‘Bitcoins de Papel’: Revista Veja apostou no fracasso do BTC e errou muito feio

Em dezembro de 2017, Veja brincou sobre fracasso da maior criptomoeda, preparava o caminho de seu maior rali.

A Revista Veja, que já foi uma das mais importantes do Brasil e é bastante famosa por suas polêmicas, fez uma brincadeira com seus leitores sobre o Bitcoin em dezembro de 2017 e errou feio.

Em um tweet que recuperou a edição da Veja de dezembro de 2017, a revista “oferecia” um Bitcoin de papel a seus leitores e sentenciava:

“Em um ano, ele valerá mais do que um Bitcoin de verdade”

A “piada” da revista um ano depois poderia até ter alguma graça: de dezembro de 2017, quando o Bitcoin chegou à máxima histórica de US$ 20.000, até dezembro de 2018, a maior criptomoeda caiu mais de 80%, chegando a apenas US$ 3.742.

Porém, quase três anos depois, a brincadeira parece ter envelhecido muito mal: o Bitcoin nunca valeu tanto em real quanto hoje, chegando a R$ 73.000, além de ter vivido nesta semana seu maior preço em mais de um ano, chegando a US$ 13.500, em plena crise econômica global – um dos melhores desempenhos de todos os mercados no ano.

Não é a primeira vez que as matérias da Veja são motivos de piada ou de polêmica. Nos anos 1980, a revista publicou uma das maiores “barrigas” (termo usado para erros crassos de apuração no jornalismo), em uma matéria que tratava da revolução do “Boimate”: um suposto híbrido do boi com o tomate “criado” por cientistas alemães. A notícia falsa publicada virou símbolo do mau jornalismo.

Em 1989, a Veja causou revolta quando publicou uma capa com uma foto do cantor Cazuza, com o título: “Cazuza – uma vítima da Aids agoniza em praça pública”. O cantor e poeta, um dos mais prestigiados da música brasileira em todos os tempos, travava suas últimas batalhas contra a terrível doença e fazia tratamento nos Estados Unidos. Depois da publicação infeliz, o cantor foi hospitalizado com ataque cardiorrespiratório – e a jornalista responsável pela matéria pediu demissão.

Na política brasileira, a Veja é conhecida por tentar interferir em eleições e no jogo político nacional, sem respeitar propriamente o rigor jornalístico.

Nos anos 1990, a revista foi decisiva para as acusações contra o então presidente Fernando Collor, que renunciou em 1992.

Durante a década seguinte, em guinada mais conservadora, a revista foi uma das maiores opositoras da mídia brasileira contra os governos petistas, muitas vezes promovendo seus políticos de oposição preferidos – casos de José Serra, Aécio Neves e Geraldo Alckmin, todos membros do PSDB – sem qualquer pudor ou rigor pelos fatos.

A revista ainda atuou para inflamar protestos e estimular a derrubada da presidente Dilma Houssef, que sofreu impeachment em 2016. Em todos os casos, quem saiu perdendo mais, além de seus candidatos preferidos – todos derrotados – foi a própria revista, que a cada ano perdeu leitores e credibilidade.

A revista é um dos principais veículos de mídia da Editora Abril, que possui uma dívida bilionária e foi vendida – à beira da falência – em 2018. Em 2019, a empresa entrou em processo de Recuperação Judicial e somente neste ano calcula perdas de mais R$ 100 milhões.

Talvez se tivessem investido em Bitcoins de verdade – e não de papel – a história a ser contada hoje poderia ser outra.

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