Validade, risco de bolha e a questão ambiental dos NFTs

Casos de uso, questões energéticas e a potência dos NFTs. Qual a validade da tecnologia?

 

Sempre que aparece ao grande público novas possibilidades de se ganhar capital, crescem os interesses em fazer parte do jogo. Com os NFTs não é diferente.

Por mais que seu surgimento tenha se dado em 2014, com “quantum” de Anil Dash e Kevin McCoy, a popularização deu principalmente pela venda da arte digital do americano Beeple, que vendeu seu Everydays: The First 5.000 day, na casa de leilões Christies por US$ 69,3 milhões de dólares.

E nisso, a atenção que era segmentada às discussões cripto e tecnológicas,  tornaram-se comuns. Principais jornais brasileiros, como a Folha, o Estadão  passaram quase que diariamente a trazer notícias relacionadas a NFTs, existiram aumentos significativos de buscas de “como comprar nft” e milhares de discussões ocorrem no clubhouse sobre o tema, além de vídeos inesgotáveis no youtube explicando como fazer – e ganhar capital – com o seu “próprio NFT”.

O público da cointelegraph sabe, mas, para aqueles que caíram de parequedas neste texto e querem entender um pouco mais sobre, NFTs é a sigla de Non Fungible Token, ou seja, um certificador de ativos digitais não intercambiáveis registrados na blockchain. Em termos leigos, é como se existisse um selo, um carimbo para o imaterial registrado em um “cartório virtual”.

Para criar este “selo” é necessário listá-lo em uma plataforma blockchain. Em um custo de investimento inicial mínimo, de em média, para valor convertido  0,029 ETH, ou 100 a 120 dólares (em 15/05/21). 

As principais plataformas e marketplaces existentes são, atualmente, a opensea.io, a rarible.com, o  niftygateway.com, a nbatopshot.com (lances de jogos de nba), e a sorare.com No Brasil começam a surgir marketplaces como a tropix.io e a allbetuned.

Os três desafios do NFT

Existem inúmeras questões que precisam ser apontadas sobre análises das NFTs. Aqui listarei 3. A validade das NFTs, o risco de bolha, e a questão ambiental (que de toda sorte dialoga com tudo relacionado à blockchain e às criptomoedas). A quarta, relacionada às leis vigentes no Brasil, como a lei de direito autoral e de direito patrimonial, deixarei para um próximo texto. De toda sorte indico para maior compreensão o excelente debate promovido pelo ITS (instituto de tecnologia e Sociedade), 

No campo de vista da validade, tem de ver se o NFT está sendo implementado inteiramente dentro de um bloco. Ou seja, em uma divisão insubstituível, única e indivisível.  Caso, obviamente, o que busca é a imutabilidade e incorruptutibilidade. Ao contrário, como bem apontou Christian Aranha na coluna um nft para chamar de seu o indivíduo poderá comprar um NFT em um serviço de hospedagem, que poderá sair do ar daqui um período.

Saber o local de armazenamento do NFT é essencial

NFT é ou não bolha?

Enquanto o fato do mercado de NFTs ser uma bolha, há em mim uma certeza, de que é e que não é. Explico. Há sim um hype pelo tema, que faz crescer interesses especulativos, principalmente após o ____________ (completa da forma que quiser) Elon Musk ter “entrado no mercado”. E nesse sentido, enquanto potencialidade de acrescímo de capital, os NFTs são especulação, e não podem ser vistos como investimentos. Pois qualquer investimento, pelo menos na visão econômica “mais tradicional”, tem que ter atrelado chances efetivas de retorno. E nisso, entendo o que Warren Bufftet diz ao comentar que nunca irá apostar em NFTs pois faltam fluxos de caixa, proventos e são demandas artificiais, já que são produtos não escassos.

Nessa linha, a especulação pode ter características também artificiais, e muitos tendem a “quebrar ao entrar no jogo”, sem devidos conhecimentos, principalmente da relação de validade, apontada como a primeira e essencial questão. Pois né, especular é sempre, sempre, sempre… Arriscado.

Contudo existem duas características para não classificar o mercado como uma bolha. A primeira é que o ser humano ama colecionar. O que for. De algum modo os NFTs trazem certo retorno das figurinhas colecionáveis à realidade atual. Em que podemos expor aos interessados  portfólios de NFTs,  os utilizando  como uma relação de culto.

 Em segundo ponto, os NFTs podem ser excelentes formas de se apoiar artistas, jornalistas e quaisquer que trabalhem em produção cultural. Em uma troca justa, na qual a pessoa que pagou algo, passa a ser “detentora” das características imateriais. Até me impressiono que plataformas de crowndfunding consolidadas no mercado brasileiro não tenham se atentado ao tema. Se estivesse ainda diretamente nesse mercado, com certeza seria um dos focos que buscaria para a empresa.

A terceira análise, que de toda sorte relaciona-se a tudo que envolve blockchain, criptomoedas e criptoativos, é referente à questão ambiental.

A questão ambiental dos NFTs

Ambientalmente é interessante gastarmos energia para criarmos estes carimbos no imaterial? Enquanto parte da humanidade que atenta-se cada vez mais às questões climáticas e compreende as limitações de recursos?

Este é um ponto extremamente relevante, e que aos poucos aparece também a temas relacionados as NFTs, como no caso do artista Chris Precht, que desistiu de fazer trabalhos em NFTs ao “descobrir os impactos ambientais” ou, tratando-se de bitcoin, do ____________ Elon Musk quando resolveu “não apoiar” mais a criptomoeda por questões ambientais.

Boa parte dos certificados de NFT são realizados pela rede Ethereum que se comprometeu, – e tem na sua projeção de futuro – transformar-se em uma rede mais limpa. Há também a possibilidade de operar em Tezos, protocolo desenvolvido pela Nomadic Labs e Cryptium labs, que coloca-se como a forma mais limpa ambientalmente de utilizar a blockchain.

Este tema (a questão ambiental da blockchain, na sua generalidade) será um dos objetos de discussão da aula aberta que ministarei no Mestrado Profissional em Direito dos Negócios da Unisinos, com participação da Editora-Chefe da Cointelegraph, Rafaela Romano, que até onde sei é a primeira pessoa brasileira a escrever um artigo em NFT

O encontro ocorrerá nas próximas semanas, e será divulgado nas redes da Unisinos e do Cointelegraph. Estão todos convidados, para nos ajudar a dialogar sobre a questão, já que não existem respostas quanto a este intrigado e, muitas vezes  desprezado, tema.

Enfim, o mercado de NFT “chegou para ficar” e seus usos serão expandidos, alterados ou modificados ao longo do tempo, em que saberemos o que  será bolha ou não.

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