra (LUNA), os usuários estão queimando suas LUNAS para criarem UST, depositá-lo (no Anchor Protocol) e conseguirem rentabilidades insustentáveis no longo prazo.
O Anchor Protocol (ANC) é um protocolo de poupança e empréstimos que oferece rendimentos de aproximadamente 20% sobre USTs depositados em staking em sua plataforma. Com essa política agressiva, tornou-se o protocolo mais popular do ecossistema Terra. Depois que o Anchor foi lançado em março de 2021, o TVL do Terra cresceu de US$ 540 milhões até chegar aos US$ mais de 33 bilhões que possui hoje. Somente o Anchor é responsável por mais de 56% desse montante.
Tanto a estabilidade do UST quanto a sustentação do preço do LUNA estariam em risco caso o Anchor se visse obrigado a reduzir a taxa de juros sobre os UST mantidos em staking, provocando uma onda de saques por parte de investidores insatisfeitos com a redução da taxa de rendimento anual (APY), diz Telles.
A questão fundamental é o que eles farão uma vez que os USTs tiverem sido resgatados. Se eles forem queimados e convertidos em LUNA, o preço do ativo corre risco de sofrer uma séria depreciação, afirma Telles. Neste hipotético cenário futuro, no entanto, o analista não considera o papel que as reservas em Bitcoin (BTC) que a Luna Foundation Guard (LFG) vem acumulando com vistas a criação de um fundo garantidor para o ecossistema Terra.
Sem analisar essa variável da equação, Telles conclui:
“A esperança do LUNA é que o UST se espalhe pelo ecossistema da Cosmos quando os rendimentos acabarem, ao invés de ser todo transformado em tokens LUNA, mas, de fato, o risco de presenciarmos um fenômeno de crescimento da incerteza e queda no token é muito considerável.”
Apesar dos questionamentos à sustentabilidade do ecossistema do Terra, e mais especificamente dos rendimentos oferecidos pelo Anchor Protocol, a Binance anunciou nesta quarta-feira que seus clientes poderão usar a plataforma de staking da exchange para acessar o Anchor Protocol, beneficiando-se dos rendimentos anuais de aproximadamente 20% sobre o UST, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.
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