Universal ‘caça’ investidores de Bitcoin e mais de 400 pastores deixam a igreja

Ex-pastores denunciam igreja por quebra de sigilo bancário em busca de informações sobre investimentos em criptomoedas.

Depois que a igreja Universal iniciou uma investigação financeira interna, mais de 400 pastores deixaram a instituição religiosa simplesmente por investirem em Bitcoin (BTC).

De acordo com o The Intercept, os pastores tiveram a quebra de sigilo bancário imposta pela igreja Universal, que investigou transferências bancárias de dinheiro e supostos investimentos em criptomoedas.

No total, pelo menos 400 pastores deixaram a igreja Universal somente em 2021, aponta no Youtube o ex-pastor da instituição, Marcelo Roque. Ele explica que a maioria deles foi desligada da igreja logo após investirem em Bitcoin.

Pastores que investem em Bitcoin

Pouco antes da investigação financeira da Universal, pastores que faziam parte da igreja contam que tiveram uma redução significativa no salário nos últimos dois anos. Dessa forma, eles encontraram nas criptomoedas uma forma de obter uma renda extra.

Pelo menos essa é a explicação do ex-pastor da Universal, Luciano de Oliveira Alves. Ele diz que decidiu investir em Bitcoin por “necessidade”. Além dele, outros pastores investiram em Bitcoin.

Ou seja, depois que o salário foi reduzido de R$ 15 mil para R$ 8 mil, o ex-pastor da Universal afirma que investiu em criptomoedas. Membro da igreja há 30 anos, Luciano anunciou que teve a quebra do sigilo bancário imposta de forma arbitrária pela Universal.

Empresa suspeita

É provável que o ex-pastor Luciano Alves tenha investido em criptomoedas através de uma empresa com atividades suspeitas. De acordo com o The Intercept, ele e outros pastores da Universal investiram em Bitcoin através da Gas Consultoria Bitcoin.

No entanto, essa empresa está sendo acompanhada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pode ser autuada por ilicitudes como crimes contra a economia popular, por exemplo.

Portanto, os pastores da Universal podem ter investido em um esquema típico de pirâmide financeira. Após a notificação da CVM, um pedido de investigação foi encaminhado ao Ministério Público.
Quebra de sigilo bancário

Segundo os três pastores que denunciaram o caso, a igreja Universal quebrou o sigilo bancário de colaboradores que faziam parte da instituição. O ex-pastor Luciano conta que teve uma reunião com a cúpula onde foram apresentadas movimentações financeiras dele e da esposa.

De acordo com a entrevista, Luciano afirma que na reunião, com a presença do bispo Renato Cardoso, ele foi indagado sobre depósitos que teria feito em nome da empresa Gas Consultoria Bitcoin.

“Eu recebi um e-mail do Renato pedindo que eu fizesse algumas perguntas. Ele mencionou quatro depósitos que eu fiz. Um foi para a minha cunhada, outro na minha conta, outro na da minha esposa.”

Por fim, Luciano contou que nem todos os 400 pastores abandonaram efetivamente a instituição religiosa. Ele menciona o caso de dois pastores que conseguiram voltar depois que a Universal começou a investigá-los. Em um dos casos, o pastor que voltou aceitou entregar R$1 milhão para a igreja.

Enquanto isso, outro pastor, dentre os 400 profissionais que abandonaram a instituição, voltou para a igreja Universal porque conseguiu provar que contraiu um empréstimo de R$ 48 mil para comprar Bitcoin.

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